Uma série de fatores nos anos 2000... nos mostrou que estávamos muito próximos do fim dos tempos. Fatos como o que conto hoje... fatos como a morte, vamos dizer "acidental", de Billy Muller.
Billy Muller se proclamava “O Provocador”. Ele tinha de 20 a 30 reféns, amarrados dentro de um banco. Assalto atípico, muita violência. A SWAT estava a postos, mas, além de mascarados, colocaram máscaras em outras vítimas, tornando os disparos dos franco-atiradores um bocado incertos.
Numa ocasião dessas, o superintendente da unidade “UNExS” (United Nations Extreme Solutions) teria soltado a Morte. Com um simples toque deixaria inerte qualquer ser vivente. Mas não foi o que ele fez.
Ele nem pensou em soltar a Peste. Ela teria matado todos, apenas por sua presença.
Acredito que ele tenha ponderado a Guerra, mas a calamidade poderia ser extrema, as vítimas poderiam ter saído de controle exigindo liberdade de um grupo armado. E Billy nem precisaria de um incentivo, ele mataria.
Aliás, Billy estava fazendo o que queria: provocar. Ele chegou a atirar no primeiro negociador. Já havia se passado umas 3 horas de cativeiro... foi daí que enviaram um segundo negociador. A Fome.
Ali estava Billy. A garota estava usando trajes policiais, com colete, sem armas. Parecia uma policial. Muller era experiente, mas não desconfiou que a garota era jovem demais para uma negociadora. Deixou-a entrar.
Dentro do prédio, concluímos o motivo pelo qual Muller havia sido tão permissivo. Assim que ela entrou no recinto, quatro membros a cercaram, seguraram-na pelos braços e prepararam-se para deflorá-la.
Não foi por medo, isso eu garanto, mas os olhos dela se azularam de uma forma incrivelmente luminosa, e os quatro membros definharam rapidamente. Só reconhecemos Billy pela arcada dentária, considerando que roupas ficaram intactas e todos eles estavam encapuzados.
Dos civis, muitos (acredito que os que estavam próximos ao incidente) saíram do local cambaleantes. Os menos afastados, com uma estranha sensação de fraqueza, mas ninguém teve baixa hospitalar. Psicólogos estudaram o caso a partir desses reféns, e disseram o que se esperava... tudo aconteceu “após o susto dos olhos azuis”.
Ah, sim, eu ainda não relatei quem é a Fome... A garota se alimenta de energia... de todo o tipo. Às vezes ocorre naturalmente. Ela só precisa estar em um ambiente. Mas não foi bem esse o caso.
A garota voltou, após todo o incidente, em seus passos curtos e lentos, com uma expressão triste nos olhos. Já não era tão séria quanto quando entrou, ainda assim, humana. Uma humana que consegue sugar a energia dos seres vivos. Não se pesquisou ainda se essa seria uma morte dolorosa ou indolor. Voltou, naqueles passos, para dentro da cela do helicóptero. Estava calma. E nós? Calmos, pois ela aprendeu a se conter nas proximidades dos uniformes da UNExS.
Como agente em campo, eu a acompanhei no caminho para a base. Um dos cientistas, velho, fora de forma, mas de jeito muito simpático, colocou pequenos eletrodos na testa da garota e fez perguntas de cunho bem pessoal, diferente do protocolo.
Eu não prestava atenção, até que um ponto da conversa me despertou a ouvi-la:
- Você matou quatro pessoas e eu entendo o que sente, mas sabe quantas vidas humanas salvou?
- Nenhum de vocês entende o que eu sinto. Aqueles quatro eram isso que vocês chamam de “humanos” também... – ela respondeu com a voz seca e cheia de amargo.
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Caraca, a história está fascinante, gostei do conceito da Fome, a torna mais ampla!
ResponderExcluirAgora eu tenho de sair do pc, mas vou tecer um comentário completo depois!
abraço!