terça-feira, 22 de outubro de 2013

Pobres crianças

Ai, pobres crianças,
Jazidas no cemitério da fome
Esquecidas por todos
Nem têm nome.

Pobre criança pedindo esmola
No sinal, que desespera,
Carrega consigo uma sacola
Porque sua mãe o espera.

Pobre criança abusada
Sem saúde, sem escola
Pelos adultos negada
Nas calçadas querendo cola.

Pobres crianças as já crescidas
Que não olham nos olhos
Nem choram nas despedidas
Só ligam para seus egos
Nem são mais amigas.

Ai, pobres crianças
Que têm direitos desde a nascença
Que não deveriam se abandonar
Mas que deveriam ter a crença
De que o mundo é um bom lar.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap.71


A coleção literária de Adrenius

O chão da caverna era plano, parecia mesmo que alguém havia cavado aquele lugar todo para que pudesse viver ali. Fixemos a formação de combate montada por Bierdus. As estruturas eram suportadas por talas largas de madeira.

- Parece um trabalho de anos, irmãos. - comentou Bierdus.

- Sim, eu já havia reparado nessa tentativa arquitetônica. Mas não parece finalizado. Por que ele não terminou de construir esse templo? - Questionei.
- Algo deve ter saído muito errado... um templo de adoração a Fafnar... chamaria atenção de que criaturas?

Tão logo Bierdus perguntara isso, as paredes escuras receberam luz em demasia. Os corredores, que primeiramente eram apertados, agora eram largos, mas não havia muito chão a se pisar. Pareciam pontes feitas de terra. Abaixo de nós, magma em movimento.

A base onde pisávamos não me parecia muito firme, mas provavelmente fora impressão minha, pois o magma dava-me vertigens, os outros pareciam seguir em frente e ficando cada vez menores.

Repentinamente, Bierfur veio até mim. Seus lábios se mexiam. A luz parecia mais fraca e as imagens cada vez mais afastadas de mim. Foi quando senti o calor nos ombros e entendia o que estava acontecendo: Demônios do Fogo haviam nos cercado há tempos, mas eu não havia me dado conta! Bierfur havia jogado uma magia sobre mim para diminuir os danos de fogo, era o que ele estava falando enquanto eu não o ouvia. 

Bierdus tentava aparar todos os ataques com seu escudo. Biertrus, sacou de sua mochila uma aljava com flechas congeladas. E de lá começou a dar-lhes uma chuva de flechas geladas, das quais os demônios pareciam reagir com muita dor. Bierfur levantou-se, virou-se para dois deles e desferiu uma onda de gelo. E eu, ainda atordoado, desferi um Chicote de raios, mas na direção não desejada, chegando a acertar o grupo.

Bierdus, jogado ao chão começou a gritar:
- Bierum, não participe desse combate! Pega aqui essa chave! - dizia ele tirando a chave de dentro de um livro - No fim desse corredor tem um quarto. Corra para lá e abra a porta! - Ele segurou mais um raio deferido por um dos demônios. - Depressa!

Corri o máximo que pude ao fim do corredor. Em frente à porta havia mais um Demônio do Fogo. Apontei meu cajado e dei-lhe uma rajada de raio, mas ele não esboçou reação de grande desagrado. Foi então que lembrei das pedras rúnicas que Sam Scott havia me preparado. Tirei duas de minha mochila e as li o mais rápido que pude.

Ah, Sam, como eu lhe agradeço! Um raio maciço de gelo saiu da pedra e acertou dolorosamente o Demônio de Fogo, agora visivelmente abalado. A primeira pedra ainda tinha carga. Joguei mais um raio e meu adversário caiu sem vida a meus pés. Coloquei a chave na porta e a abri. Mas nada de os rapazes chegarem. Resolvi voltar, lembrando que eu tinha pedras rúnicas suficientes para mais combates.

De volta ao corredor, Biertrus mostrava-se um excelente arqueiro. Bierdus matava os poucos que ousavam se aproximar. Bierfur curava os dois e, quando tinha oportunidade, lançava magias de gelo. Era hora de pagar minha dívida com o grupo! Li mais uma das pedras que estavam em minhas mãos e atingi todos os Demônios que eu havia visto.

