quarta-feira, 9 de março de 2016

Mike (Parte 3 de 3)

Os fundos do Golden Nugget estavam cheios de apostadores. Não era uma luta comum, mas a sensação era incrivelmente familiar.
O japonês começou mal, esticou pernas e braços, errou muitos chutes e socos, coisas que Mike esquivou e defendeu facilmente. E o momento que eu tanto esperava aconteceu: Mike deu-lhe uma sequencia de socos na velocidade de um cavalo de corrida. Eu realmente não queria estar na pele do japonês. Mike havia literalmente voado para cima dele, desferindo rápidos e fortes socos. Ah, que vitória! Ele acabou com o japonês sem que esse ao menos o tenha tocado. Mike fez uma pose de vitória incrível, parecia que sua camiseta se arrebentaria. Mas olhou para trás, e lá estava o japonês se levantando. Começava um segundo round.
Mike foi correndo na direção do japonês, mas levou um chute nas pernas e caiu. O gigante caiu! Levantou enfurecido, deu um jab em direção ao queixo do adversário, que retirou a face da linha de impacto e o socou. Mike ainda voltou a atacar, mas encontrou o calcanhar do japonês em seu rosto, e a partir daí, coisas inexplicáveis aconteceram...


O japonês desferiu uma série de voadoras, todas acertando a cabeça de Mike, que já havia levado alguns socos. Foi ao chão. De novo. Agora o japonês ficou de costas pra ele, de braços cruzados, imponente. Eu já estava incrédulo. Já tinha botado dinheiro no chapéu que dava crédito a Mike. Mas ele não ia deixar essa vitória temporária do japonês tão barata.
Mike levantou-se e tão logo, socou o adversário com brutalidade. O impacto ecoava pelo horizonte, ecoava no peito dos presentes... dessa vez, o japonês estava sendo castigado. Ele estava de pé com os olhos fechados, visivelmente atordoado. Mike aproveitou essa deixa e virou-se de costas para o adversário. Essa era sua marca registrada, o soco que ele desferia depois disso era capaz de matar um elefante.
Sonhei muito com aquele momento. O japonês voou longe. Mas levantou rapidamente. Todos que assistiam a luta naquele momento emudeceram. Mike foi ferozmente como um rinoceronte atropelando a vida selvagem insignificante perante aquele ato. O que o japonês fez, após isso, foi inacreditável. Ele segurava um raio com as mãos. Esfreguei meus olhos para ter certeza, enquanto ele acomodou a energia na forma de uma esfera e a arremessou. Mike voltou para o ponto de onde havia decidido decolar. E decolou de novo.
Do outro lado da arena, o japonês tinha sangue e suor no rosto, parecia estar esperando a morte no abatedouro. A martelada final, que vinha dentro da luva direita de Mike. A luva vermelha estava quase se encontrando com o rosto do japonês, mas ele, com um grito, deu um soco no rosto de Mike, que parecia ter-lhe entortado a coluna. O japonês terminou seu movimento trocando de braço e saltando. Eu podia ver a mandíbula de Mike deslocando-se, Mike voou para trás e caiu, dessa vez nocauteado.
Começaram-se assim aplausos, gente jogou dinheiro na arena, confetes, alguns apostadores foram ao delírio com a vitória do japonês, que ergueu o braço em sinal de vitória, cumprimentou o corpo inerte de Mike, juntou a mochila e foi embora.
Homens vestindo trajes militares verdes recolheram o corpo de Mike. Eu nunca soube quem eram, nem quem era o tal japonês. Ainda restava-me uma esperança, apostar em lutas ilegais como aquela. Tentei segui-lo até o aeroporto, mas não o alcancei. Minha única pista era a de que aquele estranho homem embarcara em um avião com destino à Espanha.
Dizem que há um torneio clandestino pelo mundo, patrocinado por uma organização terrorista. Parece divertido. Dinheiro não parece ser um problema agora, apesar dessa derrota. Espanha, aqui vou eu. Preciso encontrar esse japonês de novo!

3 comentários:

  1. Bier, eu não acreditooooo!!! Eu li três episódios de uma partida de videogame? Não dá pra saber o que vai vir dessa tua cabecinha, eu demorei para entender que era disso que se tratava. Não acredito.
    Não vai te dar problemas com os criadores do jogo, usar os personagens desse jeito?
    Não estou brigando contigo, só que eu me preocupo com essa cabeça de escritor.
    Se me sinto enganada? Sim. Mas faz parte da vida.
    Beijo.

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    Respostas
    1. Olha, tu estás com sorte já que o blog permite o anonimato. Tenha mais coragem, moço!

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