segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

As Crônicas Tibianas - Cap. 63

No local errado


Decidi deixar Carlin e Grazi para trás, sem saber quem estava certo, no fim daquela discussão. Andrezinho, Sam, Bryan e Mila também ficaram para trás. A noite ainda era muito escura e o caminho até Venore era longo.

Ouvi alguns passos logo no início da viagem de retorno, mas eu não estava concentrado em nada: meu único foco era alcançar Venore e deitar-me em minha cama no alojamento. 

Para se chegar a Venore é recomendável seguir pela Estrada Principal, que faz ligação entre as principais cidades do continente. No entanto, mesmo tarde da noite, vi uma movimentação estranha na Ponte de Venore. Havia alguns homens lá, seis, talvez oito, subiam e desciam da ponte trocando golpes de espada, ataques mágicos e tiros de lança. O brilho de seus ataques chegava a iluminar o céu noturno.

Assustado, parei de andar pela estrada e tomei o ponto sul como orientação. Minha caminhada pelos gramados dos campos já de Venore me levaram a uma misteriosa casa de dois andares à beira do rio. Pensei em abrir a porta, mas antes que eu me aproximasse, ouvi passos e pequenas explosões, e quando virei meus olhos para o norte, vi aqueles mesmos homens correndo em minha direção.

Se antes eu estava assustado, agora o pânico tomava conta de mim! Eu não estava em condições de lutar com um único homem, sequer pudesse imaginar em luta contra um grupo. Contornei a casa e comecei a correr, mesmo cansado. Do outro lado da casa avistei algumas árvores, o lugar era incrivelmente familiar, mas eu estava tomado pelo pânico. Adentrei a pequena floresta e ouvi risos, som de pés batendo em madeira, e então concluí que estava a salvo daquele estranho grupo que deveria ter adentrado a casa.

Sozinho na floresta, senti algo preso à minha mochila, que me impedia de andar. Usei uma das mãos, esperando sentir algum galho ou arbusto que pudesse ter se enganchado, mas, diferente disso, senti uma placa de metal afiada, prendendo a lateral da mochila. Naquela situação, meus pensamentos já estavam mais organizados, e acendi à meia-luz a palma da minha mão. E virei meu corpo como pude.

Talvez minha surpresa pudesse ser mais desagradável, mas minha mochila estava presa ao machado de um Cavaleiro-Minotauro. E, ao alastrar da luz, entendi que eu estava cercado deles, minotauros de várias classes, que pareciam ter seu acampamento acidentalmente invadido.

Na esperança que os homens na casa próxima não me percebessem, transformei o minotauro mais próximo em cinzas com uma onda de fogo que queimou outros dois. Mas minotauros-arqueiros e minotauros-magos começaram a se revelar nos arbustos, e flechas e magias passaram a ser o principal problema.

Eu consegui vencer a todos eles. O acampamento ficou vazio e encontrei algumas cenouras. Minotauros são vegetarianos. Porém, sua carne não é nada apetitosa, tive de me contentar com o pouco alimento que encontrei. As luzes da casa, por outo lado, estavam acesas. Talvez fosse minha imaginação, mas aqueles que talvez fossem desordeiros pudessem estar chegando até mim, dado o brilho de minhas magias. Rumei ao Sul, mais uma vez.

Deixei aquela floresta, e encontrei campos vastos com cavernas enormes. Sim, eram as Planícies do Sofrimento. Mas os Ciclopes não têm hábitos noturnos como têm diurnos. Comecei a andar silenciosamente. Talvez o monge do Templo pudesse me ajudar. Ou, pelo menos, eu encontraria uma montanha apara acampar.

Ao longe, ouvi ruídos que pareciam ser Ciclopes tombando. Adentrei uma das cavernas e matei um Ciclope adormecido. A palma de minha mão já não emitia brilho. E me escondi nos montes de palha que o Ciclope que matei usava para dormir. Seu corpo tombou diante da cama, felizmente. Eu apenas precisei fazer o corpo rolar até a palha, incrementando meu esconderijo.

Dali, eu conseguia observar a entrada da caverna. E, do lado de fora, realmente havia três figuras na forma humana. Olharam para o Ciclope morto, que aparentava estar dormindo. E adentraram. Minha respiração ofegava.

O que aconteceu depois disso, meu amigo, eu contarei no cair da próxima noite. Por ora, descansemos.

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