terça-feira, 29 de março de 2016

Desejo - Final

Atenção: O conto a seguir tem teores de erotismo.
Esteja ciente de sua responsabilidade quando continuar lendo.

Olá caros amigos, trago a terceira e última parte do conto Desejo.

Trago as mesmas regras anteriores:

0. Precisa ler as outras duas parte do conto primeiro. Podem ser encontradas aqui e aqui;

1. Você precisa iniciar essa canção e ouvi-la enquanto lê:

2. Precisa imaginar todas as cenas em preto e branco.

Aceitas todas as exigências prossiga com o conto, boa leitura.


"Yes, I understand that every life must end. As we sit alone, I know someday we must go..." (Sim, eu entendo que toda vida tem de acabar. Enquanto nos sentamos sozinhos, sei que algum dia nós também devemos ir...)

Acordava ele o som que vinha do rádio relógio as 6h. Desligou-o e virou-se para cima na cama, como que para tomar coragem. Havia dormido mal pensando em vários dos bons momentos que viveram e que no entanto foram quase negligenciados. Um pensamento surgido do nada tirou-o do transe. Não recordava de haver mudado o rádio de estação, um sorriso brotou em seu rosto, o rádio possuía vida própria.

Levantou de um impulso, tomou um banho demorado e correu até a padaria próxima ao prédio, como era de costume todas as manhãs. Precisava acordar horas mais cedo todas as manhãs por que o apartamento ficava longe do centro, preferia ficar por ali mesmo possuindo uma casa a poucos minutos do trabalho, o que pareceria ridículo para qualquer um que soubesse desse fato.

O dia passou sem que algo digno de nota ocorresse. Resolveu passar no bar próximo ao trabalho, era um cliente assíduo. O garçom, que o conhecia muito bem, tratou de encher uma caneca de chopp quando o viu entrar. Sentou-se ao balcão de forma a ter visão geral do ambiente. Não levou muito tempo para notá-la em um dos biombos reservados. Estava acompanhada. Reconheceu-o como um caso antigo do qual ela já havia comentado em várias ocasiões, ela o amava.

O chopp perdeu o sabor, pagou a conta e levantou-se. Sentia que não deveria deixar a caneca cheia, mas não descia mais. Refletiu todo o caminho até o velho apartamento alugado. Ela estava seguindo em frente, ele deveria fazer o mesmo. Era lógico, haviam deixado de ver-se por que as coisa mantinham-se em um eterno limbo. O primeiro passo seria desalugar o apartamento e voltar para casa. Depois de feito isso pensaria nos próximos passos.



"Under everything, just another human being, I don't wanna hurt, there's so much in this world to make me bleed." (Sob isso tudo apenas outro ser humano, eu não quero magoar, há tanto nesse mundo para me fazer sangrar).

O rádio ainda ligado era onipresente na casa. Ele tentava dormir aquela que seria sua última noite naquele lugar tão carregado de recordações. Rolava de um lado para o outro quando ouviu baterem à porta. Ninguém o havia feito enquanto ele esteve com o apartamento. Levantou-se, colocou uma camisa e foi até a porta. Ao abri-la não conseguiu conter a surpresa. Ela parecia mais bela do que nunca, nenhuma palavra foi trocada, não foi necessário. Tão logo ele abriu a porta ela precipitou-se sobre ele e o beijou. Um beijo que dizia tudo, todas as declarações de amor, todas as noites em que ela sentiu falta dele, o basta que ela deu naquele caso antigo mais cedo e que ele havia mal interpretado e principalmente que ela voltara para ficar. 


Do criado o relógio, que a tudo observava, dizia:



"Hold me till I die, meet you on the other side." (Me abrace até eu morrer, te vejo do outro lado).

Enquanto eles se dirigiam até a cama, deixando uma trilha de peças de roupas pelo caminho.

2 comentários:

  1. Agora sim! Esse foi um dos melhores contos que já li.
    Beijos!

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  2. Mais um lindo conto Henrique! Obrigado por nos presentear com ele!

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