quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

O dia em que aprendi a jogar Rock'n'Roll Racing


Se tem uma coisa que eu me arrependo na vida, foi a ideia de não ter pedido um Super Nintendo quando eu era mais novo. Eu contei essa história em outra ocasião, mas vou lembrar vocês: fiquei com dó da minha mãezinha nos tempos de 300% de inflação, e acabei optando por um Master System III...

Mesmo assim, amigos bons o tiveram, e como sempre fui rato de locadora, não me faltaram amigos pra me emprestar o controle 2. Eu também torrei pequenas fortunas com horas e horas de Super Nintendo em locadoras, o que me rendeu alguma experiência em Street Fighter II, que ficou em alta pela década de 90 inteira.

Mas eu me dei mesmo ao luxo de treinar feito louco um joguinho que já mencionei por aqui, chamado Rock'n'Roll Racing. Isso porque um desses bons amigos tinha o cartucho (e eu jogava com ele até tarde da noite).

Depois, uma locadora abriu perto da minha casa, ali construí minha lenda. Os meninos ficavam na volta do SNES do qual eu tinha pego 2 horas na locadora "pra virar Roquinrou reicing". Aí, vez que outra eu ia com um primo meu (Samir, um abraço! Saudade sua!), que fazia coleção de jogos terminados comigo, ou com Thiago, que era meu amigo de escola e de jogatina...

Anos mais tarde, o Pi (esse do blog) conseguiu pra mim um emulador de jogos de SNES para PS2 (Deus abençoe os piratas), e lá estava a Rom do jogo.

Nessas ocasiões (em duplas), eu costumava dar voltas nos carros adversários, juntava os pontos que precisava para passar de etapa (Divisão B -> Divisão A -> Próximo Planeta), e depois ajudava ferrenhamente meu parceiro para que alcançasse os pontos e partirmos para a próxima etapa juntos.

Nunca reclamaram disso, ou, pelo menos, nunca percebi. Embora de vez em quando eu ouvia alguns comentários do tipo "não precisa fazer isso", "não esquenta que eu mesmo passo", e etc. Mas talvez eu estivesse sendo ingênuo...




No trabalho conheci um grande amigo, o Acir, que pelas falas e referências, me parecia ter vivido muito bem na época dos anos 80 e 90. E, verdade seja dita, me identifiquei na hora. (Já mencionei o nome dele aqui no blog, aninhos atrás, quando lhes contei de um sonho meio doido.) Anos de conversa no escritório, quando chegou o fatídico dia: resolvi levar o PS2 até a casa do Acir, sem esquecer do Emulador de SNES.

Em Street Fighter II as lutas eram acirradas, mas nada que me preocupasse. (Creio que eu emulei tantas horas de Streer Fighter II, Turbo, Super... que pouca gente me intimida - veja bem: não estou dizendo que sou invencível, muita gente me dá trabalho nesse jogo, e o Acir foi adicionado à lista.)

Depois coloquei Street Fighter III, com uma breve explicação minha e com poucos minutos de observação, Acir tinha domínio do "time" do jogo. E como eu praticamente nunca havia jogado SF3 contra outra pessoa (e sim, só Arcade Mode), o Acir automaticamente se tornou um rival de peso no jogo. Isso era ótimo!

Aí, cansado da troca de porrada, resolvi oferecer a ele um passeio nostálgico no emulador de SNES. Mostrei a lista (acho que são 100 jogos) e ele disse:
- Opa! Tem Rock'n'Roll Racing!?
- É... curte esse?
- Demais! Vamos?
- Claro! - disse eu, presunçoso. - Mas te aviso que sou bom.


Colocamos no nível mais alto, porque a testosterona e a macheza estavam presentes nos dois jogadores...
E, dada a largada na primeira corrida, Acir ganha o primeiro lugar com uma vantagem enorme.
Segunda corrida: mesmo resultado.
Terceira: Acir dá uma volta em todos os competidores.
Após a sexta, ele começa a me ajudar a juntar os pontos para passar de etapa. Cuma???

Eu não acreditava no que estava vendo. Acir não tinha a menor dificuldade em fazer os outros 3 carrinhos comerem poeira. Fiquei boquiaberto até a hora de voltar pra casa. Nos despedimos, nos agradecemos, e parti.

Ainda dirigindo o Biermóvel, rumo à Bierhouse, me vem à cabeça um único pensamento:
- Carambolas! Então é assim que eles se sentem... eu nunca soube como era estar do outro lado da corrida.

Ninguém é invencível em jogo nenhum. Mas o Acir não precisava me lembrar disso com tanta intensidade.

Um comentário:

  1. Faaala meu bruuxo! Tudo certo?! Quanta honra ao ser citado novamente...obrigado, de coração 😁! Tô rindo muito...foi uma ótima tarde, muito tempo que não jogava com pessoas que curtiram esse ótimo Game e digo além...que muito fui surrado, sem dó, sem explicações, a ponto de ser escanteado por outros. E isso marcou demais na infancia/adolescência. O lado positivo foi que aprendi a jogar na marra e valorizei o esforço da mãe em ter dado um SNES. Ajudou a me integrar com outras pessoas no bairro com trocas de cartuchos e novos truques do mesmo jogo. Este um "Lado A e Lado B" daquilo que foi e não foi bom na vida e enxerguei adiante. E siga escrevendo. Flw!

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