Um seleto grupo de guerreiros
Eu sentia o suor à volta de meu rosto. O primeiro dos três guerreiros vestindo negro se aproximou de meu esconderijo. Eles não diziam uma única palavra. Apenas se aproximaram do Ciclope morto. Finalmente os outros dois se aproximaram do primeiro. Esse primeiro e outro sacaram suas espadas. Já o terceiro acendeu a palma da mão.
No momento em que percebi a Magia de Luz, tentei me posicionar à sombra do Ciclope morto. Um deles se aproximou e abriu o olho do Ciclope com um cajado. Outro foi mais audacioso: abriu a boca do Ciclope. O terceiro, que usava Magia da Luz começou a moldar o rosto.
"Está morto mesmo. Mas parecia estar dormindo, não é estranho?" - soou feminina a voz. "Parece." - respondeu outra voz feminina. "Você montou um rosto engraçado." - comentou ali a voz masculina do grupo, muito jovial.
- Vamos nos esconder aqui até amanhã. - Disse mais firme a voz masculina. - Aqueles guerreiros não nos verão atrás desse Ciclope.
Preparei as forças que já não sabia mais se estavam em mim. Os três, em seus mantos negros, contornaram o Ciclope e me encontraram. Acendi a palma de minha mão, apontei-lhes o Cajado e gritei:
- O que querem aqui?
- Olhem! Um velho mago! - Disse uma das vozes femininas.
- Não se aproxime dele, ele parece... - continuou outra, mas desmaiei antes de ouvir o restante.
O Sol Tibiano tocou as Planícies do Sofrimento. Eu havia acordado, sem saber o que havia acontecido. Minha cabeça estava escorada em algo macio. Eu havia adormecido na caverna, isso era certo. Mas nenhum sinal do Ciclope morto. Isso eu ainda havia observado deitado. Lembrei-me em seguida dos três que me encontraram. E num susto, levantei-me olhando para os lados. Meu susto foi ainda maior quando percebi que eu havia dormido sobre as pernas de uma das integrantes do grupo.
- Quem é você? - questionei assustado.
- Ah, finalmente acordou. Que mago dorminhoco...
- Onde estão minhas armas?
- Calma, calminha aí. Como você se chama, velho mago?
- Não sou velho! O que acontece é que estou numa jornada de dias longe de casa.
- Muito bem, muito bem... eu me chamo Raphaela. Sou uma maga, assim como você é um mago. Agora você me dirá o seu nome?
- Eu sou o mago Bierum Wizzard. Estou tentando voltar a Venore. Encontrei na Ponte um grupo de guerreiros fazendo barulho e lutando entre eles mesmos...
- Somos sobreviventes daquilo... aquele grupo nos atacou também.
- A mim não atacaram... mas...
- Você fugiu?
- Achei prudente ficar longe.
- Acho que você tinha razão.
- Então, senhorita Raphaela, quanto aos outros?
- Bem, somos todos irmãos. Estávamos indo caçar um Dragão que existe a Sul das Planícies do Sofrimento. Não contávamos com aquele grupo de vândalos. Nos escondemos aqui e o encontramos já doente. Ia mesmo lutar, se não desmaiasse?
- Preocupa-me não saber bem o que estava fazendo ontem, mas eu estava acuado. Onde estão os outros?
- Foram roubar comida dos Ciclopes. Meus irmãos querem treinar suas habilidades. Achamos que aqui seria...
- Ciclopes!!! - um grito interrompeu Raphaela.
Alguns com mãos nuas, outros com espadas curtas, vinham em um grupo de oito membros, causando um pequeno terremoto na direção de onde iam.
- Onde está o Ciclope morto? Podemos nos esconder! - Sugeri.
- Não dá! Nós o queimamos! O jeito é lutar!
- Certo.
Os dois guerreiros entraram na caverna correndo, e os oito Ciclopes estavam um pouco atrás. Saí da caverna, mas eles estavam focados nos dois alvos que corriam. Tentavam adentrar a caverna. Mas como se sabe, Ciclopes não têm inteligência em suas virtudes, tentavam entrar ao mesmo tempo e nada conseguiam. Na esperança de chamar-lhes a atenção, posicionei-me e desferi a Onda de Fogo.
Surgiu o efeito esperado! Os Ciclopes deram meia-volta e partiram em minha direção. Meus pés mal paravam no solo, já que eram oito gigantes em minha direção. Comecei a me afastar ainda de costas. Eu não poderia fazer outra Onda de Fogo, não em tão pouco espaço de tempo. Olhei novamente, eram apenas sete. Comecei a concentrar outra magia. Eram apenas seis. Joguei a magia, mais uma vez. Eram apenas quatro.
- Ajudem o velho mago! - gritou a voz masculina do grupo.
E deixaram os os mantos negros caírem ao chão. Numa capa azul celestial, o rapaz levantou seu Cajado Draconia e incinerou a mão de um Ciclope em um salto. A garota com uma espada corria em volta de outro Ciclope e dava-lhe golpes nas mãos que não a alcançavam. Os Ciclopes foram tombando um a um. A maga Rafaela me ajudou com outra Onda de Fogo.
Por fim, os três se aproximaram novamente de mim.
- Meu nome é Leo, sou um mago! - disse o rapaz.
- E eu me chamo Isaah. Sou a amazona do grupo.
- E eu sou a maga do grupo, você já sabe! A quem chamam de Raphaela!
- Obrigado por terem me ajudado. - Respondi.
O dia ainda tinha algumas surpresas, meu amigo. Agora façamos uma pausa. Há muito a ser contado.