sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Como eu conheci o Homem de Ferro

Antes de tudo, gostaria de esclarecer a minha opinião sobre o personagem, não fiz uma pesquisa aprofundada sobre o mesmo, pois como irei dizer, fiz com a inocência de uma criança, mas peço que se você, talvez fã de anos do herói, souber algo a mais e queira acrescentar, fique livre para o mesmo.

O nosso querido Anthony Stark já passou por varias transformações de carisma, de herói mediano, a vilão criador de guerras a querido do mundo...e não foi diferente comigo.
O "Cabeça de Lata" já foi o meu herói predileto...como? Tudo começou na serie animada dos anos 90 do Amigão da vizinhança, na época por algum motivo, eu não lembro  (fiz esse texto com a inocência de uma criança, sem pesquisar muito profundo), mas que ao invés da armadura rubra era o seu amigo Maquina de Combate/Guerra/Batalha/MK II  e eu fiquei encantado com o cara de armadura prateada dando sopapo em todo mundo e com uma mini-gun.

Depois apareceu Stark com aquela armadura colorida e cheia de brilho (não era o Edward do Crepúsculo, eu juro!) eu fiquei boquiaberto e até comprei um boneco da China dele (que veio com um Spider muito musculoso) mas a magia meio que acabou por ae.
Numa tarde qualquer eu vi um desenho que era só dele e pude ver melhor suas habilidades e te digo, cara eu adorei muito! Menos o bigode.
Acho que o que tornou o esse personagem favorito foi jogando o Marvel VS Capcom na casa do meu melhor amigo e nos fliperamas de boteco que tinham em Taquara, eu era péssimo, mas o ultimate do HF em que ele pega o canhão e explode tudo (Proton Canyon), me marcava muito e era o único especial que eu sabia fazer. Também não tenho ideia de só conseguir ele com a armadura negra e vermelha (conhecida como Stealth) e às vezes pegava com armadura prateada, mas acho que era outro personagem.


Tempos depois, ganhei uma revistinha especial do 11 de setembro, minha primeira HQ que foi ladroada por um cara que não posso citar o nome aqui, mas já foi um grande amigo meu (e graças a Deus que não é mais!).

Dae em diante eu comecei a ganhar umas do meu pai, ele comprava na rodoviária de POA, mas num dia ele comprou num sebo e trouxe uma em que a armadura era o Centurião de Ferro e outra que antecedia as historias com problemas alcoólicos do Tony... mas, enfim, o Centurião me marcou muito, pois eu estava entrando no mundo dos heróis das HQs e por milagre eu achei um prateado (horrível) numa lojinha de R$1,99 ou eu achava que era, enfim, a festa estava feita, recriar a historia em quadrinhos com o suposto boneco.

Não ia demorar muito para eu sair da hype das HQS, os jogos de herois precisavam de computadores melhores ou VGs, desenho japonês começou a dominar a TV e eu fui deixando de lado, apenas no máximo era Batman e Homem-Aranha e eu fui esquecendo o personagem... até que eu joguei o Ultimate Spider-man e voltou a mesma Hype que eu havia tido antes. Então resolvi comprar uma revista do Iron Man junto com as minhas do Ultimate Homem-Aranha, que novamente aquele cara roubou (po eu tinha toda a saga do Carnage completa, doeu muito isso, hahaha!) e, por azar a do Homem de Ferro, achei ele muito babaca, fazendo piadinhas meio idiota contra os outros, se achando demais. Mas tudo bem! A armadura dele conseguiu abafar essas partes...
Passou um tempinho e então eu li na internet que ele havia criado uma guerra: a Guerra Civil dos heróis. A maioria culpava ele e... bem, eles tinham razão! Parece que a cagada que eu senti dele, foi em fila sabe... eu comecei a achar o Tony meio chato e do nada o cara dá uma armadura muito boa para o Aranha, mas do mesmo jeito faz umas coisas de vilão e eu fiquei "Pô! Esse cara era Herói e tá estragando mais coisa que o Doutor Destino!" e para mim, isso é um dos piores pecados. Eu tenho certeza de quem salvou Tony Stark não foi o roteirista, mas sim o filme.

Eu não olhei o filme quando lançou, o personagem havia se estragado para mim, as pessoas que eu não gostava e se arriavam por que eu gostava de HQs louvavam o filme e o pior pecado que poderia ser cometido: o jogo dele era muito avançado para rodar na minha maquina e o de PS2 estava dando defeito, que tristeza maior... juntou tudo.

Mas como sou homem e aprendi a perdoar dei uma chance para ver o filme no Telecine, naquelas degustações malvadas que eles dão para gente... e levei um tapa na cara: o filme estava bom!
Tudo tão bem feito, tudo tão bonito, eu fiquei boquiaberto! E eu criei uma hype para o filme 2, afinal o 1 foi bom, talvez o 2 seria o mesmo, errei feio e explico isso em outro post.

Voltando ao mundo de papel, meu tesão retornou pelas armaduras, por causa de uma imagem que de primeira eu não entendi e pensei que o Tony realmente tinha ficado louco, mas eu procurei melhor e descobri o que era e digo que foi uma das coisas mais geniais que a Marvel fez!

Os apresento Norman Osborn, vulgo Duende Verde, vulgo Patriota de ferro:

Foi totalmente a genial a ideia do globin de juntar os dois maiores heróis da terra em um único ser. É uma ironia tão desgraçada que eu rio só de pensar e, alias, ficou muito bem-feita, puxando a brasa para as armaduras do filme, claro que li muito pouco dos vingadores sombrios, mas o Patriota para mim era tão carismático que fiquei até com dó com o fim dele...

Finalizando depois de toda essa lenga-lenga, infelizmente Anthony Stark está mediano para mim, perdeu os holofotes para outros heróis e ele se tornou muito opcional, mesmo que a Marvel me vomite mil coisas sobre ele na minha cabeça, sei diferenciar as coisas dos filmes e das HQ's, Robert é um bom Stark e esse Stark é os dos filmes... o Stark das HQs continua sendo um babaca, mesmo os escritores dando uma pilula de esquecimento para todos e transformando ele em heroizinho, para mim ele ainda está cheio de pecados e tem que levar muita surra para se redimir.

Este texto é de opinião, peço a de vocês leitores, para talvez conseguir fazer eu mudar de ideia. Se leu até aqui, agradeço muito mesmo e peço paciência para este mau escritor...

Deixo a armadura mais legal do momento:

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Pobres crianças

Ai, pobres crianças,
Jazidas no cemitério da fome
Esquecidas por todos
Nem têm nome.

