terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A Filosofia dos Cavaleiros do Zodíaco

Opa! Primeiro post do ano, e eu queria começar bem.  E análise das filosofias dos personagens sempre me pareceu uma boa ideia, geram uma salutar discussão como também incentivam a leitura. E eu amo vocês que leem as coisas que eu escrevo, então...



Hoje eu convido vocês, meus amigos a analisar um pouco das filosofias dos principais cavaleiros de bronze. Normalmente, eu gosto de misturar um pouco de protagonistas, anti-heróis e vilões nesse tipo de post, mas acho que com CDZ, as coisas têm que ser diferentes, não? Adiante, cavaleiros atenienses!

Hyoga -  Cisne

"Somente os tolos confundem os sonhos com o impossível!"
A história de Hyoga é a de uma escalada difícil. Não é novidade para ninguém que Hyoga é órfão e que sua mãe estava submersa nos mares gelados da Sibéria (na antiga União Soviética). O fato de ele poder visitar o "túmulo subaquático" de sua mãe o mergulhou em um luto eterno, e a constância desse sentimento o tornou emotivo e, por isso, seu potencial estava comprometido. Ele é advertido disso na luta (não canônica) com o Cavaleiro de Cristal (que o advertiu pra não deixar seus sentimentos interfiram na luta pela Justiça), depois contra Kamus, na casa de Libra que disparou um raio de energia que derrubou o barco-lápide da mãe de Hyoga para as profundezas do mar, a uma profundidade inalcançável. Por mais que saibamos o quanto Kamus de Aquário está certo, torcemos por Hyoga nessa batalha, sentimos sua dor, sentimos o quanto é difícil de desvencilhar do passado. Ainda mais de uma mãe.

Mas, depois de quebrada a Esquife de Gelo e o corpo de Hyoga é reanimado, Hyoga corre até a casa de Escorpião e simplesmente exibe sua primeira transformação. Ele avista Shiryu e Seiya no chão, devido aos ferimentos da Agulha Escarlate de Milo e se mostra indignado com os companheiros de batalha prostrados perante o cavaleiro de ouro. Hyoga cobra deles a promessa de atravessar as Doze Casas e é interrompido por Milo: "Você só pode estar sonhando!", provando a arrogância dos cavaleiros de ouro. É aí que o Cavaleiro de Cisne mostra o início de seu crescimento. Ele continua sendo um cavaleiro muito sério, mas com uma influência muito menor de seus sentimentos.
Hyoga precisou aprender a deixar os sentimento no lado de fora do campo de combate, mas não deixou de ser um cavaleiro sensível e que valoriza o seu passado. Resumimos isso como uma jornada de amadurecimento.

Shiryu - Dragão

"O maior poder dos seres humanos é a amizade!"


Shiryu... Ah, como todo o asiático, ele era simplesmente o mais aplicado discípulo, como também um cavaleiro com tudo um tanto superior aos outros Cavaleiros de Bronze. Treinado por um dos mais fortes Cavaleiros de Ouro, com treinamento em artes marciais chinesas, com uma armadura dotada de um poderoso punho e do "mais forte escudo". Há alguma chance de ele não ser o cavaleiro mais forte entre os de sua categoria? O resultado de toda essa pompa em seus treinos foi a arrogância. Shiryu teve um ótimo treinamento e vemos ele na Guerra Galática subindo no ringue com ares de "Já ganhei." e "Vamos logo com isso, porque preciso voltar para casa". Vocês sabem disso, mas: Seiya encontrou seu ponto fraco, explorou isso, ganhou a luta, mas com sérias sequelas. Humildemente, Seiya pede aos médicos que o deixem acertar um soco nas costas de Shiryu afinal ele "nunca quis que ele morresse."
Quando Shiryu acordou, passou a valorizar a amizade, afinal, Seiya o venceu e não lhe devia nada, cavaleiros estão sempre dispostos a morrer, isso o isentaria de se arriscar para salvá-lo. Desde então, Shiryu passou a se tornar um valoroso amigo e a viver provando isso: Deu seu sangue para restaurar a Armadura de Pégaso; convenceu o Dragão Negro sobre os valores da amizade; cegou a si mesmo para vencer o Cavaleiro de Algol e assim devolver a vida a Shun e Seiya (transformados em pedra); e sempre levou em consideração o valor das pessoas.


