quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Thor: Amor e Trovão - é bom?

 




É, pessoal, a Marvel já não é mais o que era. A criadora de metade dos nossos heróis favoritos durante anos usou táticas como tentativa e erro (Homem-Aranha, X-men, Hulk...), acertou o passo na última quindécada* e nos proporcionou horas e horas de entretenimento através de incríveis CrossOvers até chegarmos aos marcos definitivos: os Vingadores. Mas ela nunca definiu exatamente o passo com o deus nórdico do trovão: Thor.

*Será que existe quindécada? Refiro-me ao período de 15 anos... Se bem que, agora que eu escrevi, existe. Acho que foi eu quem criou. =)

Acabei de lembrar que fiquei muito tempo sem dar nenhum a atenção ao Blog. Aviso a quem ainda passar por aqui, ao acaso: eu não morri. Estou morrendo aos poucos, de dentro pra fora, até me tornar um zumbi escravizado pelas burocracias da vida adulta. Mas talvez esse processo demore, De toda a forma, faz mesmo muito tempo que não me sento em frente ao notebook e me dou ao direito de expôr um pensamento...

Ah, sim, o texto abaixo vai ter spoilers. Mas como já saiu o hipe do filme, acho que tá tranquilo. Só não diga que não avisei!

 ...mas voltando ao filme:

Thor: Amor e Trovão é um filme. E isso é tudo que eu tenho a dizer sobre isso.

Mentira! Quem disse isso foi o Forrest Gump.

Uma saga de décadas

Serei muito franco: nunca conheci alguém que gostou dos filmes "solo" do Thor. Particularmente, achei que nunca conseguiram captar bem a essência do personagem. E mesmo se pegassem, nunca dei muito crédito à versão do deus asgardiano que a Marvel registrou em seus quadrinhos. A Marvel saracoteou muito em sua mitologia: Thor chegou a se envolver amorosamente com uma ou outra figura nórdica que no fim das contas era o Loki disfarçado... é, a vida não é justa...

Confesso que essa rinha de irmãos me pareceu bastante justificável...

...Anos depois, Thor ganha uma nova roupagem, uma nova leitura, após tantas outras, em "Os Supremos". Mas ali, todos os vingadores foram remodelados (e alguns, incrivelmente cuzões).


Aqui, já estamos falando dos anos 2000, em que a Marvel estava sendo influenciada por "quadrinhos mais adultos", como Authority em que a violência é uma essência, é o máximo da eficiência e outras rimas com ciência. Também é uma consequência da era Bush, em que o militarismo beirava a alienação coletiva.

E em quando estamos?

Outro dia, eu falo mais sobre Os Supremos... onde eu quero chegar é que ao Thor sobrou uma saga menos recheada do mítico e dos poderes místicos, um pouco menos de magia e um pouco mais de tridimensionalidade, menos mitologia, mais concretismo. E por essa razão, Thor parece um roqueiro do final dos anos 90.

O problema é justificar essa escolha visual, sem romper laços com suas origens míticas, embora tais questões sejam, como citei antes, reduzidas. Repentinamente, Thor aprendeu muito com o Século XXI. Repentinamente, os estúdios Marvel entenderam que Chris Hemsworth não é só um cara forte e capaz de segurar 90 minutos de drama em uma tela de cinema. E, repentinamente, decidiram explorar isso - o ator e seu peso cômico -  para continuar a puxar essa carroça que é a saga de Thor Solo. E até que deu certo!


E, por fim, chegamos ao 4º filme do Deus do Trovão, e 29º da Marvel...

Amor e Trovão

A Marvel insiste na ideia de que Chris Hemsworth tem essa versatilidade, mantendo-se bonito, bem humorado, ainda com a carga dramática das perdas anteriores...


Um Thor relativamente diferente daquele que se deprimiu em Ultimato, mas porque se reergueu após a gigantesca derrota de Thanos. Em Amor e Trovão, Thor conhece o terrível Carniceiro dos Deuses, uma criatura que ganhou seus poderes (e principalmente fama) quando empunhou uma espada necromante e assassinou seu próprio deus após entender que os propósitos divinos são apenas voltados à própria adoração.

Um vilão com toques de terror.

Em meio à trama, Thor reencontra Jane Foster, que acidentalmente conseguiu levantar o lendário Mjonir e conduzi-lo, como também os fragmentos do martelo à sua vontade. Aliado à Valkiria e Korg, a dupla procura deter Goor (o Carniceiro) de alcançar Nova Asgard para ampliar seu rastro mortal.

Aqui se percebe um toque de terror ao enredo, mais uma vez. A Marvel provou que pode fazer um vilão com tons de pânico, como fizeram com a Feiticeira Escarlate em Dr. Estranho no Multiverso da Loucura - uma decisão bastante questionada pelos fãs do MCU.  

