segunda-feira, 4 de março de 2013

As Crônicas Tibianas - Cap. 66

Uma Busca Frustrada e um Belo Reencontro

Sam e Andrezinho haviam me dado esperanças para que alcançássemos o novo Druida. Eu estava já pensando em como treiná-lo, nas provações que lhe daria. Colocamos as mochilas às costas, empunhamos nossas armas.

- Vamos até o mercado de Venore? - Questionou Sam.
- Sim, é o melhor a fazer para conseguirmos pistas do paradeiro dele. - Respondi.

Descemos as escadas do Palácio de Papelão rumando ao mercado. Lá, por agora, era difícil ter qualquer pista dele.
- Será tolice continuarmos... - Aleguei, desistindo - ...não que eu desista do rapaz, mas beira ao impossível encontrá-lo aqui.
- Sabe, Bierum,... - disse Andrezinho - ...talvez seja melhor procurarmos na central de correios.
- Ou cartazes... ou bilhetes espalhados pela cidade... se bem que isso atrairá impostores. - Sugeria Sam Scott.
- Esqueçamos, amigos. O único problema é quando ele baterá minha porta novamente... só os Deuses sabem.
- E se você escrevesse uma carta para Alys? - Andrezinho perguntou, com a melhor das ideias que teríamos para tal situação.
- De fato. Farei isso. - Respondi. - Grato pelas ideias, amigos. Vou voltar agora.
- Vou voltar ao mercado. Quero ver o que os mercadores têm. - Disse Sam.
- Vou com você. - Andrezinho respondeu. - Pode ser que eu encontre algo de interesse.


Retornei ao meu aposento, e enviei uma pequena carta pedindo mais informações sobre o Druida. Expliquei-lhe que não estive em casa por um longo período  e que certamente o tal futuro aprendiz poderia bem ter batido à porta e desistido dado o longo de minha ausência. Fui o mais polido que pude, pois Alys sempre me ajudou a ter verdadeiros amigos. Lembro-me bem de Milla, de Scott, de Malú... todas boas recomendações, das quais jamais me arrependi.

Um vulto faz sombra em minha porta. Batidas secas atravessam meu aposento. "A carta deve ter chegado a Alys rapidamente... tem tempo recorde!" - pensei.

Levantei-me da escrivaninha e abria porta lentamente. Encontrei do outro lado um jovem cavaleiro de cabelos curtos em uma armadura prateada. Vestia também uma garbosa capa púrpura, que escondia um volume às costas. Tinha ainda uma espada na cintura, embainhada. O peitoral de sua armadura não era muito volumoso, era modesta, possivelmente escondendo alguma magreza.
- Tu és aquele que chamam de Bierum Wizzard, não és?
- Não esperava um Cavaleiro, eu esperava um Druida...
- Besteira, eu seria o primeiro a chegar. Bierfur provavelmente será o último...
- Você disse Bierfur? Você é um amigo dele?
- Podes dizer que sim. És Bierum Wizzard?
- Sim, eu sou ele, Cavaleiro. Pode entrar. Aquele que conhece Bierfur como amigo é meu amigo também.
- Tenho tua licença, pois. - Disse ele adentrando.
- De onde você veio? - Perguntei apontando-lhe uma cadeira.
Ele tirou o elmo e pôs a capa no chão enrolando aquele vulto que ainda não sabia o que era.
- Eu vim de Thais. Dividi teto com Bierfur.

Ocorreu-me que ele bem poderia ter sido inimigo de Bierfur e que aparentemente nada que ele dissera me dava garantias de que era verdade. Mas era tarde demais para qualquer coisa hostil, caso minha intuição houvesse imperdoavelmente falhado.
- O que mais você está sabendo sobre Bierfur, que eu não esteja?
- Talvez eu não o veja a mais tempo que a ti.
- Entendo... mas isso não seria possível. Eu não vejo Bierfur desde que deixei Rookgard. E isso já tem alguns anos...
- E Biertrus?
- Esse algumas vezes me faz visita. Parece-me que foi morar em Ab'Dendriel, com os Elfos pacifistas às caudas humanas.
- Portanto, falta-te apenas falar-me do outro irmão...
- Não, você se engana... temos uma irmã mais velha que pratica arquearia e luta com uma espada... de maneira que desperta inveja em muitos paladinos e cavaleiros...
- Sim, eu o compreendo.

Olhei em seus olhos e finalmente entendi o que se passava. Resolvi testar meu convidado.
- Sobretudo, Bierdus... ah, deste me dá pena...
- Por quê?
- Logo esse se fez cavaleiro... preferiu a vida fácil ao trabalho do paladino e aos estudos dos druidas e magos...
- Assim tu estás a me ofender... acaso não sabes que sou um cavaleiro? Nada o evidencia? Eu imaginava que os magos fossem seres inteligentes por opção...
- Acontece que sem o elmo, sei bem de quem sentou-se a minha mesa...
- Então você sabe quem eu sou?
- Só confirmarei se me disser algo: sabes como é o nome da primogênita de minha família?
- Ora! Nossa irmã se chama Alys, como tu ousas me perguntar isso?
- E o cavaleiro que veste a armadura prateada não pode dar um abraço no Mago que é seu irmão?
- Bierum!
- Bierdus, seu tolo! Por quanto tempo faria você esse mistério todo?
- Tolo és tu! Porque não me perguntaste antes? - E levantou-se para um abraço.

- Quanto aos  seus planos, Bierdus? - perguntei, sentando-me novamente.
- Prefiro falar disso assim que os outros chegarem.
- Outros?
- Bierfur e Biertrus... eles têm até o meio-dia de amanhã para chegarem. Do contrário, eu mesmo irei buscá-los.
- Isso é ótimo. Vou até o mercado comprar alguns mantimentos...
- Para nossa jornada?
- Jornada? Não, não... para que tenha uma noite agradável aqui. Vocês sairão em uma jornada? Se sim, serei obrigado a comprar mais algumas coisas. Você come carne?
- Sim, prefiro alimentos com carne...
- Peço que me aguarde.
- De modo algum! Eu irei contigo.

E caminhamos até o mercado. Bierdus me contou, em nosso passeio e nossas compras que viveu em Carlin, depois na Ilha gélida de Folda e depois encontrou com Bierfur em Thais, que foi onde viveu até o dia de nosso encontro. Contei-lhe sobre muitos dos que cruzaram meu caminho... o dia foi curto para se narrar tantas aventuras. Eu estava novamente contente porque havia mais um que portava sangue do meu sangue à  mesa.

O dia seguinte, meu caro... muito nos aguardava.

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2 comentários:

  1. Posso dizer que amo suas cronicas de novo? se sim, realmente amo como meu blogueiro favorito escreve, muito obrigado por estar retomando sua história, e declaro que vou me esforçar pra postar mais de meus textos, para seu deleite, e minha auto-estima ao ouvir seus elogios.

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    1. Obrigado por você ter vindo, minha querida. Fique sempre à vontade. Sou muito grato por você valorizar esse trabalho. E, sim, por favor, continue escrevendo, pois a coisa é de fã para fã!

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