segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 10

A travessia da floresta

O sol estava forte, mas amenizado pelas árvores que nos cercavam, não só pelos lados, mas também por cima... árvores grandes, de um verde intenso. Às vezes não distinguíamos o que era chão e o que era céu.

Mas, no meio da imensidão da grama, um grosso traço marrom de terra bastante disforme fazia uma espécie de trilha. Eu estava mergulhado no verde da agonia, mas tentava não aparentar isso. Ouvíamos apenas o quebrar dos galhos e os zumbidos dos insetos.

Repentinamente, uma voz humana colidiu com nossos ouvidos:
- Pare! Vá embora ou eu te mato!
Nesse momento, um milhão de dúvidas vieram à minha cabeça, as mais inquietantes ocorreram enquanto eu a virava para o dono da voz: "Quem poderia ter dito isso?", "Será que ele viu apenas a mim?", "Seria um ladrão ou um caçador?",...

Só poderia alguém mais forte para se dirigir a nós com essas palavras... apertei meu cajado com força. Abri as folhas que estavam entre o "novo inimigo" e eu... e encontrei um papagaio vermelho, um pouco maior que minha mão aberta.

Milla se aproximou:
- Como é bonitinho! Que gracinha!
Eu, por outro lado, tirei o suor da barba com a palma da mão e me perguntei, preocupado, como aquele papagaio teria aprendido tal frase.
- Preocupado, mestre Bierum? - Milla me perguntou. E assim, achei melhor que ela soubesse o que eu estava escondendo.
- O que ele disse, Milla, é algo comum entre ladrões e caçadores...
- E?
- Eu temo, minha querida, que outros homens já tenham pisado aqui há muito tempo, e o que ouvimos dele é um reflexo de que não eram bons homens. Percebeu? Sua voz era masculina e seu tom era ameaçador. Aí está o meu temor.

Caçadores? Ladrões? Assassinos? Continuamos abrindo caminho pela mata. Uma grande clareira nos fez encontrar uma manada de elefantes. Calmos, estavam em volta de um lago. Com o calor que fazia, isso era bastante justificável. Ficamos à espreita deles, em silêncio. Um deles se levantou e veio em nossa direção, silenciosamente levantei-me e chamei Milla. Entranhando-nos na mata fechada, encontramos uma árvore firme bloqueando o caminho. Estávamos longe o suficiente dos outros elefantes. Tanto Milla quanto eu paramos diante da imensidão do animal que nos seguia.
- Ataque, Milla! É tudo que podemos fazer! - gritei.

O ataque de Milla, com o Cajado do Dragão, queimou uma da patas do elefante. Ele acertou a mim, fazendo com que eu fosse jogado longe do combate. Milla ficou sozinha com ele. Diante dela, o elefante levantou as duas patas dianteiras para esmagá-la. Mas, ao invés do impacto de suas patas, o som que se ouviu, posterior a isso, foi um zumbido alto e o som dele tombando. Eu havia me recuperado e o derrubei com o chicote de raio.

Ofegante, perguntei:
- Tudo bem com você?
- Mestre, eu senti muito medo.
- Eu também! O que eu faria se algo de ruim acontecesse com você?
Após um abraço, ela me pergunta:
- E agora, mestre?
- Tenho espaço na mochila para mais uns bifes. Vamos aproveitar a carne de nosso adversário.

Depois que apanhamos um pouco da carne aproveitável, voltamos à rota, rumo à Darashia. Mas a mata estava mais escura, e eu não avistava o céu. Chegamos à conclusão de que a noite havia chegado. Um raio branco, mas não de luz, cruzou minha linha de visão. Olhei nossa volta, mas nada avistei. Pedi a Milla que ficasse de costas a mim, e eu de costas a ela... pequenas risadas circulavam entre nós. Mais um feixe branco aumentou em minha direção. Ataquei com meu Cajado da Morte. No chão, encravou-se a atingida flecha.
- São caçadores, Milla! Prepare seu escudo.

De fato, três caçadores nos cercavam. Jogavam flechas com seus arcos e riam, como se fôssemos presas fáceis. Eu senti o ódio crescendo dentro de mim. Milla e eu não teríamos andado tanto para terminarmos nossas vidas ali! Pedi a Milla que me seguisse e mergulhei no caminho fechado, mais uma vez. Os caçadores acabaram formando uma fila, quando percebi isso, virei-me rapidamente e desferi a Onda de fogo. Não precisando falar nada, Milla fez o mesmo. As folhas da floresta ajudaram a queimar nossos adversários, exceto o último, que começou a correr na direção oposta.

- Mestre! Mate-o com o chicote!
- Acalme-se, eu tenho um plano, vamos atrás dele!

Poucos minutos depois, encontramos uma casa feita com madeira das árvores. O caçador entrou nela e respirou aliviado. Abriu um baú e colocou dentro dele duas presas de marfim.
- Meu plano deu certo, Milla.

Sons de luta romperam os ruídos da floresta. Minutos depois, tínhamos um lugar para passar a noite. E, devo acrescentar, o Cajado da Morte funciona muito bem contra humanos. Pela janela, o corpo de um caçador jogado. Bifes esquentavam na chapa da casa dos caçadores. O dia seguinte nos reservava maiores surpresas.

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