terça-feira, 14 de junho de 2022

Street Fighter II – mais que um épico, O JOGO de luta!

 


Repararam que eu nunca escrevi um artigo falando abertamente sobre Street Fighter II?

Se perguntarem sobre os jogos de luta antes de 1991, a resposta seria “só mais um tipo de jogo”. Isso, uma respostinha bem “Meh…”, mesmo. Mas a CAPCOM fundou o grande divisor de águas: Street Fighter II havia sido lançado, e com ele, um novo paradigma. SFII foi um modelo copiado e colado por uma porção de empresas de games. É como se Ryu fosse a ovelha Dolly: todo o jogo de luta tinha um clone dele, como se essa fosse a garantia do sucesso.

Ryu (SFII) – Mizoguchi (FH)   – Ryo (AOF) –      Akira (VF) – Haomaru (SS)   –     Joe (PA)



Ainda sobre os clones de Ryu, dava pra colocar o Syoh (do Dead Dance) e até o Kyo Kusanagi (do King of Fighters). Mas sou tiete de KOF e fico muito feliz, feliz pra caramba, por alterarem a história de Kyo o suficiente para que ela tomasse uma grande distância do herói da CAPCOM. Já a foto do Syoh, eu não coloquei porque… francamente, quem liga?

O legado de Street Fighter I

Claro, agora estamos em plena era de internet e todas as dúvidas são tiradas com Google e Wikipedia, mas nos tempos de locadora, as coisas eram bem mais difíceis. Nas terras verde-amarelas, SF1 ficou na obscuridade, e outros títulos chamavam atenção enquanto o arcade da CAPCOM não dava as caras. No NES e no MSX por exemplo, tínhamos Yie-Ar Kung-Fu (1985), por isso, a ideia de colocar “dois mano saindo no braço numa treta sinistra” sem interferência de terceiros, não era exatamente uma ideia nova. Talvez ainda não tivesse sido bem executada, mas não era uma ideia nova.

Era pouco, mas era o que a CAPCOM tinha a oferecer na época. Dois protagonistas com poderes iguais (Ryo para o jogador 1 e Ken para o jogador 2), um bando de lutadores genéricos e um chefão de apelação cavalar em todo o round que lutava.

Street Fighter I conseguiu deixar um legado. Não tão marcante quanto seu sucessor, mas o suficiente para ter uma continuação. Migraram para o Street Fighter II Ryu e Ken, pois, ao que parece, o jogo era sobre as aventuras dos dois caratecas. Sagat também. Ele era o chefe do primeiro jogo e ganhou uma cicatriz no peito, que perpetuou-se na continuação dessa saga.

Street Fighter II e sua popularidade

Em muitas cidades do Brasil, os fliperamas não eram julgados como ambiente familiar. E o cinema também ajudava a melhorar essa imagem, colocando os fliperamas como antros de punks drogados e marginais. Em 1992, a Nintendo dá uma cartada que definitivamente subiu suas vendas: a versão muito fiel ao Street Fighter II que conhecíamos do fliperama. Como as locadoras eram ambientes bem menos marginalizados, o game de pancadaria se popularizou na pátria amada.

Nessa época, era bom chegar cedo na locadora, pois muita gente queria jogar Street Fighter II. De vez em quando, aparecia entre a molecada alguém de fora, ou um que quase não frequentasse a locadora… Vendo Street Fighter II rodando no SNES soltava uma frase do tipo: “Ah, agora o Ken deixou o cabelo crescer?”* ou “Blanka ganhou mesmo o campeonato passado?”** – Nos vendendo a ideia de que conheciam a fundo o primeiro Street Fighter.



Street Fighter II estava em toda a mídia disponível. Revistas de games  produziam páginas e páginas sobre o jogo, mesmo que não houvesse mais nada a ser dito. E nós devorávamos página por página. Tinha ainda um anime em produção… depois a CAPCOM americana encomendou uma série animada… aí Jean Claude Van Damme estava protagonizando um filme sobre Street Fighter. Até algumas rádios falavam sobre o jogo, em tempos que videogame não era assunto para esse tipo de mídia. Foi uma doença, tipo a H1N1. Forte e popular.

