segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 8

Fugindo das amazonas

Após ter acordado, eu havia perdido a noção do tempo. Embora nossas vidas estivessem em risco evidente, Andrezinho parecia calmo. Jamais direi a você, amigo, se ele apenas parecia ou se realmente estava calmo, o cavaleiro Andrezinho é um mistério.

Repentinamente, um raio azul e um clarão vermelho iluminavam rapidamente a entrada de nosso cárcere. Nossa carcereira empunhou uma lança e foi em direção à entrada (novamente escura). Senti uma gota de suor atravessar minha barba (estava ficando longa). Como eu reagiria sem meu cajado? Andrezinho também não tinha sua espada em mãos. Mais um flash, dessa vez mais perto. Era hora de confrontar nosso destino. Uma voz ecoou da entrada em nossa direção:
- Mestre Bierum!

Era Milla. Grazi vinha logo atrás, guardando algumas moedas, mas ainda empunhando seu cajado. As duas avistaram nossas mochilas. Milla alcançou-me o Cajado Mórbido, mas foi inútil contra as grades do calabouço. A espada de Andrezinho não passava entre as grades. Mas as garotas não desistiram.

- Para trás! - disse Grazi - Isso vai exigir um pouco de concentração.
Milla se afastou. Grazi deu uns passos para trás e colocou, com uma onda de fogo, os portões abaixo. Depois disso, reavemos nossas mochilas e armas. Nosso companheiro de cela tinha uma faca e parecia alucinado. Decidimos partir e, então, a atravessar os corredores da civilização das amazonas.

No corredor, oito valkírias estavam vindo em nossa direção. Dessa vez, não foi difícil, pois juntos éramos mais fortes. No fim do corredor, uma divisão. Em um lado, lembramos, havia o caminho para a sala do trono. No outro, a superfície, que é por onde fomos. Lá em cima, as amazonas nos cercavam. Andrezinho interceptou as facas arremessadas em nossa direção. Grazi emanou uma onda de fogo em direção a quatro delas. E Milla observou sorrindo.

- Creio que você também possa fazer isso. - Eu disse. Pedi a Andrezinho que nos protegesse e a posicionei. - Então, Milla, diga as palavras mágicas e se concentre. Você será capaz de fazer a onda de fogo.
- Concentração... - ela me disse.

As amazonas se aproximaram depressa, queriam nos capturar.
- Onda de fogo! - Milla gritou. E nisso, as amazonas começaram a correr na direção oposta.
- Muito bem! É assim que se faz. - Eu disse, sorrindo. Desesperadas, nossas adversárias corriam. Andrezinho e Grazi as alcançaram, ainda que não todas, mas foi disso que nossas mochilas se fartaram. Havia muito ouro.

- É tempo de voltarmos para casa. - eu disse. Todos consentiram. Andrezinho olhou para trás antes de deixar a cidadela. Nisso, Grazi disse:
- Não se preocupe, aquela rainha será destronada. Se não por elas, por nós.

Após algum tempo de caminhada, retornamos. Cada qual foi para seu aposento. Grazi dizia que tinha de preparar as malas, Andrezinho encontrou um pacote do correio. Parecia endereçado pelo castelo que o havia treinado. Milla foi para o quarto. Reparei em mais uma carta em nosso alojamento, novamente endereçada aos meus cuidados. Abri-a e meus olhos tremeram. Minha irmã, Alys, tinha novas notícias. Chamei Milla, que ainda não dormia.
- Sim, mestre?
- Hoje, eu fui corajosamente salvo por duas amigas minhas. Uma é Grazi, que vive trocando favores comigo. Outra é minha aprendiz, que parece exercer a magia com responsabilidade. Eu tenho algo pra você...
Seus olhos brilhavam. Caminhei até o baú de meu quarto e entreguei a ela meu Cajado do Dragão.
- Use-o com honra e responsabilidade, minha cara.
Seus sorriso se abriu.
- Obrigada, mestre. Eu o farei.

Meus olhos voltaram-se à carta. Ela percebeu.
- Milla, Alys mandou-me essa cara. Quero que você seja a primeira a saber. Leia.
Ela não demorou muito a ler.
- Mestre, você vai aceitar isso?
- Eu sei que não temos muito espaço, mas Grazi pretende se mudar logo, sendo assim... Só precisarei de um pouco de tempo para saber se a escolha de Alys foi sensata.
- Você é quem sabe, mestre. Quer que eu lhe ajude com a barba?
- Temos bastante tempo, minha cara. É melhor que você durma. E tome cuidado com esse cajado.
- Tudo bem. Boa noite.
- Boa noite.

O cansaço parecia ter tomado conta de nossos corpos. O seu também, meu amigo. O texto dessa carta? Breve você saberá. Descansemos, por agora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vai comentar? (Faça login no Google antes.)
Com a palavra, o mais importante membro deste blog: você!