quinta-feira, 14 de julho de 2022

Porque eu odeio Resident Evil 6 – o capítulo final (...e seus antecessores também!)

Não me levem a mal, mas Resident Evil tinha tudo pra dar certo nos cinemas: o enredo horripilante no primeiro jogo, a sensação de pânico no segundo, muitos tiros no terceiro, etc. Mas o que Hollywood faz com um jogo que tem tudo pra dar certo? Você pensou em dizer “Cocô”? Acertou, meu amigo!


Fazer uma história focada apenas nas maracutaias e tretas implantadas com/na Umbrella teria sido uma ótima ideia… se tivessem focado nos personagens que a compunham. Ao invés disso, jogaram Milla Jojovich no nosso colo (não da maneira que gostaríamos) e a deixaram chutar o saco dos fãs da série de videogames.

Basicamente, é isso que os filmes fazem comigo.




Se eu estiver certo, vocês já entenderam que a série cinematográfica de Resident Evil me enche o saco. Isso se deve especialmente à toda essa “licença poética” que os roteiristas e escritores se deram para contar uma história muito diferente daquela que conhecemos na tela que traduzia os traços do Playstation One. De fato, o universo é semelhante, mas com sérios trechos de “Não esqueça que a Umbrella é poderosa e…”.


Ah, não me deixem ir muito fundo no quesito “personagens”. Se eu entrar, fujam para as colinas!




Alice? Quem diabos é Alice? Uma mulher? Uma mutante? Um clone? Tudo isso e muito mais? Resposta: é uma personagem pouco coerente.

Chris Redfield? Era um personagem cativante em todos os jogos que jogamos. Do tipo que estava ferrado, mas ainda estava lutando. No universo dos filmes, era um pobre coitado impedido por civis de lutar por si só.

Leon Kennedy? Um babaca que babava o ovo da Ada. No universo dos jogos, ele fica mais esperto e cada vez menos inocente, especialmente quando se trata da Ada.

Ada? Uma japonesa que morava em Raccoon City? Hein?

Nemesis? Olha bem pra aquela criatura: são 2,40 metros de altura armado com um lança-mísseis e trajando um sobretudo à prova de balas, que mais parece feito de chumbo. E o filme quer que engulamos a ideia de que uma criatura bizarra e horrenda dessas tenha sido um humano um dia?

Por isso, Sr. Paul William Scott Anderson, eu o amaldiçoo e o condeno pelo crime de estragar todo e qualquer personagem. Concordo que alguns deles deveriam ter sua personalidade mais definida ou retrabalhada, mas com os seus poderes de roteirista e diretor, ele não passa de “mais um filme de apocalipse zumbi com umas pitadas de Ficção Científica”.


Quer mesmo que eu acredite que isso aqui já foi um ser humano???

Sério, poderiam ter feito todos os filmes sem ter envolvido o nome Resident Evil. Se isso tivesse feito, não seria tão incomodativo para os jogadores que são fãs da série.
Tudo bem que talvez não fosse muito saudável para os direitos autorais, mas é inegável o fato de que os filmes foram feitos em um universo paralelo ao dos games. Que estranhamente tenta nos fazer crer que é o mesmo.

Sejamos honestos: não rola. Só tem um jeito de se gostar da “Trilogia de 6 filmes”: ignorando/desconhecendo os jogos da franquia.

Já o sexto filme da série em que Alice sempre supera as capacidades humanas me irritou ainda mais do que todos os seus antecessores. Isso se deve a vários fatos. A culpa inicialmente foi minha porque EU SABIA que o filme não me agradaria, mas paguei o ingresso pra ver no cinema.

O único Resident Evil 6 que gostei.


Eu não vou me culpar muito. Tento manter a mente aberta quando se tratam de filmes de games, mesmo se tratando de Resident Evil devido aos motivos que expliquei acima. Eu sei da parte da Colmeia (cenário sagrado para os fãs do filme), dos poderes que Alice possui graças à Umbrella, do computador central que é a cara da filha de um dos presidentes da Umbrella… Sei do Wesker, do Dr. Isaacs e seus clones que juram ser o verdadeiro, e das máquinas criadas para essa nova realidade, a qual 95% da população foi contaminada e os zumbis se tornaram animais quase domesticáveis.


