sexta-feira, 29 de abril de 2016

Momento hipocrisia zero

Chamem-me de mau, mas prefiro ser sincero a portador da falsidade.

A menina de nariz empinado que nem me dava bom dia e ainda alegava ser explorada perdeu a vaga de emprego e ficou grávida. E os ex-orientadores querendo uma grande festa, um chá de bebê, em nome de tudo de bom que a menina fez. Minha presença? Muito longe disso. Já, a colega que vivia me espinafrando pelas costas finalmente conseguiu vaga na cidade onde queria. Essa festa de despedida sim, eu tive que ir.

Algumas pessoas são muito companheiras quando precisam de algo seu. Depois disso, tratam com desdém quem lhes ajudou.  Ainda assim, você espera algum tipo de gratidão. Uma espera vã.

Sei lá. Irrito-me fudidamente comigo mesmo por certas coisas. Especialmente por confiar nas pessoas. Irrito-me com a surpresa das pessoas naquele fatídico domingo em que nossos Deputados votaram “em nome da família” pelo impeachment da presidente, porque, caralho: a gente votou neles!!! E não me venham dizer que não são culpados, porque votaram na legenda, porque votaram em branco, porque votaram nulo. Ninguém mais se lembra de que, para que o mal vença, basta que o bem se cale.

Ainda a estupidez não cansando de me dar um belo susto, eu nitidamente vejo as pessoas sendo favorecidas no meu trabalho bem na frente do meu nariz, enquanto eu ganho mais uma carga de trabalho e um pouco menos de responsabilidade, para evitar que eu me destaque no grupo. Que beleza! Não bastando isso, tento inovar os métodos pré-históricos de trabalho, procuro reduzir erros comuns da minha repartição e, como recompensa, recebo risos da completa ignorância, sob a bandeira do “sempre foi assim”.
 
Surpreso mesmo eu fico comigo, aguentando calado toda essa hipocrisia. Fazendo o bem sem olhar a quem, dando leite morno às cobras. Deixo aí uma lição importante, antes que eu morra picado: você vai ser lembrado muito mais pelos invejosos do que pelos quais foi caridoso.

 

Por último, me irrito porque... Por que diabos eu tenho que ser bonzinho com as pessoas apensar das fodas que eu levo? Quer saber o que eu ganho com isso? Fama de bobo.

Como no velório do Comediante (do Watchmen), parece que as pessoas terão mais lembranças ruins do que boas. E talvez “os únicos a levarem flores aos nossos túmulos sejam nossos inimigos”, como se perguntou Rorschach.

Um comentário:

  1. Olha, achei legal, gostaria de conversar contigo sobre isso!

    "Chamem-me de mau, mas prefiro ser sincero a portador da falsidade."
    - Esse é um grande problema da humanidade, Bier. Somos condenados pelo que pensamos. -

    "A menina de nariz empinado que nem me dava bom dia e ainda alegava ser explorada perdeu a vaga de emprego e ficou grávida. E os ex-orientadores querendo uma grande festa, um chá de bebê, em nome de tudo de bom que a menina fez. Minha presença? Muito longe disso. Já, a colega que vivia me espinafrando pelas costas finalmente conseguiu vaga na cidade onde queria. Essa festa de despedida sim, eu tive que ir."
    - Acho que daí que veio o título desse teu texto, né? -

    "Algumas pessoas são muito companheiras quando precisam de algo seu. Depois disso, tratam com desdém quem lhes ajudou. Ainda assim, você espera algum tipo de gratidão. Uma espera vã."
    - Não perca a esperança desse jeito, Bier! Nós somos pessoas diferentes, há muitas pessoas boas! -


    "Sei lá. Irrito-me fudidamente comigo mesmo por certas coisas. Especialmente por confiar nas pessoas. Irrito-me com a surpresa das pessoas naquele fatídico domingo em que nossos Deputados votaram “em nome da família” pelo impeachment da presidente, porque, caralho: a gente votou neles!!! E não me venham dizer que não são culpados, porque votaram na legenda, porque votaram em branco, porque votaram nulo. Ninguém mais se lembra de que, para que o mal vença, basta que o bem se cale."
    - Eu queria lavar sua boca com sabão, mas sabe que eu concordo? -

    "Ainda a estupidez não cansando de me dar um belo susto, eu nitidamente vejo as pessoas sendo favorecidas no meu trabalho bem na frente do meu nariz, enquanto eu ganho mais uma carga de trabalho e um pouco menos de responsabilidade, para evitar que eu me destaque no grupo. Que beleza! Não bastando isso, tento inovar os métodos pré-históricos de trabalho, procuro reduzir erros comuns da minha repartição e, como recompensa, recebo risos da completa ignorância, sob a bandeira do “sempre foi assim”."
    - Irritante isso é mesmo! Na escola eu também tenho problemas assim nos meus projetos! -

    "Surpreso mesmo eu fico comigo, aguentando calado toda essa hipocrisia. Fazendo o bem sem olhar a quem, dando leite morno às cobras. Deixo aí uma lição importante, antes que eu morra picado: você vai ser lembrado muito mais pelos invejosos do que pelos quais foi caridoso."
    - Aqui fiquei com pena de ti. -

    "Por último, me irrito porque... Por que diabos eu tenho que ser bonzinho com as pessoas apensar das fodas que eu levo? Quer saber o que eu ganho com isso? Fama de bobo."
    - Deus do céu, Bier! O que foi que te aconteceu? -

    "Como no velório do Comediante (do Watchmen), parece que as pessoas terão mais lembranças ruins do que boas. E talvez “os únicos a levarem flores aos nossos túmulos sejam nossos inimigos”, como se perguntou Rorschach."
    - Bier, você precisa de um amigo pra se abrir. Me manda um e-mail uma hora dessas? -

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