segunda-feira, 29 de março de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 19

Um bom fim para Boozer e um começo para Grazi

Amanheceu e Carlin já nos acordava ao som da espadas. As donas-de casa tinham pequenas facas nas mãos e gritavam "Praga de Ratos!" - E era verdade: os esgotos de Carlin eram mais cheios de vida do que as ruas. Mas tanto havia daquela vida, que transbordava.

Andrezinho, Malu, Grazi e eu descemos as escadas da casa de Sagal e saímos à cata desses roedores. Me repugnavam, mas no meio de uma ou outra onda de fogo que eu e Grazi lançávamos, sorri e disse a Andrezinho:

- Isso não lembra do velho Tom, da Ilha de Rookgard?
- É verdade! Ele dava duas moedas de ouro por couraça de rato.
- E os mais jovens apelidavam o coitado de "Tom Carniceiro".
- Hahahaha! - caímos os dois juntos na gargalhada.

Uma hora se passou, e decidimos então partir a Venore. A caminhada continuou pela "Grande Estrada Principal"; pelo Desfiladeiro de Kazordoon; pela velha ponte, onde alguns anões nos importunaram; e depois de alguns kilômetros tibianos, estávamos em Venore. O sol do meio-dia esquentou nossas cabeças, acabamos indo novamente à Sorveteria.

Boozer recebeu de bom grado as três garrafas com o Licor mágico que havia nos pedido. Em troca, deu-nos sorvetes de graça e ainda se encantou com Grazi. Como reconpensa, Boozer nos deu três pás leves, ideais para aventuras subterrâneas. Também nos deu uma parte dos lucros, dez moedas platinadas, as quais depositamos no Banco de Venore.

Após nosso inusitado almoço, as garotas foram novamente às compras. Foram a tão desejada loja de roupas. De lá, voltaram cada uma com um pacote. No fim da tarde, Sagal passou em Venore, em busca de Grazi. Decidimos, os cinco que Grazi deveria ir antes. Viajar à noite é perigoso, mas Sagal é um Paladino respeitado, e como futuro marido, nada mais justo que os dois ficarem juntos.

Sentei-me em minha cama por uns instantes para fazer um balanço geral, afinal, obtemos lucros na luta contra os anões. Reparei que Malu andava pelos corredores. Acendi um lampião de óleo e fui até ela.

- Não foste dormir ainda, minha querida?
- Bierum... você vai com alguém até o casamento de Grazi?
- Sim, irei. Com você e com o Andrezinho, como deve ser.
- Puxa...
- O que foi?
- Sei lá. A gente anda pra cima e pra baixo. Eu sou muito grata pelos seus ensinamentos, mas acho que o mundo tem muito mais a me oferecer.
- O quê, por exemplo?
- Por exemplo, você!
Meus olhos pareciam ter ardido naquele momento. Senti milhares de borboletas em meu estômago e minhas mãos suavam.
- Veja bem, minha querida...
- Eu sei o que você vai dizer! Vai dizer que sua família já lhe prometeu a alguém!
- Na verdade, eu só ia perguntar-lhe se você aceita essa responsabilidade. Os sentimentos muitas vezes atrapalham uma batalha. Não posso permitir que você morra. Nem que o Andrezinho.

- Olha, Bierum... dessa coisa de sobreviver, cuido eu. Você acha que eu não consigo proteger o grupo, assim como você faz?
- Não... eu não quis dizer isso.
- E então?
- Eu quis dizer... que se você se sente preparada, pode escrever uma carta ao seu pai. Fale sobre o que sente. Não quero mergulhar Venore em uma guerra por causa do que eu sinto.
- E o que você sente?
- Necessidade de proteger você. E de estar com você.

- Vocês dois não preferem acordar cheios de energia e trocarem agrados à luz do dia? - Disse Andrezinho, com voz sonolenta.
[B.W.] - Está certo. Nos desculpe.
[M] - É.
[And.] - Na verdade, eu estou muito contente em ver meus dois melhores amigos juntos.
[B.W.] - Obrigado, Andrezinho.
[M] - Vou pra cama. Talvez os rapazes ainda queiram conversar.
Malu retirou-se.

- Bierum, com esse último depósito, o aluguel está garantido?
- Por dois meses, meu amigo.
- Ótimo. Talvez fosse bom descansarmos da luta, mesmo.
- Os próximos dias serão de festa...
- "Cerimônia da Eterna União"... Humpf...
- O que foi?
- Nada é eterno.
- Você não quer ir até lá, honrar o compromisso de Sagal e de Grazi?
- Quero... embora não acredite em tudo que eu leia.

Depois disso, fomos para a cama. Andrezinho ainda tinha de comprar algo para Grazi. Mas por agora, descansemos, meu querido ouvinte. Que a noite lhe agrade, assim como agrada a mim.

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