quinta-feira, 30 de abril de 2015

Cecília


Cecília, oh minha querida e amada Cecília. Você sabe como eu a amo desde a primeira vez que nos vimos ha muitos anos. Nunca me esquecerei daquele dia. Foi numa festa na propriedade de campo do meu pai, foi um evento de gala com celebridades e magnatas do mundo inteiro. Todos que eram alguém estavam lá e de longe quem mais me impressionou foi você.

Embora fossemos apenas crianças eu sabia que estávamos apaixonados, tínhamos sido feitos um para o outro e desde aquele momento nos tornamos inseparáveis. Você incendiou minhas paixões, me inspirou para me tornar um pintor e era meu modelo favorito. Eu estava tão apaixonado e justo quando eu pensava que as coisas não poderiam melhorar você concordou em me conceder a sua mão mais uma vez, desta vez em matrimônio. Aquele foi o dia mais feliz da minha vida, mas durou tão pouco, pois assim que nos casamos você foi atacada por uma doença devastadora e levada de mim e num segundo foi como se o mundo tivesse caído sobre a minha cabeça, me enxia de dor. 


Daquele momento em diante nunca mais pude pintar, meu coração ficou tão amargo e frio incapaz de aceitar a ideia de que a nossa vida juntos estava perdida para sempre. Decidi correr a terra numa tentativa de encontrar algum modo de alcança-la além deste véu mortal. Certo dia minha jornada me levou até as grandes pirâmides do Egito, aquela terra misteriosa cuja antiga civilização acreditava numa vida além do aqui e agora. Uma crença que eu queria abraçar. Eu havia apenas começado a explorar aquela antiga cidade quando o destino interveio.


Numa ventania, meu chapéu fora arremessado em direção a um desconhecido que me disse:
- Forasteiro escute o meu conselho, você veio de longe para tentar curar a ferida da sua alma, tome muito cuidado à busca da cura para a ferida de um coração pode levar a dores ainda piores. Volte para cara.
Mas eu não pude, eu achei que como ele sabia da minha dor talvez pudesse de alguma forma me ajudar a curá-la. Eu o segui contra a sua vontade ou não, eu não sei, em uma passagem que parecia seguir até o centro da terra ainda sim eu o segui e os meus passos me levaram a uma cripta oculta aparentemente enterrada sob séculos de civilização.
- Você escolheu não escutar os meus conselhos – disse então, o desconhecido - Eu sou o guardião das relíquias milenares, quando se descobre este lugar secreto a única maneira de sair é ser escolhido e este deve ser o seu destino.
-Como estas relíquias do milênio podem fazer parte do meu destino? – perguntei assustado enquanto era imobilizado por dois homens que se encontravam naquele lugar - O que está dizendo?
- Será testado pela própria relíquia, o olho do milênio – Respondeu ele.
- O próprio olho, mas como?
-Cada relíquia do milênio aguarda o dia em que o seu possuidor aparece para reivindicá-la e pune aqueles que não são merecedores, agora se você passar no seu teste ela permitirá ver mais do que você jamais viu antes.
- E se eu não passar? – indaguei agora nervoso.
-Se você não for destinado a possuí-la pesadelos além da sua imaginação são tudo o que você pode esperar. - E assim, usando de uma espécie de magia, ele removeu meu olhos esquerdo implantando no local aquele estranho objeto de ouro.
- Arhhg. – Gritei loucamente enquanto lutava para me libertar.
- Você não foi enviado ao caos nem à loucura, você é o escolhido – afirmou ele com frieza - Agora os seus olhos se abriram às dimensões além do aqui e agora, como se tivesse um sexto sentido capaz de enxergar mundos e épocas.
- Cecília?! – Vislumbrei admirado ao semblante da minha amada, formando-se diante de mim.
- Maximilliam, é você mesmo? – ela disse num sussurro angelical.
- Cecília, eu a encontrei e finalmente estamos juntos de novo – eu disse ainda incrédulo.
-Mas preste atenção, ver não é a mesma coisa que tocar e abraçar, isto está além dos poderes desta relíquia - disse o desconhecido no mesmo instante em que Cecília desvanecia numa nuvem de fantasia.
E eu fui novamente engolido pelo desespero. Mas vê-la naquele breve instante me deu mais esperança do que eu poderia supor e embora você tivesse partido eu sabia que ainda havia uma maneira de chegar ao seu espírito e não descansaria até achar um modo de trazê-la de volta para tocar a flor do seu rosto e olhar nos seus olhos novamente.

2 comentários:

  1. Nossa, Henrique! Esse foi seu? Como seus contos são bons. Inclusive a fan-fiction. (Eu nem gosto tanto assim desse gênero, mas você tem uma mão muito boa para ele.)
    Beijinho!

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  2. Oi, Deia. Desculpe, mas esse não é meu. (Mas é um daqueles textos que eu gostaria de ter escrito). É uma transcrição de um episódio do anime.
    Obrigado pelo comentário, beijos.

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