segunda-feira, 16 de maio de 2011

As Crônicas Tibianas - Cap. 54

Desencontro no Deserto

Ainda me culpo pela maldita idéia de viajarmos pelo deserto durante o dia. Nossas botas estavam se desgastando envoltas da areia escaldante. Escorpiões do tamanho de ovelhas vieram em grupos em nossa direção, sobre nossas cabeças usávamos chapéus e elmos, mas o Sol Tibiano não tinha nem ao menos uma nuvem a lhe fazer companhia, portanto de nada aliviava nossa caminhada.

Um dia se passou e tudo que vimos foi areia e algumas criaturas fracas. Acampamos em uma caverna rochosa. A temperatura do deserto despencou. Felizmente, estávamos bem abrigados. Na manhã seguinte, já havíamos entendido que dormir no deserto estava fora de questão. E a montanha que antes nos abrigara servia também de divisa do deserto, um sinal de que estávamos no caminho certo ao encontro do Gênio. Mas a divisa era imensa e precisamos escalá-la. Tínhamos três cordas, o que nos permitiu puxarmos uns aos outros rumo ao topo da montanha.

Uma parte da montanha era plana, antes do topo. paramos ali para reorganizarmos o grupo e até comer alguma carne, pois não havíamos feito a primeira refeição da manhã. Grazi fez uma fogueira. O fogo se comportava de modo estranho. O ar estava um pouco pesado, coisa que deveria ser inversa nas montanhas. Em meio ao acampamento, tive a impressão de que vultos passavam por pedras. Achei que fosse, mais uma vez, o Sol em minha cabeça.

Estávamos levantando acampamento quando Bryan, que já estava de mochilas prontas, resolveu andar pelo perímetro daquela parte. No lado leste, pedras eram maiores e foi de lá que ele voltou correndo.
- Pessoal! Acho que fiz besteira!
- O que foi? - Gritou Milla.
Uma estranha criatura semelhante
aos Dragões
- Tem um bicho estranho atrás de mim!
E, imediatamente, de trás dos rochedos saiu um lagarto de porte médio, com couraça marrom, olhos verdes como veneno e língua roxa. Ele preparou uma baforada da qual esperávamos fogo, mas dela saiu uma nuvem verde. Bryan, envolto por ela, começou a tossir e sumir ante sua espessura.

Fomos mais que rápidos ao ataque. Milla, mais preocupada que todos, saltou à frente. E, logo, Milla também estava desaparecendo na nuvem verde. Isso me enfureceu.
- As Pedras Rúnicas de Gelo, Bierum! Rápido! - Gritou Grazi.
- Abaixem-se! - Eu gritei para Milla e Bryan, os quais eu não tinha mais em meu campo de visão.
Os raios de gelo que saíram das pedras que Grazi e eu lemos acertaram aquele estranho dragão. O gelo abriu caminho através da nuvem verde e a condensou. Era veneno.


Sangue verde
 Uma pequena nuvem se formou onde houve a mistura com gelo. Atravessei-a com meu escudo à frente. Senti tontura. Senti o calor provindo da bocarra da criatura maldosa. Ajoelhei-me no chão. Meus olhos se fecharam contra a minha vontade. A morte estava próxima.

Num súbito raio de luz, sangue esverdeado jorrou e ensopou um pedaço do chão. Apenas senti o brilho daquela luz e ouvi o barulho do líquido tocando o chão com demasia. O raio de luz era apenas um  reflexo do golpe que Andrezinho desferira.  Ferida, a criatura encolheu-se e começou a emitir um estranho som, que nos deu sonolência. Andrezinho, andando sem uma trajetória previsível, terminou por decaptar a criatura.
Sam Scott aproximou-se de mim e usou um encantamento que tirou o veneno dos meus pulmões. Ainda atordoado, Andrezinho tirou do peitoral de sua armadura um anel de prata esbranquiçada, e pôs no dedo. Sua tontura cessou. Ele retirou o anel e pôs em meu dedo. Senti minhas forças voltarem e me pus de pé. Entreguei-lhe de volta o anel e o agradeci.

A nuvem se desfez por completo. Mas não víamos mais Milla, Bryan ou Grazi. A montanha onde ficamos era alta. Temi que a tontura fosse coletiva e nossos amigos tivessem se precipitado. Voltamos a sentir o brilho forte do Sol. Mas onde estavam eles?

Acalme-se, meu amigo. E descanse. Contarei como nossa jornada prosseguiu assim que descansarmos.

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