segunda-feira, 5 de abril de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 20

Meio Morto

Um dia antes do casamento de Grazi, nos separamos. Malu e Andrezinho haviam ido até o Mercado de Venore, para que Andrezinho comprasse o presente. Eu resolvi ler o Livro da Magia, perguntando-me se estava apto a alguma magia ou encantamento novo. Passei na loja de poções e pedi a um dos magos de lá que ampliasse minha força. Ele escreveu em meu livro as palavras mágicas que eu deveria pronunciar em um campo de batalha.

Passei pelo apartamento e as portas de meus companheiros ainda estavam fechadas. Resolvi então ir até o Acampamento das Amazonas. A magia que aprendi as assustaria? O que aconteceria quando eu pronunciasse as palavras mágicas?

No Acampamento, as Amazonas atiram facas primeiro e perguntam depois. Contive algumas com a onda de fogo. Depois recitei as palavras do livro e distraidamente disse em voz alta a terminação da magia:
"Eu invoco o Demônio do Fogo!"

Eu li muito sobre o tipo de criatura que era demoníaca, mas realmente senti muito medo do que aconteceu: uma nuvem de vapor se formou na minha frente e, de dentro dela, estava o pequeno diabinho. Tinha os olhos verdes e luminosos, mesmo sob a luz do dia. Ficou olhando-me diretamente nos olhos, enquanto eu pasmava.
- Mestre querer que mate? Com calor, oh, sim! Muito calor!
Eu demorei um pouco para compreender que ele quis me dizer que estava às minhas ordens.

Meu silêncio foi quebrado por uma lança que voou contra meu escudo. Foi então que eu disse:
- Mate aqueles que o machucam, meu servo!
E o Demônio pôs fogo em várias tropas de Amazonas, que não suspeitei, mas pareciam planejar algo maior. Resolvi não esperar muito, abri os corpos queimados, encontrei ouro e alguns pães; e voltei a Venore.

Nas escadarias da entrada norte de Venore, um jovem mago viu meu Demônio de estimação e o atacou com um cajado Vórtex . O Demônio ainda tinha em mente o que o ordenei fazer, e acabou contra-atacando.
- Recue, jovem! - Aconselhei. Sua resposta, no entanto, me surpreendeu:
- Eu não tenho medo de você e seu demônio asqueroso!
- Mas ele vai matá-lo!
- Não pense que é a última vez que você vai me ver!
Irritado, resolvi dar-lhe a chance de correr, e o ameacei:
- Posso saber o nome do futuro cadáver?
- Eu sou Meio-Morto! Mas você será morto inteiro!

Vendo que nada a mais restava, deixei o Demônio terminar o serviço. Meio-Morto, um mago fraco que não tinha nada pra fazer a não ser encontrar encrenca. Será que se alguém queria que ele voltasse? E se eu o bani para sempre de Nebula e do mundo tibiano?

Meu Demônio era obediente, mas não poderia entrar em Venore. E ele mesmo sabia disso. Ele dizia "Adeus" enquanto eu subi a escada norte da cidade. Quando toquei o andar suspenso, ele havia virado fumaça.

Resolvi eu mesmo acender a vela. Quem sabe Meio-Morto voltasse para ser meu aluno? Era um jovem aprendiz, tinha o direito de errar pelo menos uma vez. Ele voltou a vida no templo de Venore, onde eu estava para que ele ressuscitasse.
- Obrigado, velho!
- De nada... não sou um assassino, sou um aventureiro. Não gostaria de se unir ao meu grupo?
Meio-Morto deu um sorriso irônico:
- Não me dou bem com grupos, Bierum. Obrigado pela chance. Passe bem.

O sol tocou o topo de Tibia, voltei ao conjunto de quartos. Andrezinho tinha um embrulho nas mãos. Malu estava feliz. Preparamos nossas mochilas e rumamos a Carlin, antes do cair da noite.

Talvez seja melhor descansarmos por agora, meu amigo.

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