quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lá vem história...

Siga-me
Essa história aconteceu por volta de 1999...
Essa popularidade dos celulares que tem hoje ainda era utopia. Estava o Bier gozando dos 18 anos recém-feitos. Já fazia um ano que era amigo do Dodô.
O Dodô era um tanto falador. Muitas vezes ele nem pensava muito na história que ele estava contando. Uma vez ele me contou que havia jogado Dragon Ball num simulador virtual com uns amigos de Porto Alegre, no qual a luta foi fantástica e "o mais legal do simulador é que a pessoa nem sente que está se movendo".
Noutra vez, ele jurou de pé junto que havia terminado The King of Fighters 95 com o time dos EUA com uma só ficha. (Se vocês não conhecem KoF95, permitam-me explicar: é uma máquina de fliperama terrivelmente difícil. Tá, mas isso ele resolveria treinando, certo? Aham. Só que o time dos EUA NÃO participa do KoF95. Ou ele tinha videogame paraguaio...)

Teve uma vez também que apresentei a ele uma garota que eu gostava (feínha, diga-se de passagem, mas naquela época eu não era de escolher garotas bonitas como eu sou hoje. Por fim, estou solteiro, mas isso é outra história...) E acabou que ele se encantou na garota. Nisso ele foi honesto, adimitiu, para a minha surpresa. Não que eu soubesse, mas estou dizendo pra vocês que um cara falador como ele simplesmente me confessou: "Bom, cara... eu sei porque tu gosta dessa guria. Eu também to gostando." Nessas épocas, ele tinha 15, eu acho. Ela também. Acabou que a garota foi embora da cidade e não ficou com nenhum dos dois losers.
O Dodô era um grande falador, mas acima disso, um bom amigo. Jogamos algumas fichas de fliperama juntos... fizemos algumas viagens (de ônibus) juntos. E eu até tive ciúme de alguns amigos dele. Jogamos basquete, também... (Isso me lembra que ele está com a minha bola desde 2001...)
Onde é que eu queria chegar, mesmo? Ah! Em 1999 éramos muito unidos. Nos víamos todos os dias. Acabou que me formei no Ensino Médio e com isso vieram as tão sonhadas férias antes do vestibular. Eu contei pro Dodô que tinha entrado de férias. Beleza. O Dodô disse que me ligaria de madrugada, só pra incomodar. O que eu não sabia era que minha mãe tinha conseguido uma casinha na praia com uma amiga dela, na qual iríamos passar a primeira semana das férias.
Sábado, pegamos a estrada. Mamãe tinha um Movistar Amigo (atual Claro), lembrando que celulares estavam quase na era do chip. À noite, vai o Bier atrás de um bom fliper. (Praia ainda tem dessas coisas? Tomara, né?) E acabou voltando tarde. Dormir na praia cedo para ele é bobagem. Sacou o N64 da mochila e pôs-se a jogar Zelda64 até tarde. (É um épico dos games. Eu quase choro quando me lembro.)
Oito horas da manhã de domingo, mamãe chegou até minha cama me acordou com o celular na mão, ligado. "Ó, toma aqui. É aquele teu amigo... o Dodô!"
Daí eu, recobrando metade a consciência depois de uma ressaca gamemaníaca, atendi.
- Qualéquié?
- E aí, Bier? Firme?
- E forte. - Olhei para o relógio. - Meu, oito hora da madruga... qualé? (Sim, eu disse "Oito hora". Não "Oito horas". Era só o Dodô, não era nenhum conde...)
- Hahaha! Te falei que eu ia te ligar cedo! Só pra te incomodar.
- Missão cumprida, bruxo!
- O que tu tá fazendo?
- Só curtindo o barulho do mar... dá um sono.
- Bah! Do que tu tá falando?
- Primeiro diz como tu conseguiu o celular da minha mãe.
- Quê? Do que tu tá falando?
- Do celular da minha mãe, porra!
- Cara, não quer conversar, tudo bem...
- O que tu tá me escondendo?
- Vem aqui em casa hoje?
- Cara... to fora da cidade...
- Tá me enrolando?
- Não, velhinho... é que... [a ligação cai.]
Aí eu pensei "Porra, Dodô... eu só ia te dizer que to na praia, cara. O enrolador aqui é tu."
Chegou o meio-dia e eu levantei com o cabelo amassadão. Sentei à mesa, comecei as garfadas e mamãe reclama:
- Precisava falar tanto no telefone? É cara a ligação...
- Pô, mãe... o Dodô que se entenda com a mãe dele.
Ela, brava diz:
- É que quem paga sou eu! Teu amigo ligou lá pra casa e o telefone jogou a ligação pro celular.
- Hein?
E aí ela me explicou como funcionava o "Siga-me". Era uma programação da Telefônica (atual Oi fixo) que permitia essa "jogada" de telefonema. O Dodô, lá em Taquara, só ligou para a minha casa, e ia pagar ligação local. A partir dali, mamãe pagava a chamada de fixo para celular. Por isso ela estava zangada.
Mas ainda acho que o pior foi falar com o Dodô na sexta-feira. Ele pensou que eu estava enrolando ele. Fui na casa do cara...
- Que papo estranho da porra foi aquele no domingo, meu!!!
- Senta aí, Dodô. Acho que tu não vai acreditar! (...)

4 comentários:

  1. Bah, que cara estressado ^^
    Sabe o que eu curto nessas indiadas? Tu ri hoje do que te tirava o sossego na ocasião XD

    Em 99 tava de mudança pra Sapucaia, meu pai se livrava do aluguel e eu da 4ª série :)
    Me lembro como se fosse em ontem o baque que eu tive - sim, porque da 4ª pra 5ª é um abismo, ou tô errado? - quando comecei a estudar com gente entrando na puberdade. Na Ed. parei se usar regata quando um otário riu porque eu não tinha cabelo no suvaco (o que eu não faço questão nenhuma de ter /raspo mesmo) e, sem irmão mais velho pra me dar as mortas né, foda... mas graças a muito esforço, estudos, dedicação, perseverança e muito pleonasmo, depois de 10 anos, eu me formei na 8ª série 8)

    Brigado Bier, pela nostalgia dos meus tempos ruins ;) ~~abs

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  2. Tecnologia que ainda faz muita gente ficar de cabelo em pé hein!! rsrsr Essa historia é uma delicia de ler.
    Beijos na alma
    Nisa

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  3. HAHAHA... Misterios milenares... Isso não é magia é tecnologia, tá, mas e aí?

    O Dodô voltou a falar com vc? Vc fala com ele ainda? *.*

    Queria saber qual foi o rumo dessa loucura... ^^

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  4. Hehehe... valeu, Kath. Respondendo a essas questões...

    O Dodô demorou um tempo, mas ele sacou que a culpa não foi exatamente minha. Nós ainda somos amigos, mas nos vemos muito pouco, em virtude da minha vida em São Leopoldo e da dele em Taquara.

    Sobre o resto da história, deu o que tinha de dar. Ele me entendeu e continuou sendo um grande falastrão... não sei mais se é assim. Aliás, a grande moral da história é essa: ele era o falador. Mas no fim das contas, ele não ia acreditar em mim.

    ^^

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