segunda-feira, 26 de abril de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 23

O Vale dos Cyclopes


O dinheiro do aluguel começou a ficar escasso. E recebemos a visita de Zago Verandus. Ele, ciente de nosso problema, propôs que conhecêssemos o Vale dos Cyclopes.
- Finalmente vamos conhecê-los, Bierum! - Exclamou Andrezinho.
- Certo, Andrezinho. Mas parece perigoso. Zago, você já anda sozinho por lá?
- Sim, Bierum. Com minhas magias de cura, não é difícil. Mas se formos nós três, Andrezinho segurará os punhos dos Cyclopes com seu escudo enquanto eu e você preparamos os feitiços mais fortes.

- E quanto a mim? - Quis saber Malu.
- Meninas brincam de boneca! - Respondeu Zago.
- Então não estamso interessados. - Devolvi mostrando irritação.
- Hehehe... calma, Bierum, estou apenas brincando! Mas quer mesmo que a sua flor corra riscos?
- Você mesmo disse que não haveria perigo se fôssemos nós três, porque não quatro? - desafiava Andrezinho, mantendo um tom de lógica impecável.
- É... então... está bem. Vamos os quatro. Mas espadas não são boas contra Cyclopes.

- Você não conhece a espada de Andrezinho. - Respondi. - Ele a ganhou de um admirador que conseguiu uma bênção nela e depois repassou, como que por um chamado divino a Andrezinho.
- Logo no que é descrente? - Ironizou Zago.
- E eu não acredito nem em destino. - Andrezinho disse e ergueu a espada - Mas acho que esta espada está nas mãos em que deveriam estar...
- E eu concordo. - Encerrei.

Partimos então os quatro para as Planícies do Sofrimento. A caminhada não demorou nem ao menos uma hora tibiana. No caminho, Zago nos advertia:
- Não partam ao sul. Existem criaturas ainda mais fortes que os Cyclopes, as quais ainda não me atrevo a lutar.
- Não se preocupe. Não iremos. - Tranquilizei-o.

No vale, Andrezinho foi na frente, conforme o combinado. Sentimos o chão tremer com uma rápida aproximação do primeiro Cyclope. Um gigante careca, barrigudo e com apenas um olho em sua face, era essa figura que tínhamos como adversário. Ele parou diante de Andrezinho e olhou para baixo. Começou a rir.
- Hahahaha... eu esmaga! Esmaga num pé! Humano.
Seu riso cessou quando a espada de Andrezinho perfurou sua perna de um lado a outro. Seu punho cerrou e desceu rapidamente, porém bateu no chão com muita dor: Andrezinho esquivara, e sua mão congelava com o ataque de Zago.
- Ajude-o, Bierum. Ele precisa de calor humano! Hahaha!

Desferi uma onda de fogo que o queimou nos quatro membros. O Cyclope começou a berrar de dor, deitou-se no chão e, então, Malu deu-lhe o golpe final. Sangue jorrou pelo gramado das planícies.
- Preocupa-me agora - eu disse - o que teria ele berrado e porque teria berrado...
- Isso é fácil! Ele...
Um estrondo interrompeu Zago. Andrezinho, diante da barbaridade que se aproximava, gritou:
- ...buscou ajudaaa!!!
E cinco cyclopes marchavam aceleradamente em nossa direção.
- Andrezinho irá se chamar "Picadinho" se não ajudarmos. Os cyclopes nos matarão um a um.
- Bierum,... - chamou Malu - ...use aquela magia que você me contou que usou no Acampamento das Amazonas.
- Preciso de concentração...
- Repita as minhas palavras, Bierum. - pediu Zago - "Eu invoco a mortal Tarântula!"
- Eu invoco a mortal Tarântula!"

E quando dissemos isso, duas Tarântulas apareceram. E ficaram estáticas diante de nós. Andrezinho aparava socos dos Cyclopes, e corria em volta deles evitando ser cercado.
- Tarântula, o Cyclopes são o inimigo! Morte! Veneno! Vitória!
Eu fiquei abismado com as ordens de Zago. Mas as repeti para a tarântula que me correspondia.

Ferozmente as Tarântulas se aproximaram dos Cyclopes que estavam quase cercando Andrezinho.
- Ela atacará aquela que você atacar! - Ensinou Zago.
Malu pulou e acertou as costas de um dos gigantes. Este se virou a ela e resmungou:
- Mato aranha, mato fêmea, mato humano!
Meu cajado refletiu a dourada luz do Sol tibiano e desparou um raio de energia cósmica que encobriu o braço que acertaria Malu. Ela, voltou seus olhos ao adversário, que foi paralizado por uma picada de Tarântula, tal como Zago me disse que seria. Outros dois dos brutos gigantes da planície já haviam deitado mortos, restavam dois... mais um caía, perante os ataques de Andrezinho.

O último morreu dolorozamente: meu cajado o chocara, o bastão de Zago o congelou, as aranhas o picaram e as espadas de Andrezinho e Malu encerraram sua vida.
- Então foi esse o golpe, meu querido Bierum!? - desenganou-se Malu. - Foi assim que você conseguiu dominar o raio? Com um cajado?
- Sim! - Respondi! - Foi um desses que comprei para Grazi no seu casamento. Mas o vendedor me fez uma oferta pelo segundo... e aqui estamos.

O chão começou a tremer novamente.
- Esta marcha... são mais deles! - Avisou Zago.
- Mas conseguiremos com mais deles? - perguntei.
- Não dessa forma! Adentremos aquela casa de Cyclope! - Disse Zago.

O Sol da tarde estava apenas começando a esquentar. O tremor nos avisava do que estava por vir. Mas isso, meu amigo, contarei-lhe em nosso próximo encontro. Descansemos.

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