sábado, 5 de março de 2016

Desejo - Primeira Parte "Emoção"

Atenção: O conto a seguir tem teores de erotismo.
Esteja ciente de sua responsabilidade quando continuar lendo.

Para a leitura desse conto imponho duas regras:

1. Você precisa iniciar essa canção e ouvi-la enquanto lê:


2. Precisa imaginar todas as cenas em preto e branco.

Aceitas todas as exigências prossiga com o conto, boa leitura.




"You're my thrill, you do something to me..."
(você é minha emoção, você faz algo comigo)

Cantava Billie Holiday através do velho rádio-relógio que estava sobre o criado em um pequeno apartamento no subúrbio, móveis velhos, não havia muita coisa. A tinta da parede descascava e as encanações rangiam com o passar da água, o isolamento entre os apartamentos também não era dos melhores. Ele estava deitado, a observava sob a meia luz do abajur. Ela estava sentada aos pés da cama acendendo um cigarro, nua, seu corpo era esguio, seios pequenos e algumas estrias. Nada que o incomodasse. Apoiava a cabeça sobre o joelho direito, quase em posição fetal. Mirava o vazio em silêncio enquanto fumava. Que será que se passava dentro daquela cabecinha? Ele tentou se recordar da primeira vez que a viu, mas não conseguiu. Era muito tempo, tempo suficiente para saber que não deveria prosseguir com aquilo. Nunca foram muito íntimos, tinham apenas amigos em comum. Tudo isso mudou há três anos, quando ele foi convidado para uma comemoração numa pizzaria. A mesa era enorme e eles acabaram sentando de frente. Ali ele percebeu que em todos aqueles anos não havia prestado muita atenção nela. Mas havia aquele sorriso, aquele sorriso o ganhou. Aquela noite teve sua oportunidade quando descobriu que ela morava no caminho que faria para casa, de pronto ofereceu carona. Lá, ela o convidou para entrar. A foda foi homérica. Antes dele partir, ela anotou seu telefone no celular dele. A partir dali passaram a se encontrar com frequência. Não saíam para jantar, não iam ao cinema juntos mas isso não significava que não se agradavam da companhia um do outro. As conversas pós eram alegres, possuíam muito em comum e por isso o silêncio entre eles naquele momento era tão incômodo. Algo não estava certo. 

"You send chills right through me, when I look at you 'cause you're my thrill..." 
(Você me dá calafrios, quando eu olho para você por que você é minha emoção...)

Ele sentia que aquela seria a última noite, não entendia como uma mulher tão comum conseguia causar espasmos em seu corpo de tanto desejo, um desejo líquido que fluía pelos seus poros enquanto faziam amor. Sentou-se na cama e começou a percorrer as costas dela com sua boca até encontrar a nuca.. Ela virou-se, beijou-o e voltaram a transar com toda aquela intensidade de quem sabe que é o fim.

"When I look at you. I can't keep still, you're my thrill." 

(Quando eu olho para você. Não consigo ficar parado, você é minha emoção)


A segunda parte pode ser encontrada aqui.
A terceira parte pode ser encontrada aqui.

3 comentários:

  1. Eu estava achando o texto tão bom, mas aí você diz "A foda foi homérica."... puxa... meu tesão pelo seu texto foi embora naquele momento. Era uma história tão bonitinha.

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  2. Diga-me exatamente o que te desagradou. Qual o problema com o termo?

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