segunda-feira, 27 de maio de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap. 67

Segredos e mistérios

A manhã havia apenas começado, mas chamei Scott e Andrezinho para que conhecessem Bierdus. Scott trouxe frutas, Andrezinho trouxe leite e mostrou orgulhosamente a mochila e um escudo novos. Explicamos então que eu ainda teria mais visitas: meu irmão Bietrus e Bierfur, esse tempo que há tempos eu não via.

- E temos planos de viajar, Bierum. Tu virás conosco. - Acrescentou Bierdus à minha explicação.
- Não estou surpreso que me peça isso. Onde vamos?
- Perdoa-me. Prefiro aguardar a chegada dos outros.

Após isso, Andrezinho e Bierdus começaram a  conversar sobre a vida de Cavaleiro. Deixei em cima de minha cama a mochila aberta e vazia. Sam Scott entrou em meu quarto.
- No que está pensando, mestre?
- Honestamente, não sei o que pensar sobre esse mistério. Porque meus irmãos estão vindo para cá? E pra onde vamos? E porque querem a mim no grupo? E ainda, o que devo levar comigo?
- É, não dá pra responder tudo isso. Quanto tempo o senhor tem?
- Sairemos ainda pela manhã.
- Bem... ponha algumas garrafas de poção mágica na mochila. Nunca são demais. Umas de cura também ajudarão.
- É, você tem razão.
- Por favor, não saia sem falar comigo. Preciso ir até meus aposentos agora.
- Tudo bem. - E Sam partiu misteriosamente.

Voltei à sala, Andrezinho estava de saída.
- Nos encontramos lá, pode deixar. - Dizia ele.
- Do que vocês estão falando? - perguntei.
- Nada importante. - Respondeu mais que prontamente. - Até mais, Bierum!
E então, ficamos novamente sozinhos, Bierdus e eu.
- Terminou seu café?
- Sim. E obrigado pelos bifes. Se me permitires, esperarei deitado pelos outros dois.
- Sem problemas.


Divagar sobre as coisas que desconheço só pioram as coisas. O tempo sempre trará as respostas, não só as que se quer, mas as necessárias. De maneira que, se não é preciso saber de algo, é melhor que não se saiba. Arrumei mantimentos do alojamento, coloquei um pouco de comida na mochila. Passou-se uma hora... duas... e finalmente as batidas ecoaram pelo alojamento. Abri a porta e ali estava: um Druida omisso em uma grande capa marrom. Sua barba era ruiva, lembrava-me muito a terra.

- Você deve ser Bierum, certo? - Falou o homem, enquanto insetos saíam de sua manga. Observei seu rosto, apesar da barba, não me parecia velho.
- E você é Bierfur?
- Isso mesmo, meu irmão. Me abrace. - Observei o homem com certa cautela, pois nunca havia visto um homem tão ligado à natureza...
- Ah, sim... você deve estar hesitante com toda essa... bem... "imagem", não? Os animaizinhos à minha volta não são agressivos, e não estou nem um pouco sujo. O aroma que sente é das flores. A cor de terra é unicamente de minha barba.
- E ele é um homem sensível! - Disse Bierdus, do quarto. - Abrace-o, logo, pois vós não vos encontra há mais de uma década.

Não sei dizer direito o que se passou pela minha cabeça. Mas, Deuses! Era meu irmão, o mais novo deles. Eu o segurei ainda quando era bebezinho. Lembrei-me instantaneamente de ter deixado os três irmãos para trás para caçar com Alys... depois para caçar com Andrezinho ainda em Rookgard. Depois de ter deixado tudo, indo rumo à Ilha do Destino... Então eu o abracei, sem remorso nem hesitação. O manto era firme e, ao mesmo tempo, macio. Parecia que ele havia tomado banho recentemente, "em alguma cachoeira, talvez..." - pensei.

- Entre, meu irmão. Este lugar sempre estará aberto a todos os meus irmãos.
- Obrigado. Já sabe ao que fomos designados?
- Eu te proíbo de que fales sobre isso até a chegada de Biertrus! - Gritou Bierdus.

E a manhã estava cessando. Próximo ao meio-dia, finalmente Biertrus chegou. Ali, já tinha entendido o pacto de não falar muito sobre caçadas em animais mais puros, pois isso ofenderia Bierfur. Já, Biertrus era um caçador nato. Acredito que os dois ficavam muito mais em contato com a natureza do que Bierdus ou eu.
- Vou deixar algumas coisas por aqui. Tudo bem? - Disse Biertrus largando em um canto uma dúzia de lanças que estavam amarradas às costas. - É que, para essa jornada, prefiro levar flechas elementais...
- Deixe-as onde quiser.
- Vamos comer e sair?
- Acho que vamos. Mas antes, preciso que me contem o que faremos.
- Não acredito. Bierdus, venha cá!

Então meus dois irmãos discutiam. Enquanto Bierfur estava com a mochila aberta em cima da mesa. "Pão élfico, tomates, laranjas, bananas, nozes... ah, não poderá faltar uvas e ameixas..." Decidi chamá-lo:
- Bierfur, meu irmão, não quero atrapalhá-lo, mas estou curioso...
- O que foi? - perguntou ele, sem tirar os olhos das coisas que fazia.
- Por que estamos aqui? E para onde vamos?
- Ah, sim... nossos irmãos não lhe contaram ainda... nossa jornada, irmão...
- Sim, sim! Para onde vamos?
- Ainda tem o seu primeiro livro de magia?
- Sim.
- Então pegue-o. Vamos até o Deserto de Venore...
- O que faremos lá?
- Ah, você não sabe o que faremos lá? O Ritual da Vocação.
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