A aventura em Kazordoon
Nossos olhos mal haviam se acostumado com a claridade do nascer do Sol, mas estávamos atravessando um bosque. O caminho foi breve e alguns anões tentaram interromper nossa viagem, fracassando seguidas vezes. Finalmente avistamos a entrada da montanha de Kazordoon.
No centro da montanha, uma porta enorme parecia vigiada por duas estátuas gigantescas de anões.
- Irônico, não? - comentou Andrezinho - Estátuas de anões gigantes!
- Os anões são mestres da escultura... alguns melhores que os humanos...
- Tem mais disso nos livros, Bierum... eles manipulam metais como uma segunda natureza. E se escondem no subsolo como se tivessem vergonha ante a natureza.
- Vamos indo? - perguntou Malú.
Ao entrar na caverna, nossos olhos mergulharam na escuridão. A cidade subterrânea tem em sua entrada escadas que sumiam na imensidão do escuro. Descemos até que a luz alaranjada do magma iluminou as paredes do hall de entrada. Andrezinho, Malu e eu arregalamos os olhos antes perturbados pela luz. Das paredes, podíamos ouvir o som de picaretas trabalhando, como se a cidade de Kazordoon estivesse sempre em progresso.
O primeiro anão que avistamos consertava carros de minério. Ele estava tão concentrado no trabalho que nem ao menos nos viu. Outros abriam espaço nas paredes, mediam aberturas, preparavam reforços às pilastras. Ocupados demais para lutar.
Uma placa esculpida nas paredes de pedra da cidade apontava a direção da Taverna. Imaginando que o licor que Boozer queria pudesse estar ali, entramos nela. Anões brigavam entre si, enquanto o resto dos clientes da taverna continuavam com suas bebidas normalmente. O taverneiro simplesmente se recusou a ir até a parte do balcão onde estávamos. Passava pela nossa frente e atendia outros clientes, todos anões.
Andrezinho me olhou nos olhos e deu um pequeno sorriso malicioso. Quando o anão taverneiro passou, segurei-lhe pelo colarinho e coloquei sua cabeça sobre a mesa:
- Minha paciência é digna dos monges, mas meu amigo é conhecido em Venore... ou será que um velho anão velho como você nunca ouviu falar da lenda do cavaleiro negro?
O taverneiro levantou os olhos e os viu refletidos na espada de Andrezinho.
- Ele não fala muito... mas luta o suficiente para transformar um ciclope em um anão...
- Está bem! Está bem! Parem, humanos! Eu os servirei.
- Apenas diga onde está o Licor encantado de Kazordoon. - Ordenou Malu. - Não podemos segurar o cavaleiro negro. Ninguém pode.
- Fi-fica no de-depósito norte... mas me soltem...
- Você falou e a sorte sorriu pra você... - eu disse, soltando o anão, que correu de volta para trás do balcão.
- De onde tiraram isso de Cavaleiro Negro? - perguntou Malu.
- É o truque do mago bonzinho e do cavaleiro malvado. - expliquei.
- Sempre funciona! - disse Andrezinho.
Nas ruas de Kazordoon, era difícil se saber a direção do norte. Mas encontramos uma placa dizendo "Depósito Norte". Uma porta de madeira foi atravessada, e encontramos uma escada colossal.
- É como se esses anões pensassem que são gigantes. - Comentou Malu.
- Eles precisam de algo para se orgulharem... - Explicou Andrezinho.
A primeira escada se encerrou em um quarto muito pequeno. Acendi a palma da mão para que víssemos o que nos aguardava: mais anões do que cabiam naquele quarto.
Andrezinho deu um golpe de espada que acertou três anões ao mesmo tempo. A espada de Malu faiscou na parede e acendeu uma tocha que estava prudentemente apagada e acertou outros dois anões. Os mais fracos tombaram perante minha magia, a onda de fogo. Subimos mais uma escada, luz apagada, minha palma novamente acendeu. Dessa vez, anões vestiam armaduras, escudos e machados dourados. Esses deram muito trabalho... usei o chicote de raio, a onda de fogo quase queimou Andrezinho, e o escudo de Malu quase rompeu em um golpe feroz de um anão.
Andrezinho encontrou mais uma tocha na parede. Depois que os anões estavam mortos, restava-nos investigar o depósito. O fogo da tocha iluminou o pequeno quarto... e muitos barris estavam empilhados.
- Assim, nunca encontraremos... - lamentou Malu.
- Não fale assim... - tentei acalmá-la.
Andrezinho sorriu:
- Vocês sabem que o licor encantado faz o som de um sino quando faz movimento?
- Como você sabe disso? - duvidei.
- Lendo. - ele respondeu.
Começamos a agitar os barris e, pouco depois, um deles fez o ruído dos sinos, como mágica, nas mãos de Andezinho. Sacamos as garrafas e as enchemos do líquido musical. Ouvimos passos de anões subindo as escadarias. Andrezinho jogou um barril escada a baixo, abrindo caminho. Ao voltarmos ao piso original de Kazordoon, anões brigavam entre si novamente. Foi a chance perfeita para corrermos muito. Foi o que fizemos.
Quando avistamos os corredores de entrada de Kazordoon, ouvimos passos e o som dos dardos cortando o ar, em nossa direção. Nossa pressa nos permitiu alcançar a montanha rapidamente. Descemos a montanha, ainda ouvindo a marcha dos anões.
- Um esconderijo! Precisamos encontrar um rápido! - Eu gritei.
- Estamos perto de Carlin! Eles repudiam as civilizações humanas, não nos seguirão! - Respondeu Andrezinho.
O cansaço estava começando a nos atravancar... Assim como você deve ter se cansado dessa história... Carlin apareceu em nosso mirante. Nossas pernas doíam, mas continuamos. O que nos esperava em Carlin? Descanse antes, meu amigo. Tenho muito ainda a lhe contar.
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