A Poderosa Thor



Jane Foster é uma belíssima adição ao MCU, mas a personagem tem suas horas contadas em consequência do câncer terminal em que se encontra. Ainda assim, a volta do par romântico à tela é um retorno às origens (especialmente apreciado por quem gostou dos primeiros filmes do herói), e o filme multiplica seu tom entre ação, terror, comédia e comédia romântica.

Piada romântica. Porque sim.


E antes que alguém venha a ter um ataque de pelanca porque colocar uma Thor é lacração: a Poderosa Thor chegou a liderar um dos lados da Guerra Civil II, e duelou contra o invencível Homem de Ferro em iguais condições.

Chora não, que é cânone, ok?

Quer falar em música?

A trilha sonora começa bem, afinal, como citamos antes, Thor parece um roqueiro noventista, e suas cenas de ação são contempladas com Guns'n'roses. E referências a Guns'n'roses. E mais cenas de ação com Guns'n'roses de fundo. E depois, qualquer pretexto para se ouvir mais... Guns'n'roses.

Imagens que você consegue ouvir... (Guns'n'roses)

Sério, Marvel? Precisava isso?

Não é engraçado que nos anos 90 todos os filmes tinham um CD com sua trilha sonora? Uma vez saiu um filme chamado Armaggedon, no qual tivemos um CD com 14 faixas, sendo 5 delas com Aerosmith. Veja bem, nesse caso, a produtora do filme não mandou o apreciador simplesmente ir até a loja de artigos musicais comprar um CD da banda que puxou o carro-chefe da obra.

Armaggedon ganhou o Oscar pela trilha sonora (merecidamente), mas em todos os outros quesitos foi um forte candidato à Framboesa de Ouro (o Oscar às avessas): pior casal coadjuvante, filme mais barulhento e muitos outros desaforos.

Aqui, por outro lado, se quiser ouvir a trilha de Thor: Amor e Trovão, baixe 12 músicas de Guns'n'roses e dê o assunto por acabado. (Sim, é triste.)

É um filme de ação?

Outro problema, foi o uso à exaustão de certas piadas, como o Rompe-Tormentas sentir-se enciumado já que Thor descobriu a funcionalidade de seu martelo, mesmo fragmentado.




Uma vez, beleza... duas vezes, a galera já tá rindo pra não admitir que talvez o ingresso fosse um pouco caro para ver/ouvir a mesma piada... de novo... e de novo...

"Tá bom, Bier. Mas, no fim das contas, é bom?"

Uma excelente pergunta. E quando alguém elogia a pergunta, pode apostar que a resposta quase sempre não está à altura.

Thor: Amor e Trovão tenta reinventar a fórmula usada em Ragnarok, mas deixa os estilos mais sérios de lado. A ação está lá. A comédia está lá. O romance também. O suspense também. Mas parece que o filme não desponta para nenhum dos lados. E termina tentando provocar mais uma risadas, além de levantar outras teorias.

Ah, e um pouco de Chris Hemsworth pelado, pra agradar o público feminino.
E fazer mais uma piadas.


Ou seja: não é bom, mas não é ruim. O importante é tentar se divertir com esse Thor bonachão que a Marvel deixou pra a gente. Um herói atrapalhado por sua própria ignorância, arrogante e humilde ao mesmo tempo, astuto e inocente,...  um deus que levanta a mão para outro deus em nome de salvar todo o pantaleão de todas as crenças.

E Zeus não se agradou, tá sabendo?

Provavelmente, não está entre os melhores filmes da Marvel, mas certamente, não está nos piores. Julgo que numa escala, Esse está acima dos dois primeiros filmes do herói, e um pouco abaixo de seu antecessor.

E... bodes. Porque... bem, precisava de bodes!

É divertido, e isso conta. Assim como é um ótimo filme para se situar no contexto atual da Marvel, como também para se assistir com os filhos (sobrinhos, pequenos e outras crianças que alegram seu dia)!

Mas essa pegada é menos madura, especialmente pra nós, que passamos anos esperando por um evento como Ultimato. É complicado gostar disso, certo?
]
Errado! Se você gosta de fazer birra devido à seriedade da Marvel, está na hora de rever os seus conceitos. E, por favor, deixa de ser viúva dos Vingadores do MCU.



Abra a mente para as gerações mais atuais. É o que nos resta. E é possível que os novos vingadores se unam novamente, para outro mal que assole o universo. Não que exista algo maior que Thanos, mas você me entendeu.
 

Ah, e Thor também deve voltar. Ou você acha que Zeus levaria a pior e ficaria quieto?
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