O Desafio de Adrenius
Ali estávamos, os quatro. Se não tivéssemos acampado na biblioteca (e lá, perdido a noção do dia e da noite), provavelmente a exaustão teria vencido a batalha. E aí teríamos terminado nossa jornada. Mas ali se encontrava Adrenius. O monge devoto nos olhava:
Ali estávamos, os quatro. Se não tivéssemos acampado na biblioteca (e lá, perdido a noção do dia e da noite), provavelmente a exaustão teria vencido a batalha. E aí teríamos terminado nossa jornada. Mas ali se encontrava Adrenius. O monge devoto nos olhava:
- E então? De quem Netlios falava em sua obra?
Ele citou o nome de uma pessoa. Quero saber a idade dele, o destino e em quanto
tempo sua jornada foi concluída.
Coloquei a mão na testa. Eu havia lido a obra de
Netlios com meus irmãos. Não com a paixão que os livros normalmente trazem, mas
com a paixão pela utilidade, por meus irmãos... Eu não poderia decepcioná-los:
- O
primeiro aventureiro se chamava Anaso. Ele tinha quarenta e um anos. Ele não
concluiu a jornada, ele foi morto por uma ursa. Ao todo, foram cento e dezessete
dias até seu fim.
Adrenius não se permitiu perder o ar cético:
- Hmmm, talvez você esteja certo, mago. O que você pode me contar sobre o
segundo aventureiro?
- Elaeus, Bierum! – Disse Bierdus.
- Acalme-se, eu saberei responder. – Respondi a Bierdus com tom calmo. –
Adrenius, a segunda pessoa se chamava Elaeus. Tinha trinta e nove anos. Morto
por um dragão. Sua jornada durou exatos cem dias.
Agora Adrenius abriu um semi-sorriso. Não conseguiu conter sua natural
frieza:
- Sim, isso pode ser verdade. O que você descobriu sobre o terceiro homem?
Minha cabeça já doía. Mas Bierfur mandou-me um sinal telepático. “Bierum,
lembre-se de Gadinius? Era o aventureiro que morrera queimado. Lembra?
Foi então que tomei a voz:
- Gadinius é o terceiro homem, tinha quarenta e dois anos. Acabou a sua
jornada queimado, pois ele pisou no fogo. Sua jornada terminou aos oitenta e
três dias.
Adrenius deixou-se levar pelo entusiasmo. Creio que ninguém falava com ele
sobre esses assuntos. Muitos tentaram. Mas apenas divago. O que importava era
que sua voz mudou, espelhando um entusiasmo inesperado por nossa parte:
- Correto de novo! Hmmmm... Eu duvido que você saiba algo sobre a quarta
pessoa!
Agora o desafio estava praticamente vencido. Embora minha cabeça doesse, eu
só precisava lembrar-me da noite anterior e dos irmãos, pois trocamos muitas informações
sobre aqueles livros. E foi então que respondi:
- Heso era a quarta pessoa. Ele tinha quarenta anos, terminou sua jornada
porque foi morto por uma horda de Trolls. A jornada de Heso foi a menor, durou
sessenta e seis dias.
Adrenius não se conteve:
- Sim! Realmente. Como você descobriu tudo isso? Eu aposto que você não sabe
nada sobre o último aventureiro! – Agora empolgado, não conseguia mais lutar
contra a empolgação.
- Esse era Hestus, que tinha trinta e oito anos. Esse teve de terminar a sua
jornada porque bebeu veneno. Sua jornada durou cento e trinta e quatro dias.
- Isso está certo! – Exclamou Adrenius - Por que eu não vi isso? É óbvio,
Netlios estava certo, e as histórias dele são ótimas. – continuou ele, com um
sorriso indisfarçável. - Esperem! Eu vou
dar a vocês uma coisa!
Adrenius pegou, então, uma chave e entregou-me.
- O.K., mais uma chave... - disse com certa perturbação Biertrus.
- Esperem... lembram que na biblioteca, Bierdus não conseguiu abrir uma porta, por mais que a forçasse? Não consigo pensar em outra porta que não seja aquela. - Divaguei.
- É, tens razão. - Ponderou Bierdus - Lembro-me de ter um pressentimento a respeito daquela porta...
- Não percamos mais tempo. Não aguento mais viagens tão longas e distantes da floresta. - Reclamou Bierfur.
Já era hora mesmo. Havíamos descansado bastante, tivemos uma boa refeição, apenas uma luta contra aqueles demônios do fogo, que já deveriam estar se preparando novamente.
Nossa caminhada pelo deserto foi rápida. Logo já estávamos abrindo a entrada para a caverna novamente. Empunhando escudos e nossos livros mágicos, Biertrus envergava e disparava com seu arco, mas aqueles demônios do fogo já não pensavam mais em nos atacar.
Ao final da plataforma, finalmente a porta se abre. A fechamos, desta vez pela última. A porta ainda vibrava com os ataques dos nosso pequenos inimigos de pele vermelha.
- Minha última tocha... - contou-nos Bierdus, acendendo-a.
Acendi a palma de minha mão e, ao fim dos corredores, estava lá a porta.
- Bierum, por favor dê-me a chave. - Pediu Bierdus. No que a alcancei, ouvimos então o ruído do metal... uma batida seca nutriu nossos corações com esperança.
- Está abrindo, irmãos... - disse Biertrus.
O que havia atrás daquela porta, meu amigo, eu prometo contar-lhe assim que descansarmos.
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Eu sabia que tinha esquecido alguma coisa neste blog! É que eu mal comecei as crônicas... assim que eu tiver um tempinho, vou ler!
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