quinta-feira, 28 de outubro de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 46

Alcance-me a espada

Ao fundo do corredor, as chamas de uma fogueira iluminavam mais paredes escuras da Catedral Negra. Senti umidade em minha capa. Suor escorrida de todo o meu corpo. "Estaríamos tão abaixo do solo quanto como se fosse o inferno?" Quiser eu que fosse, assim que avistei o centro do altar de fogo!


A grande fogueira que eu vi era, na verdade, um círculo de fogo, composto de uma linha circular muito grossa. No centro da fogueira, o objetivo de minha busca: Andrezinho. Inconsciente. Assombrava-me a ideia de que ele poderia estar morto.

Sam Scott entrou logo após. Preparou, antes que eu dissesse qualquer coisa, uma Onda de Gelo. Meus olhos se encheram de esperança quando meu fiel aprendiz - e amigo - desferia tal golpe. Mas, os mesmos olhos que brilhavam como o gelo azulado da magia de Scott, escureceram-se diante de seis figuras macabras.

Elas empunhavam cajados vermelhos e vestiam roupas negras. Em suas cabeças, longos, negros e pontiagudos chapéus. Os olhos das moças - essas que chamamos de Bruxas - fecharam-se em expressão de reprovação a nossas presenças.  E iniciaram um círculo a longa distância em volta de meu companheiro.

Pareciam temer o gelo que antes fora inútil na tentativa de salvar Andrezinho. Apontaram seus cajados para Scott e dispararam, quase que ao mesmo tempo... Saltei com meu escudo em sua defesa. As costas de Sam escoraram-se às minhas.

Frente a frente com as Bruxas - três para cada um - preparei um ataque com uma Onda de Fogo. Sam aparou alguns ataques delas com seu escudo e revidou os ataques com uma Onda de Gelo. Afastaram-se de nós, covardemente. Muito calor subia por meu corpo nessas horas. Foi então que percebi que estávamos pisando em poças encandecentes.

O fogo começou a subir em meu manto. As Bruxas não pareciam mais ser problemas, pois recuaram covardemente. Sam me ajudou com o fogo e me recompus após uma garrafa de poção mágica. Estranhamente , as chamas ficaram mais fracas e já não iluminavam tanto a sala onde estávamos. Achei uma brecha no círculo de fogo e me aproximei do inerte corpo de Andrezinho.

- Andrezinho... levante-se! - Eu não tocava em seu corpo, pois não queria ferir seu orgulho.
- Elas não gostam de argumentação... - disse Andrezinho, ainda de olhos fechados. Estendi minha mão para que ele a encontrasse e levantasse. As chamas continuavam calmas.
- Que tal se formos embora?
- Você não pode abrir caminho pelo fogo?
- Só posso aumentá-lo. Mas venha comigo!

Assim que Andrezinho saiu comigo das chamas que nos cercavam, o apresentei rapidamente a Scott e pedi a ele que se preparasse para o pior.
- Ah, Bierum... estou com um pequeno problema... minha armadura e armas foram confiscadas.
- Então nós...
Passos rápidos estalavam sobre o piso de pedra da sala. As Bruxas voltaram. Nessa vez, além dos cajados, carregavam Pedras Drúidicas vermelhas. Andrezinho gritou:
- Cuidado! Foi com isso que elas fizeram aquela fogueira!

Sam e eu nos posicionamos em linha, afrente de Andrezinho. E dalí, desferimos nossos golpes em forma de onda. As Bruxas, em ataque, leram os textos das pedras vermelhas e bolas de fogo voaram em nossa direção. Uma delas acertou meu escudo e quando tocou o chão tranformou-se em uma fogueira. Quando olhei para trás, já havia uma fogueira nos separando de Andrezinho, que sumiu atrás dela.

As seis estavam de volta, tornaram a ler as pedras. Sam Scott e eu temíamos que nossas magias não fossem suficientes para vencê-las. Era um duelo de magia. Até a morte.

Em meio aos brilhos de nossas magias de fogo e gelo, finalmente uma delas começou a gritar desesperadamente e começou a correr, para minha surpresa, em minha direção. Ela passou por mim e pisou na fogueira que estava às minhas costas. Morreu queimada. Vi que em suas costas havia uma marca: um corte fino, muito profundo.

Logo, as outras começaram a correr. E, cegamente, mergulharam nas fogueiras que as próprias haviam preparado para nós. Atrás delas, o triunfante Andrezinho, com uma Katana em sua mão e um livro de magia na outra.
- O que isso significa? - Perguntou Scott.

Andrezinho respirou fundo e começou a explicar:
- Você sabia que as Bruxas temem força física? Sabendo disso, esses Monges de araque me deixaram desarmado para que eu fosse sacrificado. Quando vocês dois me deixaram na última linha de defesa, fui procurar uma arma. encontrei, no fim de um corredor, o corpo de um Assassino...
- Que nós vencemos... - completei surpreso.
- ...como ele não precisava mais dessa espada... eu a usei, apesar de não ser muito útil contra outros adversários...
- E o livro? - quis saber Scott.
- O livro eu empunhei, pois poderia precisar de um escudo.
- Depois que sairmos, quero que me conte como você veio parar aqui.
- Certo, Bierum. Quero apenas, antes de sairmos, recuperar minha armadura e minhas armas. Vocês viram que as Bruxas trouxeram as pedras de fogo daquele corredor? Certamente por ali guardam as armas. As minhas podem estar lá.

Concordamos com Andrezinho. E nos preparamos para mais um mergulho nas profundesas escuras da Catedral Negra. Havia algo a mais para ser descoberto? Deixe que seus olhos repousem, meu amigo. Você precisará deles para ver o que encontramos.

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