Pobre criança pedindo esmola
No sinal, que desespera,
Carrega consigo uma sacola
Porque sua mãe o espera.

Pobre criança abusada
Sem saúde, sem escola
Pelos adultos negada
Nas calçadas querendo cola.

Pobres crianças as já crescidas
Que não olham nos olhos
Nem choram nas despedidas
Só ligam para seus egos
Nem são mais amigas.

Ai, pobres crianças
Que têm direitos desde a nascença
Que não deveriam se abandonar
Mas que deveriam ter a crença
De que o mundo é um bom lar.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap.71


A coleção literária de Adrenius

O chão da caverna era plano, parecia mesmo que alguém havia cavado aquele lugar todo para que pudesse viver ali. Fixemos a formação de combate montada por Bierdus. As estruturas eram suportadas por talas largas de madeira.

- Parece um trabalho de anos, irmãos. - comentou Bierdus.

- Sim, eu já havia reparado nessa tentativa arquitetônica. Mas não parece finalizado. Por que ele não terminou de construir esse templo? - Questionei.
- Algo deve ter saído muito errado... um templo de adoração a Fafnar... chamaria atenção de que criaturas?

Tão logo Bierdus perguntara isso, as paredes escuras receberam luz em demasia. Os corredores, que primeiramente eram apertados, agora eram largos, mas não havia muito chão a se pisar. Pareciam pontes feitas de terra. Abaixo de nós, magma em movimento.

A base onde pisávamos não me parecia muito firme, mas provavelmente fora impressão minha, pois o magma dava-me vertigens, os outros pareciam seguir em frente e ficando cada vez menores.

Repentinamente, Bierfur veio até mim. Seus lábios se mexiam. A luz parecia mais fraca e as imagens cada vez mais afastadas de mim. Foi quando senti o calor nos ombros e entendia o que estava acontecendo: Demônios do Fogo haviam nos cercado há tempos, mas eu não havia me dado conta! Bierfur havia jogado uma magia sobre mim para diminuir os danos de fogo, era o que ele estava falando enquanto eu não o ouvia. 

Bierdus tentava aparar todos os ataques com seu escudo. Biertrus, sacou de sua mochila uma aljava com flechas congeladas. E de lá começou a dar-lhes uma chuva de flechas geladas, das quais os demônios pareciam reagir com muita dor. Bierfur levantou-se, virou-se para dois deles e desferiu uma onda de gelo. E eu, ainda atordoado, desferi um Chicote de raios, mas na direção não desejada, chegando a acertar o grupo.

Bierdus, jogado ao chão começou a gritar:
- Bierum, não participe desse combate! Pega aqui essa chave! - dizia ele tirando a chave de dentro de um livro - No fim desse corredor tem um quarto. Corra para lá e abra a porta! - Ele segurou mais um raio deferido por um dos demônios. - Depressa!

Corri o máximo que pude ao fim do corredor. Em frente à porta havia mais um Demônio do Fogo. Apontei meu cajado e dei-lhe uma rajada de raio, mas ele não esboçou reação de grande desagrado. Foi então que lembrei das pedras rúnicas que Sam Scott havia me preparado. Tirei duas de minha mochila e as li o mais rápido que pude.

Ah, Sam, como eu lhe agradeço! Um raio maciço de gelo saiu da pedra e acertou dolorosamente o Demônio de Fogo, agora visivelmente abalado. A primeira pedra ainda tinha carga. Joguei mais um raio e meu adversário caiu sem vida a meus pés. Coloquei a chave na porta e a abri. Mas nada de os rapazes chegarem. Resolvi voltar, lembrando que eu tinha pedras rúnicas suficientes para mais combates.

De volta ao corredor, Biertrus mostrava-se um excelente arqueiro. Bierdus matava os poucos que ousavam se aproximar. Bierfur curava os dois e, quando tinha oportunidade, lançava magias de gelo. Era hora de pagar minha dívida com o grupo! Li mais uma das pedras que estavam em minhas mãos e atingi todos os Demônios que eu havia visto.

Os restantes recuaram para suas cavernas. Ficamos todos parados, nos olhando, suados pelo magma somado ao combate.

- Desculpem-me, rapazes! - eu disse.
- Abriste a porta? - perguntou Bierdus.
- Sim, está destrancada.
- Tu deverias ter nos aguardado lá! - Irritou-se meu irmão, quando então Bierfur tomou voz:
- Olha, meu irmão... embora eu saiba que o resultado dessa luta não seria diferente, devemos reconhecer que Bierum nos ajudou e nos poupou tempo. E esses Demônios não demorarão a contra-atacar, portanto, vamos parar de perder tempo?

Chegamos à biblioteca e Bierfur e eu acendemos nossas mãos.
- Estamos procurando pelo quê, mesmo? - Perguntei.
- A coleção de 6 livros de Netlios. Esses livros pertencem ao monge, mas falta-nos algumas respostas. Precisamos achá-los. - Respondeu Bierdus, acendendo uma tocha que trouxera em sua mochila e jogou outra, já incandescente para Bierturs.

Assim, nos separamos ao longo dos corredores. Era uma imensa biblioteca. Felizmente éramos os últimos seres com vida ali. 

- Encontrei algo! - Exclamou Bierfur.
- É a coleção? - perguntou Bierdus.
- Não, é um botão no chão. - Respondeu Bierfur.
- Não o pise! Estou a caminho! - Gritei.

Fui até a primeira luz que achei, era Biertrus.
- Vamos! - disse ele, que também esteve confundido.

Chegamos e começamos a observar um bloco de pedra destacado no chão. Biertrus chegou a deitar a cabeça no hão para ver se descobria algo. Bierdus então chegou.
- Quem pisará nele?
- Eu faço! - me voluntariei. E assim que pisei, nem ao menos um som foi ouvido.
- Chame-nos quando avistar algo com o nome de Netlios! - disse Bierdus a Bierfur. E fui atrás dele.

Assim que passamos à próxima pilastra da biblioteca, chamei Bierdus.
- Já chega, meu irmão!
- O que foi?
- Chamo sua atenção para o esforço desse grupo! Estão todos fazendo o que podem, mas temos um integrante mandão, que nunca parece de bom humor e e]tem desmoralizado o restante de nós!
- Como ousas...
- Como ousa você!? - eu o interrompi - Onde está a honra e a humildade de um cavaleiro! Eu já briguei com Biertrus uma vez, porque esse insinuou que sua vida era fácil. Esta era a oportunidade perfeita para provar que ele estava errado, mas parece que ele não estava. Pois o que vejo é você andando de um lado ao outro sem a menor paciência com os demais. Achei que éramos um grupo unido!

