segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap.71


A coleção literária de Adrenius

O chão da caverna era plano, parecia mesmo que alguém havia cavado aquele lugar todo para que pudesse viver ali. Fixemos a formação de combate montada por Bierdus. As estruturas eram suportadas por talas largas de madeira.

- Parece um trabalho de anos, irmãos. - comentou Bierdus.

- Sim, eu já havia reparado nessa tentativa arquitetônica. Mas não parece finalizado. Por que ele não terminou de construir esse templo? - Questionei.
- Algo deve ter saído muito errado... um templo de adoração a Fafnar... chamaria atenção de que criaturas?

Tão logo Bierdus perguntara isso, as paredes escuras receberam luz em demasia. Os corredores, que primeiramente eram apertados, agora eram largos, mas não havia muito chão a se pisar. Pareciam pontes feitas de terra. Abaixo de nós, magma em movimento.

A base onde pisávamos não me parecia muito firme, mas provavelmente fora impressão minha, pois o magma dava-me vertigens, os outros pareciam seguir em frente e ficando cada vez menores.

Repentinamente, Bierfur veio até mim. Seus lábios se mexiam. A luz parecia mais fraca e as imagens cada vez mais afastadas de mim. Foi quando senti o calor nos ombros e entendia o que estava acontecendo: Demônios do Fogo haviam nos cercado há tempos, mas eu não havia me dado conta! Bierfur havia jogado uma magia sobre mim para diminuir os danos de fogo, era o que ele estava falando enquanto eu não o ouvia. 

Bierdus tentava aparar todos os ataques com seu escudo. Biertrus, sacou de sua mochila uma aljava com flechas congeladas. E de lá começou a dar-lhes uma chuva de flechas geladas, das quais os demônios pareciam reagir com muita dor. Bierfur levantou-se, virou-se para dois deles e desferiu uma onda de gelo. E eu, ainda atordoado, desferi um Chicote de raios, mas na direção não desejada, chegando a acertar o grupo.

Bierdus, jogado ao chão começou a gritar:
- Bierum, não participe desse combate! Pega aqui essa chave! - dizia ele tirando a chave de dentro de um livro - No fim desse corredor tem um quarto. Corra para lá e abra a porta! - Ele segurou mais um raio deferido por um dos demônios. - Depressa!

Corri o máximo que pude ao fim do corredor. Em frente à porta havia mais um Demônio do Fogo. Apontei meu cajado e dei-lhe uma rajada de raio, mas ele não esboçou reação de grande desagrado. Foi então que lembrei das pedras rúnicas que Sam Scott havia me preparado. Tirei duas de minha mochila e as li o mais rápido que pude.

Ah, Sam, como eu lhe agradeço! Um raio maciço de gelo saiu da pedra e acertou dolorosamente o Demônio de Fogo, agora visivelmente abalado. A primeira pedra ainda tinha carga. Joguei mais um raio e meu adversário caiu sem vida a meus pés. Coloquei a chave na porta e a abri. Mas nada de os rapazes chegarem. Resolvi voltar, lembrando que eu tinha pedras rúnicas suficientes para mais combates.

De volta ao corredor, Biertrus mostrava-se um excelente arqueiro. Bierdus matava os poucos que ousavam se aproximar. Bierfur curava os dois e, quando tinha oportunidade, lançava magias de gelo. Era hora de pagar minha dívida com o grupo! Li mais uma das pedras que estavam em minhas mãos e atingi todos os Demônios que eu havia visto.

Os restantes recuaram para suas cavernas. Ficamos todos parados, nos olhando, suados pelo magma somado ao combate.

- Desculpem-me, rapazes! - eu disse.
- Abriste a porta? - perguntou Bierdus.
- Sim, está destrancada.
- Tu deverias ter nos aguardado lá! - Irritou-se meu irmão, quando então Bierfur tomou voz:
- Olha, meu irmão... embora eu saiba que o resultado dessa luta não seria diferente, devemos reconhecer que Bierum nos ajudou e nos poupou tempo. E esses Demônios não demorarão a contra-atacar, portanto, vamos parar de perder tempo?

Chegamos à biblioteca e Bierfur e eu acendemos nossas mãos.
- Estamos procurando pelo quê, mesmo? - Perguntei.
- A coleção de 6 livros de Netlios. Esses livros pertencem ao monge, mas falta-nos algumas respostas. Precisamos achá-los. - Respondeu Bierdus, acendendo uma tocha que trouxera em sua mochila e jogou outra, já incandescente para Bierturs.

Assim, nos separamos ao longo dos corredores. Era uma imensa biblioteca. Felizmente éramos os últimos seres com vida ali. 

- Encontrei algo! - Exclamou Bierfur.
- É a coleção? - perguntou Bierdus.
- Não, é um botão no chão. - Respondeu Bierfur.
- Não o pise! Estou a caminho! - Gritei.

Fui até a primeira luz que achei, era Biertrus.
- Vamos! - disse ele, que também esteve confundido.

Chegamos e começamos a observar um bloco de pedra destacado no chão. Biertrus chegou a deitar a cabeça no hão para ver se descobria algo. Bierdus então chegou.
- Quem pisará nele?
- Eu faço! - me voluntariei. E assim que pisei, nem ao menos um som foi ouvido.
- Chame-nos quando avistar algo com o nome de Netlios! - disse Bierdus a Bierfur. E fui atrás dele.

Assim que passamos à próxima pilastra da biblioteca, chamei Bierdus.
- Já chega, meu irmão!
- O que foi?
- Chamo sua atenção para o esforço desse grupo! Estão todos fazendo o que podem, mas temos um integrante mandão, que nunca parece de bom humor e e]tem desmoralizado o restante de nós!
- Como ousas...
- Como ousa você!? - eu o interrompi - Onde está a honra e a humildade de um cavaleiro! Eu já briguei com Biertrus uma vez, porque esse insinuou que sua vida era fácil. Esta era a oportunidade perfeita para provar que ele estava errado, mas parece que ele não estava. Pois o que vejo é você andando de um lado ao outro sem a menor paciência com os demais. Achei que éramos um grupo unido!

Bierdus não disse uma palavra, mas assim que passei à próxima prateleira, retirei um livro e pude vê-lo cabisbaixo.

- Achei! - Exclamou Biertrus.
- São os livros? - Gritou Biertrus.
- Sim! Os volumes I, II, III e V.

Corremos até lá.
- Excelente, Biertrus! - Disse Bierdus. - veja que os lugares desses dois livros que faltam estão marcados. Encaixaremos os livros assim que respondermos às perguntas que Adrenius deixou em seu livro: Quem eram os cinco aventureiros de Netlios; Quais suas idades; Como encerraram suas aventuras; E por quanto tempo se aventuraram.

Não sei dizer quanto tempo se passou, mas queimamos mais tochas, acendemos mais mãos e fizemos duas refeições estudando a coleção de Netlios. Estávamos prontos para a volta. Colocamos os livros no ponto em que eles estavam demarcados. Foi então que ouvimos um som suspeito, partia do ponto onde estava o botão encontrado por Bierfur antes. Nos dirigimos para lá para saber o que ocorrera...

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Episódio anterior aqui.

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