Olha, isso é um apocalipse zumbi. Você não esperava que estivessem todos de banho tomado, né?


No entanto, o pretexto para que Alice volte à Colmeia, para passar novamente pelas mesmas armadilhas que foram usadas em 2 dos 5 filmes anteriores… que fraco! Parecia que eu estava assistindo um remake do primeiro filme, mas com sérios cortes orçamentários. Alice se reencontra com Claire, OK, nada contra, mas ela estava em uma “tribo” que convenientemente morava perto da sede da Umbrella? Não sei vocês, mas eu senti aí uma severa DESCULPA pra não inovar em nada a fórmula da série de filmes que tem um sucesso bastante questionável…


Wesker x Mal-educado.


Na cena em que Alice e a (detestável) destemida tribo de Claire entram na Colmeia, Wesker assiste tudo em uma sala de controle. Um dos membros da “tribo” dá o dedo do meio para uma das câmeras, com a certeza de que está sendo assistido. Wesker liga os dutos de ventilação até o personagem em questão ser sugado e dilacerado pelas pás do duto.

Assim que isso acontece, atenção agora: Wesker, tendo a chance de se livrar de todos os ali presentes, incluindo Alice, que claramente quer matá-lo, desliga os dutos e permite que o grupo prossiga sua jornada em busca das cabeças dos mandantes da Umbrella.
Isso não foi só absurdo. Isso foi idiota. Wesker era pra ser um dos caras mais inteligentes do planeta…


E, por fim, A CURA! Sim, porque no universo cinematográfico de Resident Evil, a Umbrella (mesmo desativada) tinha uma cura. E o filme insinua que ela exista desde o primeiro filme. Abusando ainda mais da minha paciência, a inteligência artificial (reciclada) da Colmeia quer a ajuda da Alice porque os protocolos dela a proíbem de machucar os membros da Umbrella, mas não a impedem de contatar terceiros para que o façam.

"Não posso matar, mas vi os filmes da máfia: mando matar mesmo!!!"


Espera aí!
Eu li “Eu Robô”, de Isaac Asimov, considerado o pai da robótica na literatura e lembro-me claramente que os robôs (ou inteligências artificiais, neste caso) não poderiam causar danos aos seres humanos direta ou indiretamente.

As máquinas não podem ter esse livre arbítrio, tampouco procurar pequenas brechas para conseguir o que querem, se isso está acima das 3 leis. Isso só aconteceria por um erro de programação, o que não parece ser o caso, porque conhecíamos essa I.A. desde o primeiro filme.

Ok… mas vamos manter a mente aberta e aceitar a ideia de que a Umbrella tem a cura. Como espalhá-la? Simplesmente quebrando o frasco e deixando que o vento a espalhe.

Céus, eu vejo grandes falhas neste plano. Mas, pior que isso, eu vejo uma saída muito simples para 15 malditos anos de trilogia!

Essa é a cena final. Olha, tem zumbis e tem a Alice… no fim das contas, todos os filmes são iguais.

E a cena final? O zumbis cercam Alice, preparam-se para come… digo, devorá-la, e ela quebra o vidro com “a cura” no chão, no alto de uma montanha de entulhos. Os infectados caem no chão automaticamente, o que nos leva a duas teorias: o vento sopra em espiral no exato momento em que o vidro é quebrado e/ou o antivírus é mais contagioso do que as músicas do Michel Teló.

Mesmo para os padrões da Ficção Científica (em que o absurdo é aceitável), essa cena foi intragável. Todos eles vão ao chão no exato momento em que o vidro se quebra, num desmaio coletivo teatral deplorável.

Espero que você esteja certa, Alice… Sim, espero mesmo!

Podem trazer a framboesa de ouro, Paul William Scott Anderson merece!

Incoerente, contraditório e, obviamente a maior desculpa para se reaproveitar um cenário.

Esse é meu resumo do “Capítulo final” – Resident Evil 6.


Publicado em 26/07/2017, por Roberto Bier

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