Ikki - Fênix

"O Destino embaralha as cartas, mas nós as jogamos!"
Certamente Ikki foi o Cavaleiro que mais sofreu para obter sua armadura, considerando que seu mestre exigiu que Ikki nutrisse ódio por absolutamente todo o mundo. Por isso, foi tão fácil que Ikki se tornasse o vilão do arco da Guerra Galática: como uma criança desorientada, ele resolve "estragar a brincadeira" de Saori com os outros cavaleiros. Ikki trocou de lugar com Shun quando ele sorteou como treinamento a Ilha da Rainha da Morte (que era um inferno na Terra), e depois de um árduo treinamento (podemos ver em suas cicatrizes), viu seu primeiro amor morrer em seus braços, e matou o próprio mestre, naquela que seria "a lição de sua vida".
Depois de conhecer os Cavaleiros de Bronze, Ikki luta contra todos eles e perde para Seiya (com o apoio do cosmo de seus amigos) e depois de um tempo no "Limbo", ressuscita para aliar-se ao lado certo da luta. Seu estilo de vida anti-social implicou em separar-se do grupo reunido em nome de Atena, mas suas aparições sempre "salvam o dia".
Embora tudo à sua volta o sujeitasse à corrupção de sua pessoa, como cavaleiro, como ser pensante e como instruído a "Odiar a tudo e a todos", Ikki precisou de muito tempo para rever suas ações e deixar de culpar aos outros pelo seu destino tão doloroso. A questão é: quem determina os pontos da sua vida? O destino? Ou você pode libertar-se do sentimento de impotência e construir sua história com suas próprias mãos? Para Ikki, o passado ao qual ele foi jogado não importa, mas sim o que fizemos com a situação que nos é dada.

Shun - Andrômeda

"Eu não quero lutar. Deve haver outra saída!"
Temos que admirar o espírito pacifista de Shun. Absolutamente nada em sua vida foi uma escolha, o sujeito detesta violência, no entanto acabou com a Armadura com a melhor defesa e com o ataque de maior alcance. Em um universo em que jovens adolescentes podem explodir países inteiros com os punhos, Shun não fica nada empolgado pela responsabilidade que ganhou junto a sua armadura. Shun também é dono de uma técnica não dependente das Correntes de Andrômeda, que se trata de contaminar todo o ar de determinado ambiente com seu cosmo e esmagar o adversário... dependendo das opções dele.
Mesmo com essas vantagens, Shun sempre oferece ao adversário a chance de encerrar a luta sem que ela precise de um encerramento violento. Ele lamentou pelo ataque de Jabu de Unicórnio (que saltou sobre a forma defensiva da Corrente de Andrômeda) na Guerra Galática, pela luta contra Andrômeda Negro (que insistiu no combate até a morte, mesmo quando já vencido), pelas escolhas de luta de Dante (cavaleiro de Prata de Cérbero, que já havia gasto todo o cosmo), Afrodite de Peixes, Io de Scylla... há um número considerável de adversários que preferiram enfrentá-lo, mesmo sob sua advertências. E Shun, não vendo escolha, acabou vencendo (e matando) muitos de seus adversários. Você percebe sua natureza pacifista quando Shun usa as correntes apenas para imobilizar seu inimigo. Suas falas também implicam nisso, tentar resolver pacificamente, evitar lutas desnecessárias.

Seiya - Pégaso

"Eu não me darei por vencido jamais!"

