segunda-feira, 19 de julho de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 34

Andrezinho revela uma face oculta

Na manhã seguinte, nos reunimos no centro de Venore. Biertrus e Andrezinho nos chamaram a atenção para a paciente Dove, responsável pelo serviço de correios da cidade. Ela sempre explicava, sem cessar, os processos de postagem de pacotes, de selagem, e afins.

Grazi chegou e levou Biertrus até as lojas, para que obtivesse mais flechas e algumas poções. Nós não sabíamos, mas ele voltaria muito mudado desse passeio. Grazi foi com ele, tudo ficaria bem.

Malu e eu preparávamos itens para a próxima caçada. Venceríamos Dragões, era hora de revisar nossas mochilas e separar as melhores armas. Levantamos as cabeças de nossos armários ao ouvir gritos grosseiros em direção a Dove:
- Sua grande inútil! Eu não entendo uma palavra que sai da sua boca! Sua idiota!

Malu e eu nos entreolhamos e peguei meu cajado, esquecendo-me do erro fatal que seria atacar alguém no centro de Venore. Andrezinho, porém, fechou o meu caminho com a espada em punho.
- Andrezinho...
- Permita que eu fale com ele, Bierum!
Concordei mudo. Consenti que talvez Andrezinho tivesse algum plano. Os gritos continuavam:
- Imprestável! Você vai ajeitar um pacote para mim! E de graça! cansei da sua voz ridícula! Cale a boca e trabalhe!

O dono dessa voz era um rapaz jovem, de cabelos ruivos, alaranjados, vestia uma armadura negra. Tinha uma espada e um escudo em punhos. Enquanto Dove segurava o choro, mexia nos pacotes com nervozismo e ansiedade.

Andrezinho se posicionou em sua frente. Ele desviou de Andrezinho, acertanto sua espada na dele como se fosse por acaso. "Saia da frente, idiota!" - gritou a Andrezinho. Viu nossos olhares chocados com sua grosseria e empolgava-se ainda mais:
- O que estão olhando, estúpidos?
- Estúpidos? O único estúpido aqui é você! - Retruquei.
- Você fala como se me pusesse medo! Mago estúpido! Hahaha. - depois virou-se para Dove - Eu volto em 20 minutos! Esteja com tudo pronto, sua imbecil!
E saiu pela escada do centro do correio.

Andrezinho saiu às pressas atrás dele. Malu e eu fomos atrás, e escondidos, ouvimos tudo o que Andrezinho dizia:
- Jovem cavaleiro, eu não costumo me intrometer nos problemas dos outros, mas é evidente que você deve desculpas a meus amigos e àquela moça que está fazendo tudo que pode para agradá-lo!
- Não é problema seu! Não é problema meu! Não tenho nada a ver com o que você pensa! Desapareça!
- Eu temia que essa fosse a sua resposta. Saque sua espada, guerreiro!
E ele deu as costas a Andrezinho.
- Eu? Lutar com vc? Idéia ridícula! Não quero perder meu tempo com...

A espada de Andrezinho estava posta no peito do jovem errante, ja que Andrezinho o alcançara em fração de segundo.
- Não o atacarei pelas costas. Mas não admitirei que me ignore. Saque sua espada, por favor. Não quero passar por covarde!
- Não lutarei com você. Não estou errado em nada do que disse.
- Eu avisei!

Andrezinho o derrubou no primeiro golpe de espada, o qual acertou no escudo adversário, intencionalmente. Com o tombo, o adversário torna a gritar:
- Não me mate! Espere!
Andrezinho abaixou a espada.
- Desiste e admite a derrota?
O adversário ergueu a espada na direção de Andrezinho, raspando-lhe a armadura.
- Não acredito que você caiu nisso, otário!
Andrezinho manteve o tom sério:
- Você pediu por isso!

As cenas seguintes foram indescritíveis! A espada de Andrezinho rasgou aquela armadura como se fosse papel o escudo e a espada do adversário rolaram pelas calçadas da rua, o adversário tremia de medo, Andrezinho o postou ajoelhado, posicionou a espada e disse-lhe:
- Última chance! Peça perdão a todos eles!
- Nunca, seu porco!
E as calçadas foram pintadas no tom de vermelho mais vivo que já vi.

Andrezinho virou-se para nós, e nunca saberei se ele realmente sabia que estávamos ali.
- Vou limpar minha armadura, acender uma vela e alcanço vocês no Vale dos Cyclops.

Prontos para a jornada, Grazi, Biertrus, Malu e eu partíamos. Jamais me esquecerei da fúria de Andrezinho. Passando pelo correio, Dove sorria. Ela tinha uma rosa misteriosa nos cabelos. Eu tenho certeza que seu sorriso se devia a Andrezinho. Passamos pelo Jovem guerreiro também. Ele estava horrível. Mas mudo também.

Creio que eu tenha falado demais esta noite. Amanhã contarei-lhe o que nos aguardava no Vale dos Cyclops. Descansemos. Nosso próximo encontro promete maiores surpresas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vai comentar? (Faça login no Google antes.)
Com a palavra, o mais importante membro deste blog: você!