Bierdus não disse uma palavra, mas assim que passei à próxima prateleira, retirei um livro e pude vê-lo cabisbaixo.

- Achei! - Exclamou Biertrus.
- São os livros? - Gritou Biertrus.
- Sim! Os volumes I, II, III e V.

Corremos até lá.
- Excelente, Biertrus! - Disse Bierdus. - veja que os lugares desses dois livros que faltam estão marcados. Encaixaremos os livros assim que respondermos às perguntas que Adrenius deixou em seu livro: Quem eram os cinco aventureiros de Netlios; Quais suas idades; Como encerraram suas aventuras; E por quanto tempo se aventuraram.

Não sei dizer quanto tempo se passou, mas queimamos mais tochas, acendemos mais mãos e fizemos duas refeições estudando a coleção de Netlios. Estávamos prontos para a volta. Colocamos os livros no ponto em que eles estavam demarcados. Foi então que ouvimos um som suspeito, partia do ponto onde estava o botão encontrado por Bierfur antes. Nos dirigimos para lá para saber o que ocorrera...

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Episódio anterior aqui.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Lá vem história...

1996 marcava época para mim...

O evento marcante da era televisiva do Brasil foi o lançamento das Chiquititas, que eu, por óbvias questões sociais fazia o possível para não assistir.


E olha que amigos meus chegaram a me incentivar. Eu não vou revelar nomes, não. Podem ficar tranquilos. O meu amigo T., que está em Porto Alegre, muito bem casado, com uma filha e com sua sexualidade muito bem resolvida, por exemplo... queria que eu visse para que a gente avaliasse as garotinhas. Aí o programa até ficou interessante.

Depois o meu amigo E., que me fez assistir a um documentário de 1h30 sobre a novela... no fim das contas foi divertido.

O caso é que eu evitava, porque seria um alvoroço enorme na minha cidade tão pequena. Embora eu estivesse seguro de mim, já tive muitos apelidos e sofri de bulling antes mesmo de ele ter nome. Então, não dei chance para o azar, sem Chiquititas, nem nos meus maiores segredos.

Até que, miseravelmente para mim, a Editora Abril (acho) lançou a Revista das Chiquititas. Mas que diabos isso teria a ver comigo? Bom...

O fato é que a minha tia (que também não vou identificar) comprava para a minha prima (filha dela, lógico!) a maldita revista. Isso na banca que ficava em frente à farmácia em que um amigo meu trabalhava. E a tia em questão tava devendo uma grana na farmácia, então ela teve uma ideia brilhante: pedir para o sobrinho aqui ir até a banca, pois eu estaria acima de qualquer suspeita.

Piorando um pouco a situação, a locadora de videogames que tinha na cidade ficava ao lado da banca, o que significava que grande parte dos garotos da cidade já estava lá.

Agora vamos fazer uma rápida pausa:
Caras, eu tava ferrado! Ferrado, ferrado, ferrado! Fazer esse favorzinho para minha tia implicaria em anos de fama (injusta, diga-se). Eu ia ficar famoso da noite para o dia como "O guri que assiste Chiquititas", pra coisas bem piores, pois eu já tinha os apelidinhos ridículos, então o pesadelo se intensificaria!

Terminando a pausa, quando minha tia fez o pedido que me renderia um status único na cidade, eu estava de pijamas. Sim, era um sábado. Já que eu estava na fila do corredor da morte, resolvi enrolar o máximo possível, para aproveitar os últimos suspiros da minha (já quase morta) vida social: demorei o quanto pude para me vestir... escovei os dentes 3 vezes, calcei os tênis demoradamente, experimentei umas 3 combinações de roupas... até que minha tia, como o carcereiro, me empurra para o corredor, dá uma batidinha na porta do meu quarto e me pergunta: "Maninhooô, tu não vai?" (sim, a tia me chamava de Maninho).

Aí eu já havia me despedido de tudo mesmo. "Tô no inferno, vou dar um abraço no Capeta!"

Aceitando minha sina, sentei, pela última vez, menos infeliz no sofá para amarrar uma quarta vez os sapatos. Foi quando entrou minha outra prima, a Cacau, pela porta da sala.

Por Deus! Eu estava a salvo. Olhando para minha vida social eu não que eu tinha muuuito a perder, mas era bem melhor que ela me quebrasse esse galho do que eu me condenasse a mais um motivo para rirem de mim até o ano de 2020.

Contei toda essa história (tirando a parte em que eu enrolei) para minha prima e expliquei a ela que seria no mínimo embaraçante realizar a tarefa que minha titia pediu inocentemente.

- Sem problema. - ela me disse - Só vou esperar a Kátia chegar e a gente vai lá e compra ela pra ti.
- Pra mim, não, peloamordeDeus! Pra ela! Pra tia!

Não demorou muito e a Kátia, amiga da Cacau, chegou. Cacau contou esse drama para a Kátia e exclamou "Coitado!".

Cacau fez a compra e entregou a revista para a minha tia, sem drama. Depois que tudo correu bem, eu perguntei pra ela se não foi embaraçoso.

- No início foi... - disse a Cacau - ...mas quando o carinha da banca me olhou, eu disse "Não é mole agradar essa minha prima."

Obrigado, Cacau. Sempre fiquei te devendo essa!


Obs.: Se fosse hoje, essa história seria muito diferente...

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Talvez vc queira ler outras historias:

As ideia do Marat (Ó as Ideia!)


domingo, 15 de setembro de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap.70

Uma conversa com o monge

- Eu irei na frente, com meu escudo. Bierfur e Bierum atrás de mim, quero luz e magias preparadas para o que vier. Biertrus, mão no arco e outra na aljava.

Descemos as escadas de pedra, rumo à escuridão. O corredor não era muito largo, levou-nos logo a uma porta de madeira bastante maciça.

- Anda logo, Bierdus! Atravessa essa porta com sua espada. O fio deve servir... - Sugeriu Biertrus.
- O quê? Ficaste maluco? Um cavaleiro não saca a espada sem ter um motivo digno de tal ato. - Respondeu Bierdus.
- Acalmem-se. Ao invés de reclamarmos, porque não experimentamos pressionar a maçaneta para baixo e empurrar a porta? - Sugeri.

Irritado, Bierdus empurrou a porta. estávamos dentro de uma sala com uma enorme mesa e várias pilastras e tochas nas paredes. Lá estava um monge em vestes negras. Ele aparentava muita calma e não nos disse uma só palavra.

