segunda-feira, 25 de abril de 2011

As Crônicas Tibianas - Cap. 53

Nossa viagem começou.

Runa
Quinze dias haviam se passado desde nossa chegada à Darashia. Andrezinho havia, nesse tempo, reorganizado seu arsenal com armaduras mais leves, mas que forneciam proteção. Sua espada era feita com uma lâmina Darashiana muito bonita e afiada. Dessa forma, ele não passaria maus bocados devidos ao calor e à areia. Grazi havia escrito uma carta a Sagal, que não compareceu, mas enviou pedras rúnicas de gelo e de fogo como reforço à magia dela. Criaturas do deserto certamente não têm grande resistência à temperaturas baixas.

Sam Scott se encarregou de preparar suprimentos e socorros para nossa jornada. Alguns alimentos foram feitos por sua mágica, outros comprados no grande mercado público.


A mim, restou comprar equipamento para escaladas, escavações, iluminação, e alguns itens mágicos. O mercado de Darashia tinha quase tudo, mas o preço das poções não favorecia. Eu passava todos os dias no Porto, na esperança de que mais amigos meus viessem ao nosso auxílio. No décimo dia, recebi uma carta de Trin Galord e sua esposa, os dois explicando que estavam indo explorar Yalahar, a nova terra tibiana descoberta, em nome do Rei Tibianus III, e que não descumpririam ordens, mas que passariam por Darashia antes de retornarem a Thais. Confesso que isso me desanimou um tanto: Trin Galord é um mago muito poderoso, não teria grandes dificuldades em atravessar o deserto. Pediu-me, no entanto, para que eu andasse sempre com cuidado.

Nós quatro havíamos treinado muito: escaladas, sobrevivência em deserto, poderes mágicos... e começaríamos faltando apenas 13 dias para o final do ciclo de ressurreição em que Malu estava inerte. Porém, o décimo quinto dia tinha uma boa surpresa. Uma embarcação provinda de Carlin apareceu no porto, e de sua rampa, desceu um simpático casal: Milla e Bryan. Bryan apertou minha mão com muito respeito. Milla me abraçou, escorando a cabeça em meu ombro. Percebia-se que ela estava triste por mim. "Vamos reverter isso, mestre Bierum!" -  ela me disse, entre as lágrimas.

Poção mágica
Conseguimos mais dois quartos para eles no alojamento. Eles deixaram o casamento para mais tarde. Ajudariam-me, antes de tudo. E muito me alegrei com isso. Nos encontramos todos no centro de Darashia, e Milla e Bryan abriram suas mochilas e distribuiram poções de cura e poções mágicas. Seu preço em regiões mais movimentadas não é tão abusivo quanto nas regiões desérticas.

No dia seguinte, escalamos um alto rochedo e explicamos todo o treinamento feito até ali para Milla e Bryan. Deveríamos ter usado nosso tempo para treiná-los mais, mas tempo era um luxo naquela ocasião, um luxo que nós não tínhamos. O que nós tínhamos era apenas mais quinze dias, e o deserto de Darashia é longo, poderíamos nos perder na trilha atrás do Gênio ou coisas ainda piores poderiam vir a acontecer. Por isso, contávamos com os dias restantes. Por resultado, nós os treinamos por mais dois dias, restando-nos apenas mais treze.

No terceiro dia, todos levantaram cedo, inclusive eu. Nos alimentamos bem, juntos em pequenos grupos. Scott e eu, Grazi e Andrezinho, Bryan e Milla. Marcamos o mercado como ponto de encontro antes da jornada. Primeiros a chegar, Sam e eu conversávamos:
- Sente-se nervoso, mestre Bierum?
- Um pouco, meu amigo. Bem sabe que todos nós podemos não voltar do deserto de Darashia...
- Mas voltaremos. E com uma integrante a mais! - ele disse sorrindo.
- Eu assim desejo, meu amigo. - E, ante minha dúvida quanto à esperança, ele se calou.

Bryan e Milla chegara logo após. Nosso silêncio se perpetuou após um "bom dia". Tentei não deixar com que Milla percebesse meu desânimo, mas o silêncio parecia um cúmplice amargurado, que contava-lhe tudo. Mesmo abaixo de meus esforços para não parecer triste, eu parecia.

- Mestre Bierum... - sussurrou Milla.

Depois chegaram Grazi e Andrezinho. Grazi deu-nos algumas Pedras Rúnicas, Andrezinho só tinha algumas poções de cura física, sendo que preferimos não dividi-las. Coloquei minha mochila no centro do grupo, aberta, onde todos poderiam ver minhas pedras rúnicas e minhas poções. Coloquei meu cajado e meu escudo no chão e me abaixei em reverência a eles:
- Eu, Bierum Wizzard, agradeço a presença de todos vocês. - vesti a mochila e, empunhando, então, o cajado e o escudo continuei. - Vocês deixaram seus lares, seus futuros, suas vidas, por este momento. Do fundo do meu coração, eu lhes agradeço. Mas, nada neste mundo servirá de recompensa, tamanha é minha gratidão e tão pouco é o meu poder diante desse ato...
- Já basta, Bierum! - interrompeu Andrezinho - Eu sou o cavaleiro Andrezinho! E eu estou aqui por amizade a você. E esses que aqui estão sentem o mesmo, disso estou certo. - ele dizia isso enquanto sacava sua espada da bainha, abria a mochila e abaixou o escudo.

- Vocês perderam dias demais - Bryan tomou a voz - no treinamento. Não vamos perder mais tempo nesta cidade...
- Nem nesta ilha!  - disse Grazi. - Bierum, nós estamos todos com você e por você.
- Se é importante, mestre... - Sam dizia - ...então iremos juntos!
- E mestre Bierum... nossos corações estão em sincronia, porque você faria o mesmo por cada um de nós!
Permaneci em silêncio. Todos vestiram suas mochilas, armas em punho... coloquei-me a andar para o sul, conforme as pessoas nos revelaram ao longo dos dias em Darashia.

Comida, armas, poções...
Um longo caminho pela frente...
A força do Sol.
E a força da amizade.
Continuamos, os seis...
Muito ainda nos aguardava.

E é hora de descansarmos.

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