Ela acordou e estava só. Havia trabalhado duro nos últimos dias e acabou pegando no sono na noite anterior. Há muito não passava uma noite assim tão agradável, estava farta de encontros vazios e aquele definitivamente não foi um desses. Não precisou forçar simpatia como costumava ser obrigada a fazer. Levantou-se e procurou por ele pela casa, mas não estava lá. Já era tarde e deveria se aprontar para o trabalho.
---------------------------------------------------------------
Eu não conseguiu dormir, ela invadia meus pensamentos. Não consegui ficar mais na cama, o relógio marcava 4h10min. Fui para o chuveiro, isso me ajudava a pensar. Ela permeava minha mente. Fiz café e comecei a planejar o dia, não trabalhava aos sábados, mas precisa colher alguns dados de um experimento ativo. Fui interrompido pelo telefone que tocava, quem ligaria tão cedo?
Seu dia transcorria normalmente, todos diziam que havia algo diferente nela. Ela não havia notado nada de especial. Do trabalho, foi direto para o bar com o pessoal, pegaram a mesa de sempre. Alguém contava ma piada sobre dois amigos que foram caçar, todos riam. Seus pensamentos estavam distantes e seus olhos estavam fixos no balcão.
----------------------------------------------------------------------------------------
Era o meu chefe ao telefone, um curto circuito no sistema de iluminação havia começado um incêndio no laboratório, precisavam de mim. Saí imediatamente.
O laboratório estava um caos, como os meus pensamentos. A limpeza exigiu todo o sábado de todos nós. No caminho para casa, resolvi comer alguma besteira e passar no bar. Sentei no balcão e pedi o de sempre. Ela não estava lá.
- Ela esteve aqui mais cedo, saíram há pouco tempo - Disse o barman.
- Ah, que pena. Obrigado - eu respondi.
Pedi uma garrafa de vinho e minha conta. Junto com a conta, veio o cartão de um café que ficava perto do parque. Não entendi o porque, mas antes de questionar o barman piscou para mim e disse que eu parecia precisar de um café.
----------------------------------------------------------------------------------------
Era um daquelas manhãs de domingo nubladas que costumam inspirar os poetas. Todos pareciam ter combinado secretamente não sair de casa e só ela não havia sido avisada. Não havia movimento no café, ela gostava de dias assim.
Enquanto divagava sobre a vida um menino de não mais de sete anos passava pela porta. Era um engraxate e levava em uma das mãos o seu material de trabalho. Café não era bebida para crianças, ela detestava pais que permitiam que seus filhos bebessem café.
- Bom dia, moça - disse ele com um sorriso.
- Bom dia, rapazinho. O que deseja? - ela perguntou com simpatia.
- Tenho este bilhete para a senhorita - disse estendendo um papel que carregava com cuidado.
No bilhete havia apenas o endereço de uma das praças do parque e um horário, sem assinatura.
- Quem enviou o bilhete? - questionei.
- Um moço alto e sorridente. Mas agora preciso voltar ao trabalho moça, bom dia - e saiu correndo pela porta rindo como se soubesse de algo.
Pela vaga descrição poderia ser qualquer pessoa, ela estava entediada então correria o risco.
-----------------------------------------------------------------------------------------
Enquanto esperava sentado sobre a grama, tomava algumas notas e observava a vida acontecendo ao meu lado. Era outono, minha estação favorita. Pessoas iam e vinham o tempo todo, correndo, andando de bicicleta, patins e skate. Outros viajavam em silêncio por vários muitos enquanto liam sentados, espalhados por todos os lugares. Eu tinha comigo também uma garrafa de Cabernet
Sauvignon e duas taças.
Sauvignon e duas taças.
Não muito tempo depois, lá estava ela. Vestido preto com bolinhas brancas, cabelos presos num rabo de cavalo.
- Hey você! - Eu disse.
- Ei, então era você? Como me encontrou? - Ela perguntou sorrindo.
- Eu sou um pesquisador, é isso que fazemos - Eu respondi.
- haha, esperto - Ela sorria enquanto perguntava - Mas e se eu não aparecesse?
- Era um risco, mas você está aqui - Eu disse.
Bebemos vinho e conversamos. Havia tanto a ser dito. Filmes, músicas, livros. Ela era mágica, assumia suas limitações, era eclética e aberta a novas experiências. Tudo ia muito bem.
Quando terminamos o vinho, nos pusemos a caminhar. E assim passou o tempo e novamente estávamos na porta de sua casa, abraçados em silêncio. Tudo o que eu queria era que aquele momento se repetisse várias e várias vezes. Em dado momento, nossos olhos se encontraram ali, sob o luar, e em meio ao mar de loucuras que se passava em nossas cabeças tomei sua cabeça em minhas mãos e a continuamos nos olhando. Observava o rubro dos seus lábios, as formas do seu rosto, o profundo dos seus olhos. Ela esquivou quando tentei beijá-la. Pediu desculpas, mas não havia o que desculpar. Disse que estava tarde e que precisava entrar, me desejou uma boa noite e se afastou. Assim a vi entrar, aquele parecia ser o fim.
Clique aqui para ver a Parte I
Clique aqui para ver a Parte I
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTenho acompahado, está lindo, o quemais posso dizer? Espero poder conhecer melhor essa moça.
ResponderExcluirA Raíra falou tudo...
ResponderExcluirOi, Raíra? Quando é que você vai escrever um pouco de prosa, que nem o Henrique?
Bem deia de prosa não falo nada... Mas to preparando algo especial, acho que não vai demorar muito mais
ExcluirBem deia de prosa não falo nada... Mas to preparando algo especial, acho que não vai demorar muito mais
ExcluirOlá, moças. Desculpem demorar de responder. Eu não recebo notificações de comentários. Mas enfim, muito obrigado pelos comentários. É bom saber o que vocês estão achando sobre o conto. Eu não me sinto motivado no momento para continuar o conto, mas garanto que vou terminá-lo.
ResponderExcluirForte abraço.
Ainda bem moço! até a parte 3
Excluir