terça-feira, 29 de junho de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 31

A Fortaleza dos Elfos

O Sol da tarde fazia-me a grama verde lembrar o tom dos limões. A caverna por onde saímos ficava ao norte da península do continente, quando a direção do forte era justamente a oposta. Mas não era apenas falta de sorte, muitos caminhos nos confundiam, e no subsolo é bastante difícil se perder.

Encontramos uma ponte de pedra, muitas cobras e um pântano desagradável. Andrezinho trazia consigo uma lâmina fechada, ideal para cortar filetes de capim-do-pântano. Aberto o caminho, seguimos ao sul, vezes pisando em puro lodo, vezes quase sendo picado por cobras que enfestavam o caminho. E finalmente lá estava a Fortaleza.

Escadas de pedra nos levavam ao outro lado de um muro verdadeiramente vivo: toda a Fortaleza dos Elfos tinha suas pilastras enraizadas como se fossem gigantescas árvores (será que eram?), tornando-se uma escultura gigantesca e... natural. Andrezinho e eu queríamos ter tempo para analisar as plantas envolvidas naquela construção, mas flechas começaram a atravessar as muralhas vivas, precisávamos, portanto, nos concentrar na luta que estava por vir. Malu e Andrezinho ergueram seus escudos de guerreiros e apararam as poucas flechas.

Subimos as escadas. Arqueiros ao longe envergavam seus arcos e sacavam flechas. Descemos as escadas de volta ao primeiro piso, mas dentro da fortaleza. Dois elfos vestindo verde sacaram estranhas espadas e correram em nossa direção. Algo semelhante aconteceu nas minas de Kazordoon, mas nossos adversários dali eram incrivelmente mais rápidos.

Uma das espadas, desta vez, acertou a espada de Malu. Andrezinho também mostrou seus dotes como esgrimista, desarmou o segundo Elfo. Revistamos os corpos, e realmente carregavam muitas moedas de ouro.

[Gra] - Se eu não tivesse que treinar, ficaria rica aqui.
[B.W.] - Eu vou com você encontrar esses Dragões.
[Ma] - Tudo bem, apenas se cuidem.
[And] - Caso encham as mochilas, chamem pela telepatia.

Antes mesmo de nos separarmos, uma flecha atravessou o grupo e encerrou sua trajetória em meu escudo. Elfos Arqueiros haviam descido e preparado uma emboscada. Como Grazi e eu conseguíamos desferir ataques em alcance médio, diferente de nossos outros dois companheiros, nos separamos e à distância conseguimos cercá-los. Isso aconteceu porque os Elfos Arqueiros evitam lutas corpo-a-corpo, correm quando nos aproximamos deles. Como nossa estratégia baseou-se em lados opostos, logo eles estavam cercados ao invés de nós.

Ondas de fogo, uma após outra, derrubaram batalhões de Elfos, tropas de soldados élficos pereciam sob as lâminas das espadas de Malu e de Andrezinho; moedas de ouro "tintilhavam" em nossas mochilas.

Finalmente Grazi encontrou um alçapão. Mais Elfos, mas em menor quantidade. Parecia que eles não eram bons lutadores nas trevas. Nas cavernas escuras daquele subsolo, encontramos uma escada que levava mais abaixo e dela saía o brilho de chamas. Nos olhamos sorrindo e preparamos nossos cajados. O brilho cessara antes de alcançarmos aquele piso. "O Dragão aprisionado teria fechado a boca?" eu me perguntava em pensamentos silenciosos. Grazi e eu olhávamos para os lados. "Como esse lugar teria escurecido de repente?"

Tateamos pilastras. Um escuro cinza nos cercava. Repentinamente uma dessas pilastras tinha um buraco que se fechou antes de eu pôr a mão. Grazi acendeu a palma da mão com um encanto e, que estúpido fui eu por não ter feito isso antes! O "buraco" na pilastra era a boa de um morto-vivo. A luz os perturbou a ponto de todos se levantarem naquela sala e logo as paredes tinham mãos esverdeadas, lembrando o tom do podre e mórbido. Grazi e eu recuávamos... Dentre os mortos, dois Esqueletos Vermelhos levantavam-se de suas tumbas. Na região de seus estômagos, chamas iluminaram a sala. E subimos as escadas tocando com as pontas dos pés pouquíssimos degraus.

Não julgamos que fosse necessário chamar Malu ou Andrezinho para continuarmos nossa busca, mesmo com o susto levado. E prosseguimos a exploração. Agora a luz que Grazi acendera ajudou os Elfos nas condições da luta, mas usando a onda de fogo nos arqueiros e espadachins que nos desafiavam, o resultado não foi diferente de batalhas anteriores.

Finalmente eu encontrei um buraco. Curiosamente eu ouvia um ruído estranho e o grunhir de alguma criatura ao longe. Pedi à Grazi que me ajudasse a descer pelo buraco com sua corda. Ela concordou, mas me advertiu de que eu deveria cuidar para não me afastar muito da corda e subir em alguma emergência.

Quando toquei o solo, olhei para cima. Uma luz se aproximou de Grazi, eu pude sentir isso. Porém, minha visão embaçou em um tom curioso de azul... e logo entendi que havia sido atingido por uma pequena cápsula de choque, como só um Cajado de energia Cósmica conseguiria produzir. Um pouco tonto, apontei o cajado para... o nada! Não consegui ver de onde vinham as cápsulas. Sentindo muita dor, desferi uma onda de fogo, querendo iluminar o local e atingir o adversário. O clarão da onda apenas me mostrou que meu adversário vestia um manto vermelho.

- Eu sou Bierum Wizzard! Não se assuste, eu não o farei mal! - Gritei.
- O meu deus o matará! - Dizia em um tom quase musical o adversário.
Acendi a palma da minha mão, ainda atordoado pelo ataque. Desviei de outro. O susto me fez cair no chão, sentado.

Em minha frente estavam nada a menos que três Elfos, os três vestindo um manto vermelho cada um e empunhando cajados. Um deles soprou uma fumaça que me fez sentir o cheiro da morte. Outros dois esfregavam as mãos, preparando-se para um encanto forte. Eu estava longe da corda de Grazi. E porque ela não me puxava? por que não descia?

A fumaça fez com que minha mão apagasse rápido. A luz parecia estar se esvairindo, assim como minhas forças. E, antes que essa luz acabe, meu amigo, vamos descansar. Algo incrivelmente surpreendente estava prestes a acontecer. Descanse, a jornada continuará em muito breve.

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