segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

As Cronicas Tibianas - Cap. 11

O Caminho para Ankrahman

Amanheceu novamente e estávamos dispostos a terminar a travessia. No café da manhã, comemos alguns bifes. Nessa hora lembrei-me dos bifes de dragão dados por Sagal. Mas preferi poupá-los para alguma eventualidade.

Milla e eu comemos e saímos rumo ao norte. Ankrahman estava perto. O ar era mais quente do que antes. Mas a mata continuou a fechar o nosso caminho... e esse fenômeno foi acontecendo até eu olhar para trás e não enxergar mais Milla. Algumas folhas em um galho fino pareciam ter nos separado voluntariamente. Em princípio, pensei em examinar a planta, mas um grito de Milla trouxe-me de volta à realidade maior: uma planta carnívora havia a capturado; e eu era o próximo.

Levantei meus olhos mais que depressa e, entre os galhos avistei Milla erguida a bons metros do chão, em direção a um orifício que mais parecia uma boca de um crocodilo. Usando o cajado da morte, afastei os galhos que nos separavam, mas ao me aproximar das pétalas, ouvi um rugido e uma pequena quantia de flúido da planta acertou-me nos olhos.

Agora a tensão havia aumentado em 100%! Como eu poderia desferir um golpe sem enxergar o alvo? Milla continuava gritando. Usando telepatia, eu lhe disse:
"Milla, procure se concentrar... preciso que você seja meus olhos! Me dê a posição do alvo e eu a derrubarei."
Ela, gritando me disse:
"Vire para a direita! Rápido! E ataque!"
Uma única onda de fogo foi suficiente para que a planta a soltasse. Ela caiu de pé. E com isso, corremos na direção do ponto onde havíamos vindo.

- Vamos desistir de Ankrahman! Eu quero voltar! - chorou Milla.
- Acalme-se, acalme-se... eu sei que conseguiremos passar por ela.
- E seus olhos, mestre?
- O efeito passou, minha querida. Preciso apenas pensar em um bom plano.

Minutos depois, outra planta carnívora se aproximou da primeira, que rugia. A primeira tentava entrelaçar-se na segunda, mas suas investidas não davam certo. Imediatamente, Milla passou pelas duas plantas, deu um disparo de fogo na primeira planta e continuou correndo rumo ao norte. Quando o efeito de meu encanto de ilusão passou, a planta carnívora estava se recuperando do golpe de Milla, que dessa vez estava em suas costas. Corri o mais que pude em sua direção. A planta, obstinada pela vitória no combate, desferiu um jorro de um ácido verde, como o que me cegara. Dessa vez, eu consegui me desviar, mas o jorro atingiu minha perna... imediatamente parei de correr. Os galhos da planta se aproximaram... e Milla os afastou com seu cajado.

Arrastando a perna, nos afastamos o suficiente para prosseguirmos. Minha recuperação também se deve ao bife de dragão, que usamos sob o sol do meio-dia. Nossa caminhada ao norte continuou até que o verde, repentinamente, deu lugar ao amarelo das areias desérticas. Ankrahman estava perto, nosso horizonte era de um azul intenso e muito límpido, arranhado apenas pelas pirâmides de Ankrahman e pela cor da areia. Um pouco mais ao leste, passamos por um vale montanhoso, onde hienas famintas esperavam-nos à espreita... mas não foram de grande preocupação.

Os portões de Ankrahman estavam abertos. Milla foi na frente. A cidade funcionava normalmente. Os mercadores vendiam água a preço de ouro, essa foi a única peculiaridade do povo em relação às civilizações que conheci.

- É aqui que eu fico, mestre Bierum.
- Bem, Milla, eu espero que sua estadia aqui seja de grande aprendizagem.
- Sem dúvidas, mestre. Quero agradecer-lhe por tudo.
- Torne-se uma grande maga, minha querida, lute sempre pela justiça, e assim serei mais que recompensado. - respondi, sorrindo.
- Mestre... sobre a carta. Há algo que eu gostaria de fazer por você antes que chegue a Venore.
- Sim, minha querida... esteja à vontade para me falar.
- Se me permite, mestre, eu gostaria de cortar-lhe os cabelos e também a barba. As mulheres nem sempre gostam de cabelos e barba compridos.

Envergonhado, aceitei a proposta. Preparei, horas depois, minhas coisas para meu regresso. Grazi, interceptou-me com telepatia:
"Bierum. Eu preciso conversar com você urgentemente! Por favor, rume a Port Hope, onde estarei amanhã."

Na manhã seguinte, abracei-me a Milla e me despedi.
"Daqui, minha cara, deixamos de ser professor e aluno. Agora somos colegas em vocação!"
O que me esperava no deserto de Ankrahman? O que Grazi tinha a dizer? Vamos descansar, meu amigo. Ainda tenho muito a dizer também!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vai comentar? (Faça login no Google antes.)
Com a palavra, o mais importante membro deste blog: você!