A vida de nenhum dos cavaleiros foi fácil, com Seiya não seria diferente. Separado da única pessoa que significa família, Seiya conviveu no orfanato com os outros futuros cavaleiros da Fundação Kido, mas se recusava a mimar Saori como outros (Jabu). Talvez o Seyia criança soubesse o que significava discernimento, não é? Quando adulto, quando retornou à Mansão Kido, simplesmente mandou Jabu à merda e disse à Saori que não seria seu fantoche no torneio da Guerra Galática, voltando atrás quando Saori lhe prometeu investigar o paradeiro de sua irmã.

Uma das coisas que destaca Seiya entre seus companheiros é sua capacidade de aprender os padrões de ataque do adversário e então tentar evitá-los, coisa que acontece em quase todas as lutas que ele presencia. Por essa razão é muito normal que vejamos Seiya receber golpes incrivelmente fortes e muitas vezes indefensáveis (apelões). Seiya se levanta e tenta novamente, mesmo quando a superioridade do inimigo é incontestável, como o arrogante Mist de Lagarto, que alegava que nunca havia recebido um golpe, nunca havia ganho uma cicatriz e nunca havia se sujado com o sangue dos adversários. Nessa ocasião, Seiya dá uma grande lição em Mist, dizendo que "Cicatrizes são verdadeiras medalhas das batalhas vencidas!", e mostra a ele que, mesmo quando tudo estiver contra você, você deve persistir, insistir e vencer.


É claro, os Cavaleiros têm muito mais a nos ensinar do que uma ou outra citação aqui no blog. Mas Cavaleiros é um anime que significa muito pra mim. Eu tenho amigos (aqueles de verdade, sabe) que são muito fãs de CDZ, gente que moldou seu caráter com ajuda de Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun, Ikki e Saori.
Podemos ponderar que Kurumada era um péssimo autor, ele tinha ideias boas, mas não sabia bem o que fazer com elas. Talvez ele estivesse sendo um tanto sobrecarregado, mas ele era pouco assíduo e um péssimo cumpridor de prazo, assumidamente. Por resultado, CDZ é recheado de flashbacks que não aconteceram na linha que seus leitores (ou expectadores) assistiram. Kuramada inventa desculpas para antagonistas que são catastróficas (vide a história de Izaac, que treinava com Hyoga, ou a de Oko, que treinava com Shiryu, que só foram lembrados quando convinha ao roteiro mal planejado do autor). O pecado de Kurumada era sua falta de interesse em sua obra que agradava quase o mundo inteiro, ele estava mais interessado em produzir seu anime sobre boxe. Mesmo assim, dá pra arriscar dizer que Kurumada criou um monstro e não soube como tratá-lo, embora ele merecesse toda a sua gratidão.

Sem mais milongas, CDZ tem seus erros de roteiro, tem sua parcela de péssimo, mas, sobretudo, ainda é um anime que vale a pena.

Se você chegou até esta linha, boa notícia: final desse texto. Obrigado pela visita! Um abraço!

__________________________________________________________
Talvez você queira ler também:

A Filosofia em Naruto

A Filosofia em Bleach

A Filosofia em Doctor Who

A Poesia em Gankutsuou

3 comentários:

  1. Alguém mais ficou interessado(a) em ler uma análise sobre os 12 cavaleiros de ouro?

    ResponderExcluir
  2. Acho interessante as reflexões produzidas pela análise dos personagens: a produção/formação da vilania, a redenção, a construção e quebra de valores, a desconstrução de paradigmas e estereótipos, etc. Conforme o tempo passa, consigo ver mais profundidade em Saint Seiya do que nosso amigo Kurumada idealizou. Sim, às vezes me irritou por ele ser um autor tão "foda-se", mas não posso cuspir no prato que comi. Esse anime moldou o meu caráter e me fez a pessoa que eu sou.

    ResponderExcluir

Vai comentar? (Faça login no Google antes.)
Com a palavra, o mais importante membro deste blog: você!