Retorno às Planícies do Sofrimento
As Planíces do Sofrimento seriam lindos campos verdes em dias do mais puro sol, se não fosse pelos habitantes, os Cyclopes. Se fossem inteligentes como são grandes, seriam os dominadores do continente. Mas Cyclopes são estúpidos, sua língua é muito primitiva e só resolvem os problemas que não compreendem com socos ou chutes. Queríamos algum ouro, sem o custo das cabeças dos Cyclopes, mas era praticamente impossível alcançar suas fortunas sem uso da violência.
"Caçadores de Cyclopes" seria uma definição. Mas queríamos um desafio ainda maior que aquele bando de trogloditas gigantescos. Não os odiávamos. Convém, no entanto, lembrar que essa raça não recusa uma boa luta. Seu vale nos esperava em um dia praticamente comum.
Andrezinho ia na frente, Malu e eu atrás dele. Grazi e Biertrus vinham atrás de nós. Dois Cyclops vieram até nós assim que nos viram. Preparamos nossos escudos para o impacto inicial contra os punhos dos guardiões. Andrezinho cortou um deles na altura do joelho. Quando esse se abaixou, Grazi fez justiça ao clã dos magos.
O segundo deles estava sob os cuidados de Malu e eu. Ele empurrou facilmente Malu para o lado e desceu o punho ferozmente contra meu corpo. Segurei com as duas mãos o escudo, temendo o pior, esperando muita força contra mim, mas apenas ouvi um arranhão no escudo. O impacto fora reduzido. Abaixei o escudo para compreender a situação: o Cyclope estava com três dardos encravados em seus dedos. Certamente alguém disparou esses dardos na esperança de me salvar. Felizmente fez jus. Era Biertrus, com uma besta.
- Não se preocupe, irmão! Eu não deixarei ele te tocar.
Quando virei de volta ao inimigo, Malu dava golpes impiedosos no Cyclope e acabou cuidando dele, como nos era imposta a responsabilidade. Biertrus ainda atirou no agonizante, finalizando o serviço.
Grupo reunido, voltamos à marcha. De suas cavernas rochosas, mais Cyclopes. Eu estava disposto a fazer algo de útil pelo grupo, preparei uma onda de fogo que atingiu três de quatro adversários. Furiosos, queriam a minha cabeça, mas Andrezinho e Malu não os permitiram passar. Essa estratégia de troca de oponentes funcionava muito bem: Grazi e eu provocávamos os Cyclopes, Andrezinho e Malu defendiam o grupo, e Biertrus os enfraquecia de longe, atirando dardos de pontos estratégicos.
O sangue derramado nos campos fez a tarde chegar depressa. Nos escondemos em uma das cavernas para comer, para nos preparar para o resto da tarde. Malu lembrou-nos sobre o monge que vivia na capela, ao Sul da Planície. Decidimos ir vê-lo e, quem sabe, resgatá-lo.
No caminho, alguns Cyclopes pareciam se divertir dentro de uma daquelas cavernas-moradas. Biertrus não pensou duas vezes e atingiu um deles na nuca. Enfurecido, começou a berrar. E, logo, seis Cyclopes marchavam em direção a ele. Tentei impedi-los, mas com um único golpe, o primeiro da fila me arremessou em uma fogueira que estava no chão.
Grazi, Malu, Andrezinho, Biertrus preparavam-se para engajar o combate, enquanto eu sapateava sobre o fogo que subia por minha túnica de mago. Consegui voltar ao combate. Biertrus corria. Os Cyclopes pareciam ignorar os outros, vizando apenas o pescoço do paladino. Conseguiram deter quatro daqueles, dois voltaram até mim e prepararam-se para me espremer. O céu escureceu sobre mim. "Seria a sombra da morte?" - eu pensava.
Mas antes que seu gigantesco peso me trucidasse, um chicote de raio e uma onda de fogo foram desferidos por dois magos (provavelmente) que estavam dentro da caverna-morada. Os Cyclopes, agora vulneráveis, sentiram o poder de meu Cajado de Energia Cósmica e pereceram.
Eu estava exausto. Ajoelhei-me, após tão grande susto. Eu ainda estava diante da fogueira que antes poderia ter me servido como leito de morte. Respirando fundo, ouvi:
- Obrigado pela ajuda, senhor Bierum!
A voz me parecia familiar. Dois vultos com capas azuis se aproximavam.
Assim como eu estou cansado, acredito que você também deve estar. Há uma noite muito bonita para ficarmos apenas nesta conversa. Descansemos, meu amigo. Em breve você saberá se salvamos o velho monge. Algo ainda maior está por acontecer.
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