segunda-feira, 27 de setembro de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 44

A Catedral Negra

O Sol tibiano caiu, mas seu brilho ainda nos iluminava. Scott reparou que meu cajado iluminava um pouco do caminho com uma luz azulada. Eu estava ainda me questionando muito sobre o que teriam feito os monges com Andrezinho. A vegetação era ainda mais fechada do que a anterior, no Acampamento Fora-da-Lei. Alguns desesperados tentaram nos assaltar, mas Tanto eu quanto Sam já havíamos compreendido o método de luta deles, sem grandes táticas, o que fez com que considerássemos eles um problema a menos em nosso caminho.

A trilha sumia em meio aos campos. Mas havia algum rastro na margem do rio. Pequenas perfurações no solo à volta da margem.
- Que criatura faz esse tipo de pegadas, mestre Bierum?
- Aranhas Gigantes.
- O quê???
- Acalme-se. Elas não vêm ao rio à noite, porque seus corpos ficam muito frios. De toda a forma, não façamos barulho... elas podem pressentir invasão de território.
- Certo. - Disse Sam Scott baixinho.

- Quando abri o Atlas Tibiano - contou-me Scott - havia o desenho de uma igreja preta no fim da costa do rio.
- Seguiremos esse caminho, portanto.
- Mestre, o vento nada sabe sobre o paradeiro desse seu amigo?
- Uma boa hora para questioná-lo. - E dizendo isso, pronunciei as palavras mágicas ao vento, mais uma vez. - O vento não o sente com muita clareza... mas ele está mais próximo do que antes.

No final da margem do rio, Aranhas venenosas começaram a nos seguir. Sam atacou uma delas, mas seu Bastão da Serpente não era útil contra elas. Já meu Cajado da energia Cósmica foi posto ao trabalho. Corremos até um Galpão que parecia abandonado. As Aranhas enfileiravam-se para entrar. Porém, não nos alcançaram, pois Scott fez uma Onda de Gelo que as paralizou. Depois disso, minha Onda de Fogo mostrou-se útil. Aranhas mortas, o dono do galpão dirigiu-se até nós.

- Por isso deixei os mundanos...
- Quem é você? - perguntei.
- Eu sou Lorbas. Estou submerso à perfeição. Não sou mundano, não sou puro...
- Lorbas, você sabe onde fica a Catedral Negra?
- A Catedral Negra fica ao sul de minha morada. Mas quem entra nela só pode sair de lá convertido... ou morto.
- Olhando assim...- observou Scott - ...parece que você os conhece bem.
Mas Lorbas nada mais disse. Continuou a andar com o olhar desanimado. Achamos melhor deixá-lo, temendo que ele pudesse perder sua serenidade, ou sua paciência.

Uma pequena caminhada ao sul e mais aranhas se aproximavam. Antes que nos alcançassem, adentramos uma estrutura em ruínas, que mais parecia uma igreja... mas suas esculturas não pareciam religiosas. E sim, agressivas. Quando as aranhas encostaram nas paredes da estrutura, encontramos escadarias que levavam para o subsolo.

No piso que alcançamos, havia muita escuridão. Seria impossível encontrar Andrezinho ali. Meu Cajado não brilhava o suficiente para vermos muito além de nossos narizes. Levantei minha mão e acendi sua palma. A luz escondeu várias sombras que se mexiam nas pontas dos corredores. Escolhido o corredor, adentramo-nos nele. Subitamente um homem vestindo uma armadura de ferro e com um machado na mão aproximou-se rapidamente desferindo um golpe.

A lâmina de seu machado aprofundou-se em meu escudo. Ele olhou com certa surpresa para mim. Seus olhos eram brancos como os de um morto-vivo. Minha mão tocou-lhe o abdômem e apliquei-lhe o Chicote de Raio. O Choque jogou-lhe ao fundo do corredor.
- Incrível, mestre! - Elogiou Scott.
- Em breve, os elementos que você dominará também darão força semelhante.
- Na verdade, eu já dominei o fogo, mas ele só é possível no planeta de onde eu vim...
- Recordo-me que Alis mencionou isso em uma carta...
- Não acho que neste mundo isso será possível.
Gritos ecoaram nos corredores escuros.
- Mais tarde falaremos sobre isso, meu companheiro.

Concentramos nossos passos à escuidão da Catedral Negra. Uma sala mais larga estava adiante. Gemidos agônicos estavam mais altos a cada passo. A luz de minha mão iluminou a antessala. E o que encontramos lá, meu amigo, hei de contar-lhe assim que descansarmos.

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