quarta-feira, 28 de junho de 2017

As Crônicas Tibianas - Cap. 77

Por onde o Sol nasce

A sensação de estar cercado de inimigos sedentos pela morte adversária é indescritível. Como eu disse anteriormente, o céu parecia ter escurecido rapidamente. "Será a morte?" - eu me perguntava. Nossos ataques não tinham sincronia combinada, era tudo uma questão de ação e reação. Não havia tempo para nos comunicarmos, com exceção de alguns gritos que dávamos em direção uns dos outros.

Bierdus havia mergulhado na concentração adversária. Eu quase não o reconhecia entre os movimentos, mas ele atacava todos os que sua espada alcançava. Biertrus, Bierfur e eu estávamos cercados e ainda em combate, mas nossas reservas de combate estavam acabando. Os Strikers estavam mais preparados, eles saíram de seu quartel general destinados a acabar com os viajantes desavisados. Teria Bierdus superestimado nossas capacidades? Nove adversários? Ele esperava tantos assim? Éramos apenas quatro, um com cada vocação. Eles era mais que o dobro, ávidos por ação e pelo derramamento de nosso sangue. "Parece que você cometeu um erro mortal, Bierdus." - eu pensava.

Finalmente jogaram Bierdus de volta ao centro, conosco. Seu rosto estava arranhado, a armadura com marcas de queimadura e fendas. Era uma violenta luta, talvez a maior que ele tivesse travado em sua vida, pelo menos até aquele momento. Voltávamos à posição inicial, cercados. Razul surgiu novamente, enquanto nós quatro nos recuperávamos como podíamos. Nosso inimigo exclamou:
- Olhem! Este cavaleiro vai virar pó quando meu machado ir ao chão!

E os braços de Razul ergueram seu machado, seus músculos se dobravam com força para a saída de um poderoso e rápido golpe. Biertrus não admitia a derrota, ergueu o escudo, quase vencido pelo cansaço. ele sabia que não suportaria o golpe de Razul, mesmo assim apoiou o escudo como pôde. O cansaço também vencia o restante do grupo. Foram noites sem reconhecer uma cama, estávamos exaustos. E nossa recompensa seria inglória. Biertrus seria o primeiro a morrer...

Estranhamos, no entanto, a demora pelo impacto do golpe. Quando voltamos nossos olhos para os adversários, que estavam em polvorosa. As mãos de Razul, congeladas, agora eram unidas em uma maciça rocha de gelo, enquanto os seus homens olhavam para os lados, agora engajados em um combate mais igual.

Quem congelara as mãos de Razul foi Arthur Sam Scott, o Druida que era meu aluno. Um dos Paladinos que estavam no grupo de Razul mirou-lhe um dardo na cabeça, mas o dardo foi destruído em choque com o escudo de Andrezinho, que estava junto a Sam.Os Druidas de Razul contorciam-se de dor, devido às queimaduras provocadas por Grazi, a maga (que há muito tempo eu não via) e por Milla e Bryan, que faziam gigantescas ondas de fogo, em combinação. Um dos magos pereceu na espada de
um cavaleiro que me era familiar, mas eu estava muito atordoado com a luta naquele momento para lembrar-me ou simplesmente cumprimentá-lo.

Desde ali, éramos dez contra nove, que rapidamente batiam em retirada. Morreram no processo um Mago, dois Druidas e Razul. Esse último, Sam havia matado sem piedade. Os Strikers bateram em retirada, deixando os corpos de seu líder e de outros três companheiros. Em um dos cavalos, um Druida gritava "Não nos siga, ou sofrerão as consequências". O ataque surpresa liderado por Sam foi essencial para o sucesso de nossa missão.

Então, parados estávamos, os dez. Sam começou a curar os ferimentos de Bierdus, Milla entregou-me uma poção de cura, provavelmente a mais saborosa que já bebi em vida... Meus outros irmãos eram socorridos pelos demais. Ali, naquele quadrante do deserto, já era hora de eu retomar a palavra. Aproximei-me então de Grazi. Recuperar minha amizade com ela era uma prioridade.

- Grazi, eu preciso falar com você.
- Bierum, conversamos sobre isso depois. O que importa é que você e seus irmãos voltem pra casa.
- Então permita que eu agradeça.
E assim, nos abraçamos. Então, ela se aproximou do cavaleiro que eu não reconhecera anteriormente.
- Furius, venha cá. Este é Bierum, o mago que viemos salvar.
Foi então que ele me surpreendeu, dizendo:
- Oh, sim... esse mago, amigo daquele outro cavaleiro ali. - Apontando para Andrezinho - Esse último me ajudou em uma invasão Orc que ocorreu em Thais.

Foi então que lembre-me do motivo pelo qual eu o achava familiar. Furius era o Cavaleiro que me ajudara quando decidi buscar Sam Scott na cidade de Thais*. Na ocasião, ele nem sequer teve tempo para dizer o seu nome.

O caminho de volta foi repleto de alegria. Nossos ferimentos se fechavam, e andamos tranquilamente para Venore, seguindo a trilha por onde o Sol nasce. Eu tinha muito para conversar com cada um dos envolvidos. Mas, tudo a seu tempo. Assim como Grazi pediu para que priorizássemos nosso descanso, eu peço que você vá descansar, meu amigo. A aventura ainda não acabou.

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 Notas:
Tibia é um MMRPG da Cipsoft©.
As Crônicas Tibianas são um conjunto de contos autorizados pela Cipsoft©. 

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