Os restantes recuaram para suas cavernas. Ficamos todos parados, nos olhando, suados pelo magma somado ao combate.

- Desculpem-me, rapazes! - eu disse.
- Abriste a porta? - perguntou Bierdus.
- Sim, está destrancada.
- Tu deverias ter nos aguardado lá! - Irritou-se meu irmão, quando então Bierfur tomou voz:
- Olha, meu irmão... embora eu saiba que o resultado dessa luta não seria diferente, devemos reconhecer que Bierum nos ajudou e nos poupou tempo. E esses Demônios não demorarão a contra-atacar, portanto, vamos parar de perder tempo?

Chegamos à biblioteca e Bierfur e eu acendemos nossas mãos.
- Estamos procurando pelo quê, mesmo? - Perguntei.
- A coleção de 6 livros de Netlios. Esses livros pertencem ao monge, mas falta-nos algumas respostas. Precisamos achá-los. - Respondeu Bierdus, acendendo uma tocha que trouxera em sua mochila e jogou outra, já incandescente para Bierturs.

Assim, nos separamos ao longo dos corredores. Era uma imensa biblioteca. Felizmente éramos os últimos seres com vida ali. 

- Encontrei algo! - Exclamou Bierfur.
- É a coleção? - perguntou Bierdus.
- Não, é um botão no chão. - Respondeu Bierfur.
- Não o pise! Estou a caminho! - Gritei.

Fui até a primeira luz que achei, era Biertrus.
- Vamos! - disse ele, que também esteve confundido.

Chegamos e começamos a observar um bloco de pedra destacado no chão. Biertrus chegou a deitar a cabeça no hão para ver se descobria algo. Bierdus então chegou.
- Quem pisará nele?
- Eu faço! - me voluntariei. E assim que pisei, nem ao menos um som foi ouvido.
- Chame-nos quando avistar algo com o nome de Netlios! - disse Bierdus a Bierfur. E fui atrás dele.

Assim que passamos à próxima pilastra da biblioteca, chamei Bierdus.
- Já chega, meu irmão!
- O que foi?
- Chamo sua atenção para o esforço desse grupo! Estão todos fazendo o que podem, mas temos um integrante mandão, que nunca parece de bom humor e e]tem desmoralizado o restante de nós!
- Como ousas...
- Como ousa você!? - eu o interrompi - Onde está a honra e a humildade de um cavaleiro! Eu já briguei com Biertrus uma vez, porque esse insinuou que sua vida era fácil. Esta era a oportunidade perfeita para provar que ele estava errado, mas parece que ele não estava. Pois o que vejo é você andando de um lado ao outro sem a menor paciência com os demais. Achei que éramos um grupo unido!

Bierdus não disse uma palavra, mas assim que passei à próxima prateleira, retirei um livro e pude vê-lo cabisbaixo.

- Achei! - Exclamou Biertrus.
- São os livros? - Gritou Biertrus.
- Sim! Os volumes I, II, III e V.

Corremos até lá.
- Excelente, Biertrus! - Disse Bierdus. - veja que os lugares desses dois livros que faltam estão marcados. Encaixaremos os livros assim que respondermos às perguntas que Adrenius deixou em seu livro: Quem eram os cinco aventureiros de Netlios; Quais suas idades; Como encerraram suas aventuras; E por quanto tempo se aventuraram.

Não sei dizer quanto tempo se passou, mas queimamos mais tochas, acendemos mais mãos e fizemos duas refeições estudando a coleção de Netlios. Estávamos prontos para a volta. Colocamos os livros no ponto em que eles estavam demarcados. Foi então que ouvimos um som suspeito, partia do ponto onde estava o botão encontrado por Bierfur antes. Nos dirigimos para lá para saber o que ocorrera...

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Episódio anterior aqui.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Lá vem história...

1996 marcava época para mim...

O evento marcante da era televisiva do Brasil foi o lançamento das Chiquititas, que eu, por óbvias questões sociais fazia o possível para não assistir.


