segunda-feira, 17 de maio de 2010

As Crônicas Tibianas - Cap. 26

O encontro com o Mestre de Venore


Malu e Andrezinho estavam curiosos a saber do que contava a carta.
- As notícias não poderiam ser melhores! - Exclamei - Meus irmãos, herdeiros do meu clã estão vindo ao continente tibiano.
- Que grande notícia! - Disse Malu.
- Por outro lado, é mais gente para cuidarmos, não? - Comentou Andrezinho.
- Ah, não se preocupe. Eles não ficarão conosco. Estão na Ilha do Destino. De lá, escolherão as cidades por onde viverão.


[And.] - A sua família não era só de magos?
[M] - E quantos irmãos você tem?
[B.W.] - Alys é minha irmã mais velha. É professora em Rookgard.
[And.] - E foi ela quem treinou Grazi e Malu, eu recordo.
[B.W] - Isso... Bom, eu tenho também mais três irmãos mais novos. Biertrus Plate, que é corajoso, Bierdus, que é perseverante, e Bierfur, que é pacifista...
[M] - Eu vejo um pouco de você em cada um deles...
[B.W.] - Obrigado, minha doce amada.

[And.] - Então vocês dois querem que eu saia?
[M] - Não. Eu estou de saída. Vou fazer o controle dos trolls.
[And.] - Vou até o forte dos Elfos, o qual li sobre em um livro.
[B.W.] - E eu vou ler mais sobre a magia.


Algumas horas depois de separados, alguém batia à porta do meu quarto. Fechei o livro e abri a porta. Tentei não mostrar mau humor... mas meus olhos me apresentaram um outro tipo de humor: à minha frente estava Grazi, vestindo um manto de maga e empunhando o cajado que lhe dei de presente.


- Vamos até o famoso Vale dos Cyclopes de Venore?
- É claro, Grazi...
- Sabe do que eu soube? Há alguns Dragões no subsolo do vale. E pagam muito bem pela couraça de Dragão... Além do mais, este cajado que você me deu é bom contra eles.
- Eu concordo, mas não sei se devemos atravessar aqueles Cyclopes para achar um perigo ainda maior. Na última vez que fui, Zago estava conosco e ele alegou que seríamos poucos...
- Ora, Bierum... e quanto à invocação? Criaremos uma vida para que nos auxilie na luta contra os Cyclopes.
- Está bem. Mas antes de irmos, gostaria de ir à Loja de Poções. Sabe que algumas delas tem propriedades mágicas?
- Sim... aprendi isso há tempos.


Fomos então ao mercado de Venore. Poções que aumentavam a fora física. Poções que aumentavam a estabilidade da magia. Pedras que manifestavam elementos. No meio de tantos artefatos e itens mágicos, decidimos comprar uma mochila com muitas poções. A invocação que Grazi pretendia fazer poderia nos exigir muito poder mágico.

Na saída do mercado, Grazi e eu, sem querer, esbarramos numa maga loira que vestia uma capa cor-de-rosa. Pedimos desculpas e ela nada disse. Quando viramos uma esquina em direção ao correio de Venore, pensei ter ouvido um resmungo do tipo "Esperem meu amado saber disso."

No correio de Venore, peparamos as mochilas para o combate pesado que seria a luta contra os Cyclopes. Porém, ao chegarmos à saída, a Maga vestindo rosa mais uma vez apareceu. Tentando não conseguir uma luta contra uma humana, ao invés de um Cyclope, eu tentei contornar aborrecimentos:

- Minha jovem, preste atenção, nós não queríamos...
- Quieto! Meu amado veio até aqui pra conversar com vocês dois. - Gritou ela, me interrompendo.

Descia, então, as escadas, rápido como um trovão negro, o homem que ela invocara. Meus olhos pareciam enganar-me: era o mestre mago que conheci no Templo das Planícies do Sofrimento.
[?] - Me diga, meu amor... esses dois tentaram algo contra você?
[B.W.] - Acalme-se, por favor...
[?] - Quieto! Com você, eu favo depois!

A maga, então, apontou seu indicador para mim e para Grazi.
- Esses dois não queriam me deixar entrar na Loja de Poções!
O mestre nos observava com uma feição um tanto zangada.
- Hum...

Ficamos em silêncio e aguardamos o que seria o fim certo. O cajado do mestre mago nos daria luz final. Não sobraria nem mesmo cinzas de nossos corpos, dependendo da aplicação de poder dele.
[?] - Escute aqui, mago: se eu o atacasse neste instante, você fugiria?
[B.W.] - Não. Eu aceitaria o meu destino. Se você acredita que seja justo que eu morra por esse mal-entendido, eu aceitarei.
[?] - E sua amiga?
[B.W.] - Eu prefiria estar morto do que vê-la sendo morta. Nesse caso, eu tentaria manter você numa luta comigo enquanto ela fugiria.

Grazi ouviu perfeitamente, e decidiu se pronunciar:
[Gra] - Só que eu não deixaria você matar o meu amigo sem antes uma luta!

Tanto eu quanto o mago voltamos os olhos a ela. Ele, retomando o tom de autoridade, voltou-se para nós:
[?] - Bierum Wizzard, não é? Pois bem, Bierum. Hoje, você vai morrer!
[B.W.] - Eu não aceito o seu julgamento. Mas peço que poupe minha amiga do mesmo destino.

A maga de rosa riu:
- Hahaha... vocês dois estão mortos e ainda têm um pedido?
[B.W.] - Insisto! Ela não vai fugir, mas poupem-na!
[?] - Você não dá importância para o fato de eu matá-lo?
[B.W.] - É claro? Mas valeria a pena eu estar vivo e sem amigos?
[Gra] - O mesmo digo eu!

O mestre olhou para a maga rosa e sorriu:
[?] - Hahaha... Olha, Nana! É esse o tipo de amizade que vale a pena!
[Nana] - É verdade! Admirável!

Grazi e eu estávamos sem entender.
[B.W.] - E o que isso significa?
[Nana] - Que estávamos somente brincando! Eu sou Nana, a maga. E esse é meu amado Trin Galord. Pode chamá-lo de Lorde Trin!
[T.G] - Não se preocupe, jovem mago. Não tenho a intenção de matar ninguém. A não ser que isso seja de seu interesse.
[Nana] - É um dos magos mais fortes da região. Trin treinou com os melhores magos dos continentes. E reconhecido em Venore como mestre...

[T.G.] - É uma satisfação conhecê-lo, valente mago.
[B.W.] - Obrigado. Acredite, a satisfação é toda minha.
[Gra] - Mas quem planejou tudo isso?
[Nana] - Fui eu mesma, após nosso encontro. Trin me falou que conheceu Bierum no templo dos mortos, nas Planícies do Sofrimento. Porém, Bierum não o conheceu. Aproveitei o esbarrão, o reconheci pela descrição que Trin me deu, e aqui estamos.
[T.G.] - Mas agora vamos embora. Tenho afazeres pendentes.
[Nana] - Também irei. Trin me levará para conhecer a Cathedral Negra...
[Gra] - Boa sorte a vocês!
[Nana] - Obrigada!

E juntos subiram as escadarias para o centro de Venore. Grazi e eu retornamos ao correio. Parecia mentira: o grande mestre mago de Venore era nosso amigo, e não nosso caçador. Não podemos deixar de escapar um grande suspiro:
- Ufa...

O Sol da tarde estava ficando forte. Mas é tarde para que eu conte a segunda parte do dia. Deixaremos isso para nosso próximo encontro.

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