terça-feira, 10 de novembro de 2009

As Crônicas Tibianas - Cap. 2

A Sociedade

Durante décadas eu vivi em momentos de delicada solidão. Apenas alguns amigos meus me fizeram compania, ainda que por um limitado tempo. Ganhei alguma reputação: eu sou o mago Bierum Wizzard. Atravesso as terras permitidas de Nebula em companhia de meu amigo Andrezinho, o cavaleiro e herói.

Sobre esse amigo, descrevo a vocês: Usava longos cabelos azuis, que amarrava para trás, segurava uma poderosa espada longa com as duas mãos e vestia uma armadura prateada que ostentava com orgulho.

Desta vez, porém, eu estava sem a compania dele. Resolvi caçar próximo ao pântano de Venore. Andava ali, procurando algo para comer. (Sim, a fome assola todos os tibianos. Há quem pense que vivemos para comer.) Quando avistei um homem com uma barba negra enorme, usando uma capa. Em seus ombros, havia uma marca de um crânio vermelho em cada lado.

Senti a clardade de um trovão diante de meus olhos. Quando olheu para o chão, reparei que o lume que quase me cegava era de uma lança ornamental de madeira.

"Você gostou?" - ele me perguntou.
"Por que fez isso?" - perguntei assustado.
"Se você não vai me servir, irá morrer!"
Era tudo que eu precisava saber. Retirei-me depressa de sua presença, mas ele me seguia. Foi quando avistei uma árvore solitária no meio do pântano e decidi correr em volta dela. No chão havia um buraco, o qual, em pânico, não vi. Caí nele.

Estava muito escuro. Lembrei-me das palavras de minha professora, e disse as palavras mágicas que faziam com que minha mão emitisse luz para iluminar o caminho. Vultos como sombras verdes se afastaram de mim. E lá de cima ouvi uma voz que dizia:
"Você conheceu Aart Supo. Aqueles que me conhecem devem me temer!"
Como ele não desceu, mas não deu sinais de que deixava a entrada, decidi encontrar outra saída. Mas numa caverna abaixo de um pântano?

As sombras que me cercavam se aproximavam lentamente. Eram monstros com cabeça semelhante à de javali, tinham a pele verde e cabelos violeta. Eram muitos... gruniam palavras, como se dissessem algo parecido com "ritual" e "espinafre". Cercaram-me e me levaram a um grupo de grutas subterrâneas (lembravam-me casas), por fim, a uma gruta maior que possuía camas em volta e uma mesa.

Eu pensava nas criaturas com alguma simpatia, levaram-me até uma mesa muito bonita e ali... apagaram as tochas e fogueiras. A magia de luz estava fraca, e comecei a sentir muito frio. Seria meu nervosismo? Senti umidade em um ombro, parecia ser lodo. Proferi, novamente as palavras mágicas da luz...

O "lodo" que cobria meus ombros era saliva deles! Estavam prontos para me devorar. Apontei o Cajado Vórtex para um deles e o fritei vivo. Quando seu corpo caiu inerte, alguns correrem, mas a maioria se agrupou para ataques em trios ou quartetos. Eram muitos e minha magia estava ficando fraca. Continuavam sendo muitos, muitos, muitos. Um deles mordeu meu braço, senti meu sangue esverdear quando isso aconteceu... um deles me olhava até que uma lança de madeira atravessou a cabeça dele. Eu me assustei mas não reagi. A morte é assim? A luz se apagou.

Não tive noção de quanto tempo havia se passado. Acordei com jovem cobrindo minhas feridas com panos. Ele vestia um traje de caçador. Ele estava concentrado, dizia:
"Exana pox! Oh, não, não consigo curá-lo!"

A luz não incomodava mais e abri os olhos.
- Quem é você? - perguntei.
- Eu me chamo Sagal Orius. Estou nesta caverna há alguns dias, mas um amigo meu trará uma corda. Não mexi nas suas coisas, mas se você tiver uma, poderemos sair daqui.
Contei a ele que eu caí na caverna por engano, durante a fuga.
- Maldição! - disse ele - pelo menos temos compania um do outro. Tem algum amigo seu esperando por você?
- Bem, meu amigo Andrezinho foi atravessar o Grande Deserto.
- Tentou telepatia com ele?
- Preferi não perturbá-lo. O homem lá em cima poderia atacá-lo também.
- É verdade. Meu amigo Zago virá com uma corda. Espero que logo. (Ele reverenciou-me depois disso) Ah, eu sou um paladino. Futuramente o paladino mais forte de Venore.
Sorrimos depois disso.
- O ponto de encontro com Zago - continuou ele - fica um pouco longe, mas agora que somos dois, esses trolls do pântano serão fáceis...
- Oh, eram trolls?
- Ora, mago novato... no que estava pensando quando os enfrentou? Sabia que o veneno quase consumiu seu corpo?
- Por isso sinto fome?
- Tenho uma dúzia de peixes bem limpos... coma.
Após comer, perguntei de onde tirava os peixes.
- Você vê algum rio? Os trolls vão até o lago, comem e adentram... eu só preciso chegar até o estômago deles com isso: (mostrou-me uma lança)
Enojado, mas satisfeito, prossegui.
- Esqueça. Vamos ao plano.

Mais tarde atravessamos a cidadela dos Trolls. Sagal atirava lanças feitas em madeira. Eu estava recomposto e pronto para mais deles. Eles também atacavam com lanças, mas Sagal era mais rápido e acabava usando as lanças deles contra eles mesmos.

O ponto de encontro era um buraco no teto da caverna, de lá veio em nossa direção uma corda. Ela me puxou e puxou Sagal para o solo. Foi ali que conheci Zago Verandus.
Na caverna, apenas os corpos fritos por meu cajado ou atravessados pelas lanças. Uma triste legião de mortos. Sagal me disse "Isso é sobrevivência".

Mais tarde apresentei Andrezinho a eles. Andrezinho e eu fizemos grandes e pequenos amigos. No caso dos do primeiro grupo, posso destacar o poderoso Zago e o esperto Sagal. Somos leais até este dia, o dia em que eu lhes conto, meus amigos, esta saga.

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