segunda-feira, 20 de setembro de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 43

A busca pelo companheiro

"O cavaleiro Andrezinho está longe, ao leste." - Soprou a voz do vento, direto à minha mente.
- Sam...- eu disse - ...sabe o que fica ao leste da cidade de Thais?
- Bom... tem uma porção de coisas... - ele respondeu. Após isso, enumerou - ...dois rios que deságuam no mar do Sul, o deserto de Venore, o Acampamento Fora-da-lei, o templo subterrâneo e as Planícies do Sofrimento. Acho que isso é tudo.
- Acho que teremos que visitar esses lugares antes de Venore, OK?
- Como o senhor quiser.

Começamos então uma marcha até a ponte do leste, passando-a, alguns lobos famintos partiram ao ataque, mas foram presas fáceis. Para mim, batava um ataque com meu Cajado de Energia Cósmica. Já Scott apontava um bastão verde e os lobos uivavam de dor. Reparei, mais tarde que esse bastão tinha uma cobra enrolada em seu eixo. No caminho, cheguei a comentar:
- Esse bastão parece maldoso, não?
- Ah, mestre Bierum... todos os encantos que matam animais são maldosos. Esses lobos representavam um perigo, mas eram apenas animais querendo sobreviver à fome.
- De fato. Eu já pensei assim.
- Nós, drúidas, tentamos entender a natureza e suas dádivas. Matei os lobos em sua companhia, mas sei que eles não tinham maldade. Porém, eu seria incapaz de doar vidas humanas a eles.
- E o que vale mais, meu amigo drúda: vidas animais, ou vidas humanas?
- Vidas têm o mesmo peso. Desde os Vermes aos Dragões. Você só pode quebrar esse código em questões de sobrevivência.
Eu não concordei plenamente, mas não pude deixar de dar-lhe razão.

A grama dos campos começou a ficar escassa: secava, morria à medida de nossos passos.
- Aqui é o Deserto de Venore. - contou-me Scott. - O Acampamento Fora-da-Lei fica ao Sul daqui.
- Continuemos, amigo.
- Takundaf...
- O quê?
- Esse é o nome do Deserto de Venore. Takundaf.

Continuamos enchendo nossas botas de areia. Repentinamente, das duanas de areia, escorpiões maiores que nossas mãos nos cercaram. Os que estavam à minha frente morreram ao desparo de minha Onda de Fogo. Virei-me mais que depressa para ajudar Scott. Porém, os adversáriso restantes estavam aos pedaços, todos com os corpos úmidos.
- O que foi que você fez?
- Sabe... este bastão se chama Bastão da Serpente. Ele dá ataques de veneno. É inútil contra animais que possuem veneno. Escorpiões temem duas coisas: o fogo que você fez... e o gelo.
- O gelo que você...
- Isso mesmo. Eu dominei a Onda de Gelo.
- Excelente, meu amigo.

Adiante, Leões do deserto nos seguiam. Preparamos uma pequena armadilha para eles e conseguimos alguns bifes. Embiora vivessem no deserto, os Leões caçavam na floresta. Nos atacaram por pensar que estávamos invadindo seu território. E, de fato, estávamos. Sam Scott pediu, após nossa caçada, que eu fizesse silêncio. Eu o fiz. Ele resmungou algo com o nome de Andrezinho. E disse "Corra por aqui".

A grama renascia no meio do caminho. Oeste de Venore. Fora do deserto.
- Que lugar é este?
- Este é o local onde seu amigo deve estar: O Acampamento Fora-da-Lei.

Eu conseguia ver uma construção ao fundo, semelhante a um castelo, mas cercado pela vegetação. Nada parecido com Tiquanda, perto de Port Hope, uma vegetação amena, mais medieval do que selvagem. Homens pobres correram desesperadamente em nossa direção, empunhavam maças, escudos e armaduras frágeis. Pareciam ser apenas pobres desesperados. Mas, aos gritos, diziam para largarmos nossas mochilas, e, antes de qualquer reação nossa, desferiam golpes desajeitados, fáceis de esquivar.

Scott e eu não tivemos misericórdia em usar nossas armas. Um deles acertou com sua maça em minhas costas, num corte não muito profundo, mas sangrento. Scott congelou o corpo do adversário e tocou minhas costas com a mão úmida. A dor havia sumido segundos após aquele instante.

Adentrando a floresta, mais daqueles ladrões inconseqüentes apareceram. Alguns vestiam armaduras bem construídas. Mas nada que suportasse nossa magia. Chegamos a uma clareira onde havia um deles coberto de sangue e rindo muito. Eu estava impaciente. O sol estava se pondo e tínhamos poucas pistas sobre Andrezinho. Apontei meu cajado para o homem e questionei-o com autoridade:
- Onde está o cavaleiro?
- Hahaha... todos aqui... - cuspiu sangue - ...se dão esse mesmo título.
- Eu vou matá-lo se não falar!
- Hahahahaha...
Meu cajado acendeu sua luz azul.

- Mesmo que eu lhe fale... prefiro que me mate. - disse ele.
- O quê? Quer que eu o mate?
- Não sei o que é vida. Nasci nesse acampamento e nunca entendi o que é viver... essa vida de que vocês tanto falam...
- Diga o que você sabe sobre meu amigo. Um cavaleiro com os cabelos longos. O vento disse que ele estaria por aqui.
- Huhuhu... nós havíamos o aprisionado, para presentear aos monges. A vida de um corajoso vale muito.
- De onde o pegaram?
- Ele corria atrás de alguns Orcs fugitivos. Cansou. E acordou em nossa cela.
- E pra onde ele foi?
- Ele acordou enfurecido, matou muitos dos nossos. E me interrogou antes de fazer isso comigo.
- E então?
- Eu disse a ele... Hahahahahaha... eu disse a ele... Hahaha... que fosse ao sul. Mas sabe o que tem ao sul? Hahahaha... Sabe? No sul tem a Catedral Negra! Os monges vão fazer picadinho do seu amigo! E oferecerão sua alma aos demônios tibianos! Hahaha.

Dei-lhe as costas.
- Eu deveria dar-lhe o que você pede...
Quando terminei de dizer isso, ele gemeu e morreu subitamente. Scott havia atacado com seu Bastão.
- Esse tipo de gente não precisa viver. - Foram suas palavras ao matá-lo.

A noite caiu e continuamos a peregrinar ao Sul, sem descanso. Mas isso não significa que você não precise descansar também. Repouse, meu amigo. Há muito para ser contado. O que quer dizer que você deve poupar energias para o que virá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vai comentar? (Faça login no Google antes.)
Com a palavra, o mais importante membro deste blog: você!