Biertrus e Bierdus se aproximaram, deixando-nos para trás.
- Você é Adrenius, devoto de Fafnar? - Perguntou Biertrus.
Ele nada disse.
- Creio que estás sendo rude com ele. Deixe-o comigo. - O monge se afastava, enquanto Bierdus se preparava. - Olá, monge. Eu o saúdo.
- E Fafnar nos zela. O que querem aqui?
- Somos viajantes. Viemos descobrir o segredo da velha Biblioteca de Jakundaf.
- De que adianta? Muitos já tentaram, mas não voltam vivos... ou, por acaso, vieram testar suas vocações naquele que antes era meu templo?
- Na verdade, é justamente isso... - eu dizia, mas fui interrompido.
- Testar vocações? Não, não... Vês aqueles dois que se vestem como magos? - Disse Bierdus apontando para Bierfur e eu. - Serão vassalos de Fafnar!

Nessa hora comecei a pensar angustiadamente em  todos os livros que eu lera até ali acerca dos deuses... lembrei-me de Estrella, na Ilha do Destino ensinando-me sobre as Divindades que construíram nosso mundo. Lembrei-me claramente da deusa Fafnar, enciumada pela beleza de Bastesh, arranhou-lhe o rosto e pôs-se a fugir de Suon, que a perseguia após esse ato. Bastesh tornou-se o Oceano Tibiano. Suon, a noite. E Fafnar tornou-se o Sol Tibiano.

Eu poderia estar em maus lençóis, mas temos de ser firmes nessas horas. Provações... quem não as teve? Anos vivendo no Continente e já era hora de mostrar porque os magos têm fama de sábios...

- Ah! Devotos de Fafnar? Vejamos... Quem é Fardos? Me diga você, que veste a toga preta. - Disse o sacerdote apontando para mim.
- Fardos é um dos Bons Criadores. O pai de nossa honorável Fafnar, filha do fogo.
Os quatro olharam para mim surpresos.
- Está bem... - prosseguiu o sacerdote - ...se vocês quatro não vieram até aqui atrás do ritual das vocações, por quais demônios estão aqui? Vieram prestar respeito grandeza de Fafnar? -  e foi então que Bierfur tomou voz:
- Li seus livros! Você é Adrenius, aquele que escreveu uma crítica literária sobre os aventureiros e o sentido da jornada.
- Sim. E para aqueles que me trouxerem a resposta, será-lhes revelado meu tesouro. - o monge agora parecia ter se agradado - Não precisam mentir para mim, a verdade é que nunca vi um um grupo que realmente entendesse...
- Entendesse sobre o quê? - Questionei.
- Sobre o sentido da vida tibiana...
- Temos algo para ti... - disse Bierdus - mas só podemos entregar se nos revelar onde está sua biblioteca, se o que tu construíste for real.
- Ao norte e ao leste, senhores. Lá encontrarão minha biblioteca, abaixo de cinco pedras. Se são mesmo dignos do tesouro, terão parte dele.

Deixamos o templo e continuamos a jornada.
- Não deve ser longe. - Divaguei.
- Penso que esse monge era astuto, mas perdeu sua fé na humanidade. - Comentou Bierdus.
- Pudera, Bierdus. - disse o irmão Bierfur - Com essa natureza violenta e nociva, ferindo semelhantes e criaturas inferiores. O homem não respeita nada, é natural que se perca a fé.
- Eu discordo! - Pronunciou-se por último Biertrus - Um homem que perde sua fé, seja no que for, nunca a teve realmente.

Mudei de assunto, para que outra discussão não se fizesse:
- Bierdus, como foi que você soube desse monge e desse ritual?
- Ah, foi quando Bierfur me chamou para mostrar-me dois livros que encontrara, em uma biblioteca de Thais.
- E então?
- Dentro de um desses livros Biertrus encontrou uma chave antiga e uma anotação. Essa anotação era uma referência a uma carta escrita pelo próprio Adrenius abrindo mão da vida em sociedade, construindo um templo e uma biblioteca subterrânea. O resto, o povo das cidades principais já soubera e nos contara. Por isso estás aqui conosco.
- Porque esse riual...
- Exatamente, exige que haja quatro aventureiros de estilos diferentes... e com visões diferentes sobre a vida.

Biertrus caminhava na frente e ergueu seu braço.
- Irmãos, aqui tem 5 pedras. Creio que no centro delas está a entrada que tanto procurávamos.

Biertrus tirou da mochila uma picareta e começou a bater no chão. Bierdus pegou uma pá em sua mochila e começava a jogar a areia para longe da abertura.
- Acenda sua mão novamente, Bierum! Nós vamos descer!


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap. 69

A caminhada pelo Deserto de Jakundaf
 
O sol não havia se posto ainda, e Biertrus havia finalmente voltado. Bierfur havia dormido, mas acordou-se com a chegada de nosso irmão. Eu não cheguei a tocar no sono, mas havia descansado o suficiente.

- Estais prontos, então? - Perguntou de forma autoritária Bierdus.
- Sim, estou. - Respondi.
- Hummahhh... vamos... - Disse o sonolento Bierfur.
- Desculpem pela demora. - Disse Biertrus.

E então os quatro viajantes desfilavam pelos corredores estreitos de Venore, rumo ao Deserto. Ao descer das escadas, levantou-se possibilidades...
- Vêem aquela moça? Seu nome é Appaloosa, ela treina e aluga montarias. - contou-nos Bierdus. - O que vocês pensam sobre alugarmos 4 para chegarmos em breve?
- Bem... - divaguei.
- Não vejo porque não. - Disse Biertrus.
- Nem pensar! - Disse Bierfur.

- Qual o problema? - Indagou, de certo modo irritado, Bierdus. - Se três de nós não vêem problema...
- Diga por você. - Interrompi.
- O que foi agora? - Indagou novamente Bierdus.
- Pense comigo: Bierfur é um Druida, creio que ele considere usar cavalos como montaria uma espécie de crueldade. E convenhamos que não temos pressa, não? Se tivéssemos, teríamos saído mais cedo.
- Mas se nós três fomos favoráveis...
- Não... você e Biertrus foram. Eu nada disse. Além do mais, ao chegarmos lá a pé, a noite já terá caído e o deserto não será tão desagradável, como você mesmo falou. E foi sábio.

Bierdus não tinha mais argumentações. O silêncio reinou por mais algumas passadas. E essa tensão silenciosa poderia pôr nossa jornada em risco.

