segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Crônicas tibianas - Cap. 6

Dia de compras

A noite que antecedeu o dia de compras terminou tarde para mim. Escrevi uma carta à minha irmã, Alys. Depois de um pesado sono, o dia começou tarde. Acordei procurando por todos na casa. Milla era a única que estava.
- Bom dia.
- Bom dia, professor.
- Onde estão todos, minha querida?
- Bem... Grazi saiu cedo, mas disse que volta para as compras.
- E Andrezinho?
- Ainda não voltou.
- Estou preocupado com isso... mas ele não me perdoaria se eu fosse salvá-lo.
- Sugiro que você deixe uma carta a ele, pra quando chegar. Também preparei um pouco daqueles peixes... vamos almoçar?
- Que horas se fazem aqui?
- Já são quase duas da tarde.
- Não almoçou?
- Não sem você.

Com um sorriso no rosto acabei comendo os peixes preparados por Milla. Pedi a ela que pegasse seu cajado e uniforme de maga, para que começássemos o passeio. Vesti-me adequadamente, também. Peguei um manto azul, o chapéu de mago e carregando o cajado do dragão. Milla vestia seu manto vermelho e seu Cajado Vórtex. Sempre sorrindo. Esperei-lhe em frente ao alojamento. Ela saiu e começamos a andar. Eu nafrente. Milla me seguia ostantando com orgulho o cajado.

No mercado, o movimento era grande. Mas, diferente do depósito, o código de honra ali é nulo. Se alguém atacasse, dependeríamos da vontade alheia para que haja consequências. O movimento intenso me deixou despreocupado. Fomos à loja de magia. Em Venore, os vendedores de magia são apavorantes, fato que me fez segurar a mão de Milla enquanto negociávamos.

O vendedor de artigos mágicos me ofereceu um cajado mórbido. Achei a proposta ruim: o cajado simboliza a morte. Mas acabei cedendo à oferta, dados os poderes que ele me proporcionaria. Milla comprou poções mágicas, daquelas que aumentam a concentração. O vendedor fora muito estúpido com ela, mas ninguém mais em venore venderia as poções.

Quando estávamos de saída, um homem vestindo uma capa azul e segurnado um bastão com um crânio no topo.
- Bierum! - ele grita. Virei-me devagar, segurando a mão de Milla de novo. - Sabe quem eu vi a pouco?
- Zago? O que você faz aqui?
- Acabo de voltar do Vale dos Ciclopes, meu caro.
- Quem você viu?
- A pouco tempo, Grazi estava no correio... o ruim foi que quando saí, tive a impressão de que avistei Aart Supo. O correio está sob o código de ética, então não voltei.
- Essa informação foi importante, Zago. Obrigado.
- E essa aí? É a próxima senhorita Wizzard?
Milla se escondia um tanto nas minhas costas, mas ainda tinha seu vulto evidente.
- Oh, não, não... é apenas minha ajudante. Mas tem realmente muito talento para a magia, meu caro.
- Vejo... - disse Zago - ..então você... - um som de tremor interrompeu nosso diálogo.

Começamos a correr para a direção do Banco de Venore.
- Prepare-se para engajar combate, Milla. Se precisar, volte ao alojamento. - Disse eu, enquanto corríamos.
Na frente do banco, Grazi lutava contra nada menos do que Aart Supo. Ele jogava gelo com seu Bastão da Lua Cheia. Grazi usava um Cajado Vórtex. Quando entramos os três na arena, ele gritou:
- Bando de covardes! Quatro contra um?
- Não somos covardes! - contestei- Um covarde ataca uma dama sem motivo!
Milla ajudou Grazi a levantar-se. Deu-lhe uma poção. Zago ficou no meio da arena. Eu entreguei o cajado do dragão para Grazi.
- Um empréstimo, minha amiga.

Assim que Grazi levantou, nós três saímos da arena. Ela derretia o gelo jogado por Supo. Quando ele sofreu o primeiro dano desferido por ela, saiu de perto de todo o grupo.

- Agora ele vai ver! - Zago corria com entusiasmo.
- Deixe-o. Ele já entendeu a lição. O importante é que Grazi está bem e finalmente botou medo nele.
- Quem era aquele homem? - perguntou Milla.
- Aart Supo é um drúida, assim como Zago.
- Queeeeê? - gritou Zago. - Tá me comparando com aquele...
- Não, não desse modo. É apenas pela vocação. Zago é nosso amigo e é honesto, entendeu, minha querida?
- E Supo é petulante também. Ele tentou me assaltar. Quando engajamos o combate ele apareceu, mas eu não estava pronta. - Grazi dizia, um pouco aborrecida.

Depois disso, coloquei minha carta no correio e voltamos às compras. Grazi me mostrou que havia dominado a onda de fogo e o chicote de raio. Essa segunda magia, pedi que me ensinasse e foi o que ela fez quando as compras acabaram. Milla ganhou um chapéu de mago e um livro sobre lendas, comprados com o dinheiro que retiramos dos trolls. Grazi comprou um manto azul. Zago entregou-lhe um Cajado do Dragão explicando que Sagal havia vencido um mago dono de uma escola de magia negra, chamada Torre Negra.

Chegamos ao alojamento. Zago decidiu voltar a Carlin. Ao abrir a porta, Andrezinho estava sentado sobre a cama, parecia exausto. Milla deu-lhe uma poção rapidamente.
- As amazonas têm uma líder. Fui aprisionado, mas consegui fugir. - contou-nos Andrezinho.
Ele havia trazido muito dinheiro consigo. Não conseguíamos ver a base da mesa, dadas as tantas moedas.

Grazi disse que precisaria de um treino mais consistente do que os que tínhamos em Venore. Pensava seriamente na possibilidade de se mudar. Milla estava feliz. mais uma vez as confusões acabaram bem. Eu disse a eles que no dia seguinte iríamos à Colônia das Amazonas. Todos consentiram. Grazi preparou pão para que jantássemos. Andrezinho dormiu sem jantar.

Uma nova aventura começará, meu amigo. Não só com um retorno ao campo de batalha de onde Andrezinho fugiu, como também chegará a hora em que Milla passará por um teste. Uma nova carta está a caminho de nosso alojamento. Mas para tanto, permito que você descanse antes.

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