E olha que amigos meus chegaram a me incentivar. Eu não vou revelar nomes, não. Podem ficar tranquilos. O meu amigo T., que está em Porto Alegre, muito bem casado, com uma filha e com sua sexualidade muito bem resolvida, por exemplo... queria que eu visse para que a gente avaliasse as garotinhas. Aí o programa até ficou interessante.

Depois o meu amigo E., que me fez assistir a um documentário de 1h30 sobre a novela... no fim das contas foi divertido.

O caso é que eu evitava, porque seria um alvoroço enorme na minha cidade tão pequena. Embora eu estivesse seguro de mim, já tive muitos apelidos e sofri de bulling antes mesmo de ele ter nome. Então, não dei chance para o azar, sem Chiquititas, nem nos meus maiores segredos.

Até que, miseravelmente para mim, a Editora Abril (acho) lançou a Revista das Chiquititas. Mas que diabos isso teria a ver comigo? Bom...

O fato é que a minha tia (que também não vou identificar) comprava para a minha prima (filha dela, lógico!) a maldita revista. Isso na banca que ficava em frente à farmácia em que um amigo meu trabalhava. E a tia em questão tava devendo uma grana na farmácia, então ela teve uma ideia brilhante: pedir para o sobrinho aqui ir até a banca, pois eu estaria acima de qualquer suspeita.

Piorando um pouco a situação, a locadora de videogames que tinha na cidade ficava ao lado da banca, o que significava que grande parte dos garotos da cidade já estava lá.

Agora vamos fazer uma rápida pausa:
Caras, eu tava ferrado! Ferrado, ferrado, ferrado! Fazer esse favorzinho para minha tia implicaria em anos de fama (injusta, diga-se). Eu ia ficar famoso da noite para o dia como "O guri que assiste Chiquititas", pra coisas bem piores, pois eu já tinha os apelidinhos ridículos, então o pesadelo se intensificaria!

Terminando a pausa, quando minha tia fez o pedido que me renderia um status único na cidade, eu estava de pijamas. Sim, era um sábado. Já que eu estava na fila do corredor da morte, resolvi enrolar o máximo possível, para aproveitar os últimos suspiros da minha (já quase morta) vida social: demorei o quanto pude para me vestir... escovei os dentes 3 vezes, calcei os tênis demoradamente, experimentei umas 3 combinações de roupas... até que minha tia, como o carcereiro, me empurra para o corredor, dá uma batidinha na porta do meu quarto e me pergunta: "Maninhooô, tu não vai?" (sim, a tia me chamava de Maninho).

Aí eu já havia me despedido de tudo mesmo. "Tô no inferno, vou dar um abraço no Capeta!"

Aceitando minha sina, sentei, pela última vez, menos infeliz no sofá para amarrar uma quarta vez os sapatos. Foi quando entrou minha outra prima, a Cacau, pela porta da sala.

Por Deus! Eu estava a salvo. Olhando para minha vida social eu não que eu tinha muuuito a perder, mas era bem melhor que ela me quebrasse esse galho do que eu me condenasse a mais um motivo para rirem de mim até o ano de 2020.

Contei toda essa história (tirando a parte em que eu enrolei) para minha prima e expliquei a ela que seria no mínimo embaraçante realizar a tarefa que minha titia pediu inocentemente.

- Sem problema. - ela me disse - Só vou esperar a Kátia chegar e a gente vai lá e compra ela pra ti.
- Pra mim, não, peloamordeDeus! Pra ela! Pra tia!

Não demorou muito e a Kátia, amiga da Cacau, chegou. Cacau contou esse drama para a Kátia e exclamou "Coitado!".

Cacau fez a compra e entregou a revista para a minha tia, sem drama. Depois que tudo correu bem, eu perguntei pra ela se não foi embaraçoso.

- No início foi... - disse a Cacau - ...mas quando o carinha da banca me olhou, eu disse "Não é mole agradar essa minha prima."

Obrigado, Cacau. Sempre fiquei te devendo essa!


Obs.: Se fosse hoje, essa história seria muito diferente...

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