- Bierfur, como você soube desse ritual? - Perguntei, crendo que os interesses do grupo centrariam-se em Bierfur.
- Foi um acidente. Eu estava fugindo de um grupo de Minotauros de diversas classes que acampavam próximo das Planícies do Sofrimento. Cruzei com um valente cavaleiro que me ajudou a vencê-los, e tirei-lhe o veneno do corpo, por foi picado por uma Aranha Gigante. Ele me entregou um livro que falava sobre um sacerdote que havia se isolado do mundo que o cercava...
- Também conheci um desses,... - comentei - e por coincidência, foi em um templo quase abandonado nessas mesmas planícies...
- Mas esse não havia se isolado em um templo, mas sim em um buraco no meio do deserto. Bem, como eu dizia... esse amigo chamava a si mesmo de Arcanjo. Ele me disse que o homem passou o resto da vida construindo uma morada e um templo em devoção à Deusa Fafnar. Porém, com o passar do tempo, monstros passaram a ocupar o local. Querem sabero que é ironico? Fafnar é a razão pelo qual existem dias e noites em nosso mundo. E muitos desses monstros eram Demônios do Fogo!
- Prossiga.
- O que acontece é que esse Cavaleiro me contava tudo, enquanto eu estava incrédulo sobre os fatos. Então, ele me entregou um livro do próprio sacerdote. Era uma Crítica sobre a composição de Netlios. Esse livro foi escrito pelo sacerdote Adrenius, falava sobre uma coleção de livros escrita por Netlios, que tinha depoimentos de aventureiros. Porém, Adrenius entra em uma crise existencial, e espera pela resposta certa sobre isso.
- Complicado...
- Eu que o diga. Arcanjo me disse que Adrenius fez uma biblioteca dentro de seu "templo", abaixo do Deserto. E que essa "Crítica Literária à obra de Netlios" foi arrancada das prateleiras de lá.
- Então, o que estamos fazendo é...
- ...estamos indo encontrar Adrenius. Ele ainda vive abaixo do Deserto de Jakundaf. Aliás, você sabia que esse é o nome do Deserto de Venore?
- Agora estou sabendo, irmão.

O dia havia se tornado noite e a grama havia se tornado areia. Cobras vieram em nossa direção, mas Bierdus decaptou todas com sua espada.
- Encontro-me com fome, irmãos. - Ele dizia, limpando o sangue da espada.
- Vamos parar um pouco e fazer um descanso. - Decidi.

Abri um pacote com pão. Bierfur e eu começamos a comer. Biertrus e Bierdus não. Biertrus, sem dizer muito, caminhou até longe do alcance de nossa visão. Ele voltou logo depois, com um saco carregado. Abriu e jogou alguns ossos, carregados de carne na fogueira.
- Esse cheio... carne de Leão? - Perguntou Bierdus.
- Sim. - Respondeu Biertrus. - Para quem não é vegetariano. Quem mais quer?


Bierfur não fez boas feições sobre isso, mas não nos perturbou. Quanto a mim, embora entendesse seus sentimentos, resolvi comer um pouco de carne. Acampamos por uma hora e decidimos levantar. Pernas descansadas, barriga cheia e rumamos ao sul do Deserto.

Passados mais alguns minutos, Bierfur tropeçou em uma pedra. Acendi a palma da minha mão para analisá-la. Havia mais pedras ali, cobertas pela areia.
- Parecem um sinal... - comentei.
- Uma demarcação. Esta é uma entrada, essas pedras marcam um local. Quem está com a Pá?
- Eu estou. - Disse Bierdus, já puxando a ferramenta da mochila e encravando-a entre as pedras.

O buraco estava escuro. Coloquei a mão iluminada na proximidade dele, não enxergamos o fundo. Olhamo-nos e decidimos não arriscar.

- Vamos mais ao Sul. Vamos ver se encontramos esse tal sacerdote que Bierfur tanto falou. - Decidiu Bierdus.

Continuamos andando ao Sul e mais pedras apareceram no horizonte. Dessa vez, Bierfur disse algumas palavras mágicas e o vento abriu uma clareira. Estávamos acima de um piso de pedra regular, era a entrada de um templo subterrâneo. Uma das pedras do piso estava solta. Toquei nela com meu cajado e, ela se soltou, afundou lentamente. Foi aí que eu disse, surpreso:

- Acho que isso é...
- ...uma escada! - exclamou Bierdus - Vamos!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Capcom vs SNK 2 (2012)

Uma vez por ano tenho que fazer uma postagem assim...

Sobre o campeonato do meu PS2, rola o ano inteiro uma pancadaria com os ases da Capcom e da SNK.

Vamos para as homenagens aos que tentaram e aos que botaram a medalha no peito!


Rolento (FF2 - P-Groove)
Ele esteve várias vezes no ranking. Desbancado por Ryo Sakazaki, Akuma entre outros apelões...
Não chegou a entrar no ranking final, mas chegou muito perto.


King (AOF1 - N-Groove)
Ficou no ranking por muito tempo, e foi difícil de tirá-la de lá. Dona de combos poderosos e de sua arma ultra-secreta: o contra-ataque.

Considerada uma das melhores personagens do jogo, King perturbou a paz de Ryu, Chun Li, Kyo e muitos outros. Mas isso não bastou para que ela ficasse entre os 10 primeiros.

Mais sorte na próxima para esses dois. E também para os que não entraram no Ranking.

Vamos agora aos 10 melhores de 2012:

domingo, 16 de junho de 2013

Lá vem história...

[Essa aqui é rapidinha, que eu peguei esse PC emprestado...]

Fui num AnimeXtreme com o cosplay de Tony Stark... mas na ocasião, era num colégio muito próximo ao estacionamento da empresa onde trabalho. Aí me veio uma ideia (julguem) perversa: onde mais eu ia poder largar o carro? As ruas em volta do colégio estavam lotadas, quando não com flanelinhas... O estacionamento revesa de segurança diariamente... e os dos fins de semana é ainda mais raro, porque geralmente é o mesmo que faz o turno da noite, ou seja, o cara jamais me conheceria.




É fato que meu carro está cadastrado na lista do estacionamento. O segurança só precisou conferir a placa. Embora o meu carro seja deveras popular (Uno Mille), o cara achou que a pompa toda de Tony Stark significava que eu era de fato rico.
"Pode deixar doutor, vai ficar bem cuidado o seu veículo." - ele disse. E acrescentou: "Engraçado... é que eu acho que já vi o senhor na televisão..."

Ali eu prendi o riso e resolvi que esse diálogo merecia um encerramento com chave de ouro:
"Porque será que as pessoas sempre me dizem isso?" - E sorri pra ele, com a maior cara-de-pau que já ousei ter em toda essa minha vida.


segunda-feira, 3 de junho de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap. 68

Um presente de Sam Scott

Ainda naquela manhã, estávamos todos prontos. Bierfur, disse para irmos até o mercado, onde deveríamos comprar pá, cordas, um livro de magia, uma Espada de ferro e uma Besta. Em princípio, pensei em usar meu primeiro livro de magia, que substituí por um escudo por alguns anos. Mais tarde, Grazi havia me presenteado com um livro de magia mais avançado, o qual eu usava, mas estava descartado de ser usado fazer o ritual. Era um presente. Eu não estava bem com Grazi, mas isso não significa que ela perdera seu valor para mim.