A Malibu Comics tinha conseguido direitos para a publicação de material com roteiro original baseado no game. Mas ela estraçalhou o enredo tão rápido, que tão logo pôde, a CAPCOM confiscou o direito e prometeu cuidar melhor do material divulgado. Não dá pra dizer que cumpriu, porque teve o filme com o Van Damme, né?

Ryu descobre que Ken foi morto e escalpelado. (Argh!)

* Hipócritas do caramba! O Ken SEMPRE teve cabelo comprido!
**Essa frase tentava perpetuar a lenda urbana de que Street Fighter 1 tinha em seu elenco apenas lutadores mutantes - ou animais. Supostamente Blanka estaria entre o elenco de Street Fighter II, porque venceu o primeiro torneio. Imagino que o mentiroso deva dar muitas risadas escondido depois de ter roubado tanta atenção.

Street Fighter II’

Tirar uns contras era uma das melhores coisas que Street Fighter II tinha a oferecer. Mas o jogo tinha uma limitação, por que não dizer, interessante: não era possível que os dois jogadores escolhessem o mesmo lutador.  Mas a CAPCOM sabia em que chão estava pisando. Nos cartuchos de Street Fighter II, tínhamos a opção de converter o game para Street Fighter II’. Se você sabe a diferença, me lembre de te dar um abraço* assim que me encontrar na rua!

A opção SFII’ era acessível após a combinação –  baixo +  R, cima + L,  Y,  B, no curto período que era a tela de logo da CAPCOM. Com ela ativada, podemos selecionar o mesmo lutador que o adversário. Não tinha mais aquela conversa de “Se eu pudesse pegar o Guile também, tu tava ferrado!”, entre outras balelas**.

Essa opção também nos apresentou as cores secundárias dos personagens, algumas muito legais. Os chefes também as usavam, mas não me pergunte o motivo. Um outro detalhe é que a I.A. nunca escolhia o mesmo lutador que o jogador. Mesmo que você tentasse forçar essa situação perdendo para a máquina, pegando um continue e selecionando o lutador dela, ela simplesmente trocava para o lutador derrotado anteriormente.

*Sou gordo e cabeludo, mas muito querido.
**O quê? Voce acha que eu não sei quais desculpas você dava após ter perdido?

E depois de Street Fighter II?

Não é que a CAPCOM não soubesse contar, mas os jogadores dessa geração sofreram na espera de um Street Fighter III. Tivemos que nos contentar com outras coisas, em especial, com atualizações do jogo de luta. E ninguém achou ruim.

Street Fighter II ganhou outros subtítulos: Champion Edition (que permitia a escolha dos chefes), Hyper Fighting, depois Turbo. Essas todas eram atualizações safadas do mesmo jogo, adicionando um ou outro privilégio que já citei antes (lutador vs mesmo lutador, escolha de chefes), e por (quase) último, aumento da velocidade do jogo.

Me corrijam se eu estiver enganado, mas acho que a popularização da coisa se deu mesmo é pelo SNES, aqui no Brasil, certo? Os piratinhas também embarcaram na onda, fizeram hacks de Street Fighter como se não houvesse amanhã. Tinha Street Fighter coreano, Street Fighter V, e Street Fighter em que o personagem mudava de cor a cada golpe desferido. E, claro, os fliperamas não ficaram ilesos. Sua popularização foi tão alta e o jogo foi tão hackeado que nascia ali o termo (muitíssimo usado) Street Fighter de Rodoviária. Eram versões com golpes alternativos (e muito, muuuuuuito apelões).

O legado de Street Fighter II continuou, e temos muita coisa pra falar sobre esse clássico ainda. Mas fica pra uma próxima, vocês devem estar cansados como eu e… bem, falaremos sobre outros Street Fighters em outra matéria.

Por tudo que você nos ensinou sobre a cultura em diversas partes do mundo, obrigado, CAPCOM!

E por vocês terem chegado até aqui, sabendo que não ia ter nada de novo sobre o jogo, valeu mesmo!

Nós vamos ao encontro do mais forte!!!


(Postado originalmente em 9 de abril de 2018, por Roberto Bier)

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