Por fim, decidi ir até a loja de magia, sozinho, pois os outros dois irmãos foram à loja de armas. Eu tinha pá e cordas em casa, então minhas únicas preocupações eram o livro de magia e a saída repentina de Sam Scott. Grande foi a minha surpresa quando vi ninguém menos do que o próprio Scott saindo da loja, parecia com dificuldade em carregar a mochila.

- Sam, o que está fazendo?
- Ah, mestre. Bom reencontrá-lo. Comprei um presente para o senhor, já que irá a uma jornada na qual não poderá contar comigo...
- Agradeço, mas você acha mesmo que será necessá...- emudeci, porque ouvi palavras mágicas. Após isso uma dor imensa se deu em meu corpo.

Na porta da loja de magia, estava um mago. Ao seu lado, um Orc Guerreiro, que veio em minha direção. Sam também fora abatido pelo raio que me atingira. Minha visão ficou turva. O Orc me alcançou e com seu machado, que arranhou a capa do meu livro de magia e me jogou para trás. Fiquei indeciso quanto ao que fazer, pois o Orc e o mago me atacavam simultaneamente.

Raízes brotaram entre as pedras do piso, atravessaram o Orc e ele caiu no chão sem vida. Sam havia acabado de proferir suas palavras mágicas, a natureza havia se manifestado em favor dele. O mago recuou, mas Sam tirou da mochila uma runa e a leu rapidamente. Uma bola de energia branca voou em direção ao mago e suas pernas congelaram. Ele leu uma runa cinzenta e um raio negro acertou Scott, que dessa vez estava bem mais atordoado. Irritado e com ódio digno de um demônio, desferi uma onda de raio incrivelmente forte. Sam bebeu uma garrafa com poção de cura. O mago também bebeu uma poção, mas de magia e começou novamente a fazer uma conjuração.

Agora era um demônio de fogo, mas Sam o eliminou com mais uma daquelas esferas de gelo.
- Seus covardes! - Gritou o mago.
- Palavras muito atrevidas de quem atacou duas pessoas pelas costas! - Gritou Sam, da maneira que eu nunca havia ouvido. - Tome isso! Dizendo essas palavras, Scott leu uma runa cinza, com uma caveira encravada.Uma nuvem negra entrou pela boa e pelo nariz do mago e ele desabou, sem vida, abaixo da entrada da loja de magia.

- Scott... - eu disse sem fôlego.
- Você está bem, mestre? - Ele perguntou, ofegante. Eu sei que você reprovaria isso...
- Ao contrário, Scott. Você salvou minha vida. E estou orgulhoso da maneira com a qual lutou.
- Obrigado, mestre. Vamos até meu aposento.
- Sou eu quem lhe deve agradecimentos, meu amigo.

Na casa de Sam, ele abriu a mochila e dela tirou várias runas.
- Eu li que, na caverna onde fará o Ritual existem vário tipos de criaturas. Então coloquei todo o meu poder mágico nessas runas. Porém, não foram muitas, por isso fui até a loja comprar mais algumas.
- Sam, eu não quero decepcioná-lo, mas você não vai até lá.
- Ah, mestre... o senhor entendeu errado. Eu as fiz e as comprei para o senhor!
- Sam, eu não posso...
- Ah, o senhor vai aceitar, sim. Já tem o livro de magia?
- Não, meu amigo. Com o ataque daquele mago, tentando nos saquear, esqueci de comprar. Bierfur disse que um livro de magia básica já serviria.
- Mestre, quero que faça o ritual com o meu livro, neste caso.
- Scott... um livro de magia básica custa tão pouco. E possivelmente o livro não volte.
- Bem... o ritual é único, não é? Quero dizer... uma vez que você o faça, não poderá desfazê-lo, nem refazê-lo. Esse ritual é uma afirmação de que os deuses estão ao seu lado para que você siga a sua vida com a sua vocação, certo?
- Sim, acredito que seja isso mesmo.
- Então, já que eu não serei o Druida do seu ritual, aceite o livro e será uma honra fazer parte disso tudo.

Finalmente eu havia entendido Sam Scott. Ele não estava abalado por eu não levá-lo junto, mas estava me dando total apoio para que eu tivesse sucesso no ritual.
- Obrigado, Sam. Esse livro vale muito para mim.
- Valerá assim que o aceitá-lo.

E então, voltei até meu cômodo do Palácio de Papel. Dois de meus irmãos já me esperavam.
- Partiremos hoje à tarde, não? - Perguntei entrando.
- Não mais, - respondeu Bierfur - vamos esperar que o Sol enfraqueça. É o melhor modo de encararmos uma viagem pelo deserto.
- Porque não me disse isso antes?
- Você sabe como é difícil fazer seu irmão Bierdus mudar de ideia?
- E Biertrus, onde está?
- Ainda não voltou. Mas sugiro que descanse enquanto ele não chega. Ao final da tarde, partiremos.


Com isso, deitei-me em minha cama e aguardei. Bierdus deitou-se no chão, usando a mochila como travesseiro.
- Bierum, estás dormindo?
- Não, meu irmão.
- Tu deves. Nosso dia ainda será longo.

E faço do conselho de meu irmão, meu conselho a você, meu amigo. Descansemos. Logo, contarei a você uma das jornadas mais difíceis e marcantes de minha vida.

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap. 67

Segredos e mistérios

A manhã havia apenas começado, mas chamei Scott e Andrezinho para que conhecessem Bierdus. Scott trouxe frutas, Andrezinho trouxe leite e mostrou orgulhosamente a mochila e um escudo novos. Explicamos então que eu ainda teria mais visitas: meu irmão Bietrus e Bierfur, esse tempo que há tempos eu não via.

- E temos planos de viajar, Bierum. Tu virás conosco. - Acrescentou Bierdus à minha explicação.
- Não estou surpreso que me peça isso. Onde vamos?
- Perdoa-me. Prefiro aguardar a chegada dos outros.

Após isso, Andrezinho e Bierdus começaram a  conversar sobre a vida de Cavaleiro. Deixei em cima de minha cama a mochila aberta e vazia. Sam Scott entrou em meu quarto.
- No que está pensando, mestre?
- Honestamente, não sei o que pensar sobre esse mistério. Porque meus irmãos estão vindo para cá? E pra onde vamos? E porque querem a mim no grupo? E ainda, o que devo levar comigo?
- É, não dá pra responder tudo isso. Quanto tempo o senhor tem?
- Sairemos ainda pela manhã.
- Bem... ponha algumas garrafas de poção mágica na mochila. Nunca são demais. Umas de cura também ajudarão.
- É, você tem razão.
- Por favor, não saia sem falar comigo. Preciso ir até meus aposentos agora.
- Tudo bem. - E Sam partiu misteriosamente.

Voltei à sala, Andrezinho estava de saída.
- Nos encontramos lá, pode deixar. - Dizia ele.
- Do que vocês estão falando? - perguntei.
- Nada importante. - Respondeu mais que prontamente. - Até mais, Bierum!
E então, ficamos novamente sozinhos, Bierdus e eu.
- Terminou seu café?
- Sim. E obrigado pelos bifes. Se me permitires, esperarei deitado pelos outros dois.
- Sem problemas.


Divagar sobre as coisas que desconheço só pioram as coisas. O tempo sempre trará as respostas, não só as que se quer, mas as necessárias. De maneira que, se não é preciso saber de algo, é melhor que não se saiba. Arrumei mantimentos do alojamento, coloquei um pouco de comida na mochila. Passou-se uma hora... duas... e finalmente as batidas ecoaram pelo alojamento. Abri a porta e ali estava: um Druida omisso em uma grande capa marrom. Sua barba era ruiva, lembrava-me muito a terra.

- Você deve ser Bierum, certo? - Falou o homem, enquanto insetos saíam de sua manga. Observei seu rosto, apesar da barba, não me parecia velho.
- E você é Bierfur?
- Isso mesmo, meu irmão. Me abrace. - Observei o homem com certa cautela, pois nunca havia visto um homem tão ligado à natureza...
- Ah, sim... você deve estar hesitante com toda essa... bem... "imagem", não? Os animaizinhos à minha volta não são agressivos, e não estou nem um pouco sujo. O aroma que sente é das flores. A cor de terra é unicamente de minha barba.
- E ele é um homem sensível! - Disse Bierdus, do quarto. - Abrace-o, logo, pois vós não vos encontra há mais de uma década.

Não sei dizer direito o que se passou pela minha cabeça. Mas, Deuses! Era meu irmão, o mais novo deles. Eu o segurei ainda quando era bebezinho. Lembrei-me instantaneamente de ter deixado os três irmãos para trás para caçar com Alys... depois para caçar com Andrezinho ainda em Rookgard. Depois de ter deixado tudo, indo rumo à Ilha do Destino... Então eu o abracei, sem remorso nem hesitação. O manto era firme e, ao mesmo tempo, macio. Parecia que ele havia tomado banho recentemente, "em alguma cachoeira, talvez..." - pensei.

- Entre, meu irmão. Este lugar sempre estará aberto a todos os meus irmãos.
- Obrigado. Já sabe ao que fomos designados?
- Eu te proíbo de que fales sobre isso até a chegada de Biertrus! - Gritou Bierdus.

E a manhã estava cessando. Próximo ao meio-dia, finalmente Biertrus chegou. Ali, já tinha entendido o pacto de não falar muito sobre caçadas em animais mais puros, pois isso ofenderia Bierfur. Já, Biertrus era um caçador nato. Acredito que os dois ficavam muito mais em contato com a natureza do que Bierdus ou eu.
- Vou deixar algumas coisas por aqui. Tudo bem? - Disse Biertrus largando em um canto uma dúzia de lanças que estavam amarradas às costas. - É que, para essa jornada, prefiro levar flechas elementais...
- Deixe-as onde quiser.
- Vamos comer e sair?
- Acho que vamos. Mas antes, preciso que me contem o que faremos.
- Não acredito. Bierdus, venha cá!

Então meus dois irmãos discutiam. Enquanto Bierfur estava com a mochila aberta em cima da mesa. "Pão élfico, tomates, laranjas, bananas, nozes... ah, não poderá faltar uvas e ameixas..." Decidi chamá-lo:
- Bierfur, meu irmão, não quero atrapalhá-lo, mas estou curioso...
- O que foi? - perguntou ele, sem tirar os olhos das coisas que fazia.
- Por que estamos aqui? E para onde vamos?
- Ah, sim... nossos irmãos não lhe contaram ainda... nossa jornada, irmão...
- Sim, sim! Para onde vamos?
- Ainda tem o seu primeiro livro de magia?
- Sim.
- Então pegue-o. Vamos até o Deserto de Venore...
- O que faremos lá?
- Ah, você não sabe o que faremos lá? O Ritual da Vocação.
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sábado, 20 de abril de 2013

Epic moment #6


Eu com a galera de Uberaba. Essa tensão toda é porque estávamos jogando KOF 2003 no Neo-Geo.

Tenho até um videozinho. Hora dessas eu posto aqui.

terça-feira, 2 de abril de 2013

sexta-feira, 15 de março de 2013

Nós e a Sinuca #50

50 fotinhos, caras!!!

Efeito: Giz e Carvão
Essa sessão está caminhando para o fim...

quinta-feira, 14 de março de 2013

quarta-feira, 13 de março de 2013

Separados ao Nascer

(O Retorno)


Considerando que as imagens do original sumiram, estou jogando Phoenix Down nessas postagens mais antigas...

sábado, 9 de março de 2013

sexta-feira, 8 de março de 2013

Nós e a Sinuca #49


Noite fria e cabelos curtos.
Continuo me achando a completa falta de graça, desta vez, em cores.

Vocês podem me ajudar a melhorar essa coluna com melhores fotos...

quinta-feira, 7 de março de 2013

Ferro e Sangue (3)

Eu estava crescendo e entendendo que o Kendô era uma condição essencial para que um garoto se tornasse um homem. Meu pai, em certa manhã, levantou-se cedo e saiu de casa. Quando acordei, mamãe pôs o café da manhã à mesa, e disse que eu passaria a manhã sendo letrado.

"Letrado?" - questionei. Então ela me explicou que minha irmã já estava bem à frente quanto aos cuidados essenciais da casa, praticamente pronta para ser uma esposa, enquanto eu estava investindo muito pouco em ser um líder de família.

Não bastasse a manhã ter sido monótona, eu estava sem vontade de aprender. Tenho pena de minha mãe quando lembro disso: a paciente mãe tentando ensinar algo útil a um filho tão pouco talentoso. Escrevi algumas letras e ela elogiou. Não verdadeiramente devido ao meu esforço, mas por conformidade com a situação. Se hoje eu perguntasse, ela negaria isso, mas seu orgulho era falso... era simplesmente para me dar alívio, como se eu realmente tivesse aprendido...


Durante o almoço, observei os longos cabelos negros de minha irmã mais velha. Mamãe tinha mesmo razão, ela estava pronta para se tornar uma esposa. Sabia preparar chá, tocava sangen, cantava e tinha a devida polidez de uma gueixa. Depois, mamãe pediu que eu buscasse água no poço. o balde era de madeira grossa, pesado por si só, para o meu tamanho. Mesmo assim eu fui, pois ela havia pedido.

À tarde os garotos chegaram. Daiki amarrou o obi marrom e, como era de costume, iniciou o treino. Depois de revermos o básico, ele ensinou-nos um exercício chamado "o quadrado", no qual um de nós ficava no centro de um quadrado composto pelos outros. Ele dizia os nomes daqueles que ficavam nas pontas para que atacassem aquele que ficava no centro. Hideki foi o primeiro. Ele só sofreu na defesa dos golpes de Daiki. Dos restantes, surpreendentemente todos foram bem defendidos e por muitas vezes contra-atacados.



Daiki explicou que o exercício tinha variantes: Reta quando eram apenas 2 ou 3. Triângulo quando eram 4, Quadrado quando eram 5 e Círculo quando eram 6 ou mais. Chegou a minha vez... Daiki gritou o nome de Tadashi que posicionava-se às minhas costas no momento. No entanto, atacou-me lentamente, na esperança que eu pudesse defender. Deu certo. Daiki chamou Takeshi que não teve piedade em relação à velocidade, mas estava na minha direita e consegui desarmá-lo. Depois gritou o nome de Hideki, que fez muita finta e acabou não atacando.

O próprio Daiki veio em minha direção em silêncio, estava na minha esquerda, mas por ser o maior, consegui perceber e defendi de suas duas investidas. Comecei a suar. Estava definitivamente cansado. Ele chamou Takeshi novamente, eu consegui virar meu torso, mas era tarde:  golpe vinha pela lateral e acertou meus dedos, fazendo-me soltar o boken.

Com esse incidente, Daiki encerrou o treino. "Sem-graça!" - exclamou Hideki. E os dois pegaram suas coisas e saíram. Takeshi e Tadashi ficaram. Queriam que eu os treinasse. Precisei de uma hora inteira com uma toalha molhada enrolada na mão para me recuperar do golpe que Takeshi desferira. Depois disso, nosso treino acabou virando brincadeira: Takeshi havia trazido a máscara de Tengu do pai e brincamos de "Samurai-demônio" com ela. Sempre prometíamos a nós mesmos que confeccionaríamos uma armadura de madeira para cada um, promessa que só de deixou cumprir em ombreiras de madeira, sendo que as que fiz para mim eram dispares em tamanho. As de Tadashi eram invejáveis, ele havia as plainado em um formato artístico. As de Takeshi não eram boas, mas eram mais bonitas que as minhas.

Takeshi, em nossa brincadeira, se escondia e nos atacava na espreita, de modo que se o boken dele nos tocasse em qualquer ponto, exceto as ombreiras, era considerado uma fatalidade: o corte "nos queimava" e só nos "salvaríamos" se tocássemos no poço, onde "o fogo apagaria". E foi no meio de uma dessas brincadeiras que aconteceu o pior... Takeshi escolheu um momento em que eu o procurava e apareceu repentinamente por trás da Sakura de minha casa. Eu já deveria estar esperando algo assim, e não sei o que deu em mim, mas ignorei as regras da brincadeira e acertei-lhe o queixo, arrancando-lhe a mascará de Tengu. Como se isso não bastasse, o mesmo golpe raspou-lhe no queixo e acertou em cheio em seu nariz no sentido baixo-cima.

Ele caiu e ficou inerte. Um pedaço do queixo da máscara separou-se do restante. O Sol parecia ter ficado mais forte. Os grilos pareciam fazer som mais agudo. Tadashi apareceu e seu sorriso murchou. Sangue saiu do nariz de Takeshi. Logo se misturou com o sangue da boca. Ou teria sido apenas a quantia de sangue do nariz? Eu estava assustado demais para saber.

Erguemos Takeshi e o levamos até o poço. Deixei Tadashi com ele e fui verificar o que mamãe e minhas irmãs faziam. Estavam ocupadas, felizmente. Quando voltei, Tadashi olhava para dentro do poço e Takeshi não estava lá. Sim, ele havia caído dentro do poço. Mas se mexia muito, o que era um bom sinal, até certo ponto. Tadashi amarrou a corda em si mesmo e pediu que eu o segurasse. Astuto, ele colocava mãos e pés nos espaços entre as pernas. Conseguiu pôr Takeshi nos ombros e, com muito esforço, conseguimos tirá-lo de lá.

Ouvimos o portão do dojo abrir. Era meu pai. Tadashi carregou Takeshi até o portão dos fundos. Fui com eles. Takeshi apenas me olhava fundo. Levantou-se por suas próprias pernas e saiu andando. Tadashi também me olhou, mas menos sério. "Diga a ele que eu... Pede pra ele não contar..." - eu disse a Tadashi.

Papai havia comprado um doce de feijão e o dividiu em 12 partes. Deu uma para minha mãe, ficou com uma para si e deu 5 para mim e outros 5 para minha irmã. A mais nova não comeria, não tinha dentes nem cabelo ainda. Guardei os meus e dei-lhes a Takeshi no dia seguinte, um a cada hora da tarde.


Fez-se a última tarde quente da primavera. Abafada, causou um calor enjoativo no meu pai. "Quero que vá à nascente do riacho e pegue água fresca." - disse ele. Eu, cansado pelo calor também, e até motivado pela molecagem mesmo, fui até o poço secretamente, enchi o balde pesado, e o entreguei a meu pai. Ele colocou a água num copo, e no segundo gole a cuspiu no chão. Jogou o resto do copo em minha face.

"Agora eu quero que vá até o riacho, até a água mais clara que encontrar. Mas não leve o balde!" - ele gritava - "Vá até o ponto da água em que você puder ver a si mesmo. Quando você olhar o seu reflexo, quero que pense: 'Para que eu presto?' "

Naquela noite eu fui dormir mais cedo que todos. Mas duvido muito que eu tenha dormido antes de qualquer um daquela casa. "Oh, meu pai... o senhor mal imagina o quanto estava certo."

A casa Masato ainda não tinha um herdeiro que fosse homem. Naquela noite, eu não chorei. Meus olhos estavam cheios. E eu